11/05/15

Rendimento Básico Incondicional e "dinheiro de helicóptero"

No Esquerda Republicana, João Vasco escreve alguns posts sobre o tema do Rendimento Básico Incondicional.

A respeito de como financiar o RBI, essa questão poderia ser conjugada com outro problema que parece afligir a economia europeia mundial - o que fazer quando as taxas de juro chegam ao zero (ou mesmo abaixo diss), mas mesmo assim a economia não arranca e os preços continuam em modo "deflação"? As receitas monetárias tradicionais (baixar a taxa de juro) não funcionam (já não há mais taxas de juro para baixar), e a receita monetária não-tradicional (o chamado "Quantitative Easing") de o banco central comprar massivamente títulos e outros ativos financeiros aos bancos também não parece resultar (os bancos limitam-se a guardar o dinheiro que recebem do banco central em vez de o porem a circular na economia).

A solução que muitos têm sugerido é o chamado "dinheiro de helicóptero" - o banco central simplesmente distribuir dinheiro pela população; numa economia deprimida, em que muita gente está a limitar o seu consumo por não ter dinheiro, de certeza que grande parte desse dinheiro iria se gasto, aumentando a procura interna (o que alguns chamam de "«Quantitative Easing» para o povo").

Assim, poderia-se ter um "RBI ocasional" - ainda não um sistema em que cada pessoa recebesse uma prestação regular por mês ou por ano, mas um sistema em que de vez em quando, a titulo excecional (quando se achasse que a economia precisava de estímulo), cada pessoa recebesse uma dada quantia de dinheiro do banco central.

Ou seja, fazer com que isto deixasse de ser considerado ignorância:

Já agora, poderia ser interessante a conjugação de uma política de "RBI-helicóptero" com uma reforma bancária de estilo islandês [PDF de 100 páginas], aumentando os rácios de reserva que os bancos têm que ter (embora eu ache excessiva a ideia proposta na Islândia de os bancos praticarem 100% de reservas nos depósitos à ordem); aumentar as reservas bancárias tem o ponto positivo de reduzir o risco de falências (e os custos - direto à BPN ou indireto à BES - que elas representam para os Estados) mas o ponto negativo de reduzir a quantidade de dinheiro em circulação (já que os bancos podem emprestar menos dinheiro); mas se o aumento dos rácios de reserva fosse compensado com uma expansão monetária feita diretamente pelo banco central, eventualmente implementada pelo método de distribuir um RBI ocasional, talvez se conseguisse ter as vantagens sem os desvantagens.

1 comentários:

Anónimo disse...


Uma das alternativas tradicionais (que aqui nem é mencionada) é a que analisa a falta de investimento privado (independentemente da taxa de juro) pela falta de expectativa de venda, isto é, segundo a tese de que não haverá investimento privado enquanto não houver expectativa de receitas a curto prazo, e que via no investimento público um efeito dinamizador da economia através da criação de emprego.