07/03/17

O caso "conferência da Nova Portugalidade"

A conferência que, pelos vistos, não se vai realizar teve provavelmente mais impacto do que se se tivesse realizado (em que provavelmente quase ninguém teria sabido sequer da existência da "Nova Portugalidade") - ver Streisand effect.

Dito isto, também não me parece que seja rigoroso apresentar isto como um "ataque à liberdade de expressão" - eu acho que a faculdade e a associação de estudantes deveriam ter autorizado a conferência (e, sobretudo, a partir do momento em que autorizaram, não a deveriam ter depois cancelado); mas a verdade é que também não há nenhum direito sagrado, natural e inalienável a que um grupo de estudantes que queira organizar uma conferência tenha uma sala fornecida pela faculdade.

6 comentários:

Anónimo disse...

Miguel Madeira.
A FCSH ceder uma sala para palestras não é qualquer obrigação. Mas o problema em questão não é esse. A sala foi cedida e, por ameaças de boicote, ou coisa parecida, foi depois recusada. O problema, parece-me, é a intolerância manifestada pela Associação de estudantes da FCSH pela realização da palestra, devido à ideologia dos promotores e do orador.
Tantos anos depois do 25 de Abril de 1974, alguma juventude universitária (ou os seus representantes) ainda não se convenceu de que a liberdade de expressão, sendo de todos, é também dos adversários políticos, mesmo a dos que professem ideologias antidemocráticas (o que, parece-me, até nem será o caso do orador em causa, ainda que ele não esconda a sua formação ideológica nacionalista e a sua filiação de juventude na extrema-direita política).
O caso é tanto mais caricato quanto na mesma Faculdade têm tido lugar Congressos Internacionais dedicados ao Karl Marx e ao marxismo (o que julgo irá ocorrer mais uma vez este ano) e mesas-redondas dedicadas ao centenário da Revolução Socialista Proletária de Outubro de 1917.
Se não for grosseira provocação só poderá ser uma desmedida palermice...

joão viegas disse...

Ola Miguel,

Bom, peço desculpa mas julgo que cancelar uma palestra por receio que ela venha a ser perturbada por alunos que discordam com o orador consubstancia uma ameaça muito mais séria à liberdade de expressão do que um comunicado da SOS racismo dirigido contra um fadista que, sem pedir nenhuma acção contra ele, nem tão pouco uma qualquer sanção ou proibição, se limita a protestar dizendo que as suas afirmações "devem ser denunciadas e veementemente repudiadas".

Ou não ?

Abraço

Miguel Madeira disse...

Seria se não fosse a parte do "O SOS Racismo irá apresentar a competente participação à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial" (é verdade que não estão a pedir formalmente qualquer sanção, mas está semi-implicito em fazer quixa a um organismo oficial)

Anónimo disse...

A frase do fadista foi, mais ou menos, assim: basta ser preto ou cigano para se ganhar um óscar. Não vejo aqui racismo nem xenofobia. Vejo é uma crítica ao politicamente correcto. De facto o pessoal do politicamente correcto parece ter uma inclinação para proteger as minorias, se calhar para não lhes chamarem racistas. Deve preferir-se dar um prémio a um preto por ser preto ou pelo mérito?
Discordo do que chamam discriminação positiva e acho inaceitável as quotas para mulheres. As pessoas devem ser escolhidas pelo mérito e pela capacidade. Penso que foi isto que o tal fadista queria dizer. Concordo nisto com ele, embora ideologicamente me coloque no campo oposto do dele.
É como as transfusões de sangue dos homossexuais. Em termos probabilisticos e com o que parece saber-se agora, eu preferiria o sangue de um tipo que não fosse homossexual. Não porque deteste os homossexuais mas porque quero diminuir a probabilidade de morrer prematuramente. Só isso. Pela mesma razão preferiria o sangue de tipo O. Sabem porquê? Não é por detestar as pessoas com sangue de tipo A ou B.

Anónimo disse...

O meu comentário desagradou?

Miguel Madeira disse...

Não, fui mesmo eu que me esqueci de ir ver os comentários por aprovar