30/03/17

Presidencais em França. A esquerda alegremente a caminho da irrelevância politica.

Manuel Valls esse expoente do socialismo democrático, acaba de espetar a faca nas costas do seu camarada de partido e candidato oficial do PSF, Benoît Hamon. Nada de novo na alta politica gaulista: o livro negro das traições à muito que substituiu o livro dos sagrados príncipios. Os fins justificam sempre os meios. Todos os meios. O facto de ter anteriormente jurado apoiar o seu camarada não o atrapalhou. Quem melhor do que ele estará habituado à sua falta de palavra?
Valls opta por engrossar as fileiras do "indefenível" Macron, essa nova esperança dos mais convictos europeístas de todas as praças, incluindo a nossa. O Europeísmo de Macron é manter a mesma Europa, que tem ajudado a criar uma crescente desigualdade entre países - mandando às urtigas os principios da solidariedade e do desenvolvimento integrado do espaço europeu - e dentro de cada pais. A europa na qual florescem os movimentos de tipo Brexit e os partidos como a Frente Nacional.
As possibilidades de existir um candidato de esquerda na segunda volta está reduzida a zero. Os apelos de Hamon para que a esquerda se una em torno da sua candidatura não encontraram eco junto de Melanchon e da sua esquerda insubmissa. Haverá boas razões para que Melanchon não se alie ao PSF. A experiência do inenarrável Hollande foi traumática quanto baste. Mas, há um facto indesmentível: a vitória de Hamon nas primárias socialistas foi um grito de revolta das bases socialistas. O discurso politico de Hamon rompe com a lógica dominante da austeridade. A leitura politica  de Melanchon na reacção à traição de Valls, mostra que na França a esquerda insubmissa aposta todas as fichas na implosão do Partido Socialista. Nada de novo como se viu em Espanha, com o Podemos, e por cá com o BE e o PCP. Acontece, Portugal e Espanha mostraram-nos, que as "grandes extinções" apenas pontualmente se verificam, como aconteceu na Grécia.
Há uma diferença na situação francesa que talvez Melanchon devesse ponderar: Hamon é um líder politicamente muito mais à esquerda do que os líderes dos partidos socialistas ibéricos e em França; a unidade do tipo Geringonça tem que se fazer antes das eleições presidenciais.
Pelos vistos não vai ser necessário. O Eliseu terá outros inquilinos proximamente.

1 comentários:

Niet disse...

Tem toda a razäo: Mélenchon, o sofisticado republicano-populista, devia tentar fazer um acordo politico amplo com Benoit Hamon, o lider da ala esquerda do PS francês, fellow de Sanders e Corybin, com uma grande abertura e modernidade. Mélenchon, que tem uma postura algo inefável de caudillo fora-de-moda e dirige um movimento politico intitulado France Insoumise, pode favorecer,sem o desejar, a eleicäo de madame Le Pen. Nas últimas sondagens relatadas pela poderosa cadeia conjunta de TV - LCI/TF1, de há uma hora atrás,Macron, a alternativa liberal social-democrata a Fillon e Le Pen, ainda nao tinha fixado o sentido de voto do seu potencial votante numa proporcao siderante e explosiva de cerca de 40° por cento.