Os eleitores resolveram, ao que parece mesmo em cima do momento decisivo, votar maioritariamente nos conservadores. Todas as sondagens davam estas eleições como as mais renhidas em décadas, disputadas voto a voto. Não foi nada disso que se passou. Uma ou duas explicações: os eleitores penalizaram o Labour pela sua indiferenciação, pela fraqueza da sua alternativa, que verdadeiramente era apenas uma nuance - "the limpness of Labour´s response to the austerity push" como denunciou Krugman - e porque ao longo da campanha foram anulando todas as hipóteses de formarem um governo de coligação. O apelo de Cameron à governabilidade - os analistas apontavam a necessidade de realizar novas eleições a curto prazo - e a arma do right to buy para 1,3 milhões de famílias fizeram estragos que as sondagens não conseguiram prever. Os escoceses do SNP arrasam os resultados do Labour na Escócia. Ignorá-los e repudiá-los como fez Miliband é um passo seguro para o desastre.
Agora os trabalhistas vão fazer aquilo que sabem verdadeiramente fazer quando estão na oposição e perdem: vão mudar de líder. Mudar de política, apresentar uma alternativa credível que rompesse com a austeridade e combatesse a desigualdade, isso nunca farão. Afinal, como dizem por cá, o Labour é um "partido responsável".
08/05/15
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4 comentários:
Só uma coisa - os eleitores não votaram maioritariamente nos conservadores, que tiverem para aí uns 36% dos votos; creio que a diferença entre conservadores e trabalhistas até é menor que nas últimas eleições - a maioria parlamentar absoluta dos conservadores vai ser sobretudo o resultado do colapso dos liberais, que permitiu aos conservadores, sem grandes subidas de votação, ganhar vários círculos adicionais.
Como gostam no Vias de Facto de comentar eleições...
Alguém sabe dizer a percentagem da abstenção e dos votos brancos?
Talvez essas explicações estejam correctas, mas o que eu pretendi salientar foi que, contra todas as expectativas, os conservadores ganharam com uma margem importante.Do mesmo modo a alternativa soft dos Tories revelou-se ineficaz. Estavam ambos os partidos com cerca de 32/33% dos votos e os Tories sobem para os 36/37% enquanto o Labour desce para os 30/31%. O que me parece relevante é a opção do eleitorado pelos conservadores cuja agenda pró-austeritária foi tão radical. Uma parte dos mais desfavorecidos tendem a alhear-se dos actos eleitorais sobretudo no contexto de falta de alternativas mobilizadoras. Não se sentem representados.O Reino Unido é um dos campeões da desigualdade crescente e a agenda conservadora aponta para um aumento brutal dos cortes nos serviços públicos.
Abstenção eleitoral no reino de sua majestade: 33,9%
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