24/05/15

Barcelona - Uma vitória da cidadania

Ada Colau, candidata da Plataforma Cidadã "Barcelona en Cómu", foi eleita "alcaldesa" de Barcelona. Em Madrid a Plataforma Ahora Madrid , igualmente apoiada pelo Podemos, fica em segundo lugar. Consegue 20 eleitos para a Câmara enquanto o PP obtem 21 lugares.
Os tempos estão a mudar em Espanha. O processo de ajustamento e de destruição do estado social não deixou os cidadãos indiferentes. Apesar das dificuldades, os cidadãos organizaram-se e lutaram. Querem ter um papel decisivo nas decisões que lhes dizem respeito. Querem participar na construção das soluções que dizem respeito à cidade e ao país. Querem ser aquilo que são enquanto cidadãos: actores políticos.
Por cá não parece que corramos o risco de sermos contagiados por estes ventos de mudança espanhóis.

ADENDA: Os resultados das eleições autonómicas e municipais parecem permitir análises do agrado de todos os participantes. O PP foi o partido mais votado. O PSOE evitou uma réplica do efeito PASOK. Por cá há quem se tenha apressado a proclamar que o bipartidarismo afinal sobreviveu, porque os dois partidos somados ultrapassam os 50%. Os resultados dizem-nos que os dois partidos perderam mais de 3 milhões de votos, quando comparados com as últimas eleições autonómicas. Mostram que o Podemos nas duas principais cidades espanholas ganha uma - Barcelona - e fica a um vereador de conquistar a segunda, Madrid. Madrid que nos últimos quarenta anos, depois de Tierno Galván, foi sempre governada por maiorias absolutas do PP.
Mas há uma conclusão que parece óbvia. A chantagem brutal das instituições europeias sobre o Syriza e sobre os Gregos, não demoveu os espanhóis. Os povos da Europa estão a mobilizar-se contra a austeridade e contra a degradação/destruição da democracia. Os nacionalismos não acrescentam nada para esta luta.

4 comentários:

Libertário disse...

Muita análise, mas falta referir, como sempre, a abstenção...

Anónimo disse...

Bons ventos de Espanha, olè ! Ao mesmo tempo, há sondagens muito favoráveis ao Syriza, no que se refere ao apoio popular contra mais cortes e alcavalas nos salários, impostos e itens de economia de sobrevivência. Niet

Anónimo disse...

Adenda: Dada a importância do sentimento popular grego na actualidade, convém referir, detalhadamente, os valores da mais recente sondagem pública publicada pela Imprensa de Atenas: 54% aprovam a condução das negociações do Governo com o FMI, o BCE e o Eurogrupo; 89 % opõem-se a novos cortes nos salários e pensões; e 81 % declaram-se contra os despedimentos colectivos. Niet

joão viegas disse...

Ola,

Bom, eu acho que o bipartidarismo não existe e que, se existisse, seria uma conquista interessante : de um lado, um partido da plutocracia, do outro, um partido verdadeiramente democratico. Se a realidade fosse esta, julgo que estariamos bem melhor. Mas o que existe não é bipartidarismo, é antes monopartidarismo de duas faces com uns bonecos ao lado... E, infelizmente, é prematuro dizer que esteja mal de saude...

Abraço