08/05/15

Do empate técnico à maioria absoluta

Os eleitores resolveram,  ao que parece mesmo em cima do momento decisivo, votar maioritariamente nos conservadores. Todas as sondagens davam estas eleições como as mais renhidas em décadas, disputadas voto a voto. Não foi nada disso que se passou. Uma ou duas explicações: os eleitores penalizaram o Labour pela sua indiferenciação, pela fraqueza da sua alternativa, que verdadeiramente era apenas uma nuance  - "the limpness of Labour´s response to the austerity push" como denunciou Krugman - e porque ao longo da campanha foram anulando todas as hipóteses de formarem um governo de coligação. O apelo de Cameron à governabilidade - os analistas apontavam a necessidade de realizar novas eleições a curto prazo  -  e a arma do right to buy para 1,3 milhões de famílias fizeram estragos que as sondagens não conseguiram prever. Os escoceses do SNP arrasam os resultados do Labour na Escócia. Ignorá-los e repudiá-los como fez Miliband é um passo seguro para o desastre.
Agora os trabalhistas vão fazer aquilo que sabem verdadeiramente fazer quando estão na oposição e perdem: vão mudar de líder. Mudar de política, apresentar uma alternativa credível que rompesse com a austeridade e combatesse a desigualdade, isso nunca farão. Afinal, como dizem por cá, o Labour é um "partido responsável".

4 comentários:

Miguel Madeira disse...

Só uma coisa - os eleitores não votaram maioritariamente nos conservadores, que tiverem para aí uns 36% dos votos; creio que a diferença entre conservadores e trabalhistas até é menor que nas últimas eleições - a maioria parlamentar absoluta dos conservadores vai ser sobretudo o resultado do colapso dos liberais, que permitiu aos conservadores, sem grandes subidas de votação, ganhar vários círculos adicionais.

Libertário disse...

Como gostam no Vias de Facto de comentar eleições...

Alguém sabe dizer a percentagem da abstenção e dos votos brancos?

José Guinote disse...

Talvez essas explicações estejam correctas, mas o que eu pretendi salientar foi que, contra todas as expectativas, os conservadores ganharam com uma margem importante.Do mesmo modo a alternativa soft dos Tories revelou-se ineficaz. Estavam ambos os partidos com cerca de 32/33% dos votos e os Tories sobem para os 36/37% enquanto o Labour desce para os 30/31%. O que me parece relevante é a opção do eleitorado pelos conservadores cuja agenda pró-austeritária foi tão radical. Uma parte dos mais desfavorecidos tendem a alhear-se dos actos eleitorais sobretudo no contexto de falta de alternativas mobilizadoras. Não se sentem representados.O Reino Unido é um dos campeões da desigualdade crescente e a agenda conservadora aponta para um aumento brutal dos cortes nos serviços públicos.

Anónimo disse...


Abstenção eleitoral no reino de sua majestade: 33,9%