12/10/10

Negócios da China

De Bruno Simão no Essência da Pólvora - via Tiago Mota Saraiva -, este excerto de um post a ler na íntegra:

A China é um Regime Político Totalitário que nega aos seus cidadãos direitos, liberdades e garantias que no nosso património cultural e civilizacional foram ganhos e instituídos mediante o auto-sacrifício de muitos Liu Xiaobo. Na sua inserção internacional o Estado Chinês tem uma postura pouco diferente de qualquer outro imperialismo histórico, determinando as suas acções politicas e económicas pelos objectivos da influência e do controlo.
Para quem, como eu, procura fazer uma crítica de superação da globalização capitalista, encaro ainda o actual papel da china nesse campo como profundamente negativo. A integração da China no sistema de comércio mundial, a partir da década de 70 do século passado, constituiu um novo fôlego para o sistema capitalista mundial. Nunca a expressão “negócio da China” teve tanto conteúdo como hoje. A disponibilização no mercado internaciacional de uma reserva de mão-de-obra vastíssima, enquadrada por padrões sociais e económicos próprios da velha revolução industrial, a falta de observância de exigências ambientais e o espartilho de um sistema político centralizado e opressor, resultaram numa pressão sem precedentes sobre os níveis de desenvolvimento integral já alcançados por muitas sociedades durante mais de 150 anos.

O capitalismo encontrou na China e no argumento chinês um terreno fértil ao seu desenvolvimento, por um lado aproveitando as condições únicas de exploração que um regime capitalista totalitário pode oferecer, e historicamente sabemos bem como o capitalismo se dá bem com o totalitarismo, por outro utilizando argumentos objectivos para a redução dos padrões económicos e sociais nas sociedades mais desenvolvidas.

Liu Xiaobo talvez esteja preso um pouco por todos nós.

1 comentários:

Niet disse...

Aí está como se " descobre " um bom Blogue. Feito com trabalho, modéstia, criteriosa independência ideológica(!) e muita Informação, caro MS.Pereira. A China aderiu à OMC em 1 de Janeiro de 1995. Claro, como sublinha Bruno Simão, já tinha posição no Mercado Mundial desde os anos 70. Aliàs,a R.Popular da China " trava " hoje em diversos Continentes, um combate "político"-diplomático e económico para " adaptar " as claúsulas da Organização Mundial do Comércio(OMC), aos seus interesses comerciais...de grande potência. Salut! Niet