12/10/11
Portugal, o novo dodó?
por
Luis Rainha
O aviso chegou, cataclísmico, pela boca do nosso famoso profeta da desgraça, António Barreto. “É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos não seja um país independente como é hoje”. Não pelas razões que levaram ao falecimento da República do Texas. Não será o federalismo a liquidar a nossa preciosa independência, mas sim o grande problema de Portugal, aos olhos deste sociólogo: os portugueses.
Para sustentar a ideia de que estamos a dar cabo disto tudo, Barreto cita Jared Diamond. Como exemplo, lá vem a Ilha da Páscoa, cuja sociedade terá sumido por culpa dos seus cidadãos. Desflorestamento, burrice extrema, ecocídio; eis o que supostamente levou os habitantes de Rapa Nui “a destruir o seu próprio habitat, a sua própria existência”. O paralelo é óbvio: mais uma vez, a cantilena do “vivemos acima das nossas possibilidades”, ainda há dias debitada por Cavaco Silva.
Nem vou discutir se fomos nós a viver bem de mais ou se foram hordas de decisores e beneficiários do sistema – com gastos faraónicos em opções estapafúrdias – que se atribuíram estilos de vida bem acima das nossas possibilidades.
Giro mesmo é constatar que a tese de Diamond provavelmente está errada: de acordo com vários especialistas, foram exploradores vindos do exterior – trazendo a escravatura, novas doenças, religiões e outras pragas, como as ovelhas – quem assassinou a Ilha da Páscoa. Um genocídio, não um suicídio, portanto.
Este não vos parece um paralelo muito mais verosímil e interessante?
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6 comentários:
quanto à ilha da páscoa não sei, porque até os peritos discorda acerca do que aconteceu exactamente, mas em relação à actual situação esse paralelo é muito mais acertado
Paralelismo da burrice, só na desflorestação, dos sobreiros de Portucale ou das azinheiras do Tua. Mas a essa não se refere António Barreto, elite oblige! Quanto à tal cantilena do “vivemos acima das nossas possibilidades”, agora temos que pagá-las…serve também para “nos” mostrar outra coisa. Que vamos irremediavelmente ficar na dependência dos outros (até ver da Merkel), que têm mais poder económico e que são mais capazes, muito ao gosto do darwinismo social.” Esqueçam Portugal, esqueçam qualquer pertença.”
O giro, como diz o L. Rainha, é que a História da Ilha de Páscoa pode, com toda a verosimilhança, não ser aquela de que fala Diamond e que Barreto tanto aprecia.
a demografia por falta de limitação de nasciturnos e obras megalomaníacas consumidoras de biomassa
aqui a demografia é inbersa
só as obras e o consumo nos igualam
e a emigração aqui num necessita de canoas
e inté os velhos emigram
uns para Cádis outros para teruel otro pró troisieme arrondissement
logo a migra nos salvará
a gricultura de certeza nã
nunca foi o nosso forte
Logo graças a isso o nosso ecossistema vai de vento em popa
em 100 anos teremos a floresta do último interglacial
em 300 bamos teer o equador
Pombo gigante era pássaro doudo
Dôdô é abastardamento inglês
seya nacional-sucialista
fomos nós os primeiros a exterminarmos os pássaros doudos
somos os mayores
Eu nem percebi (tb li a entrevista) se o que fala Barreto é um problema ou é um alívio. E, tirando-me do cenário que na época apontada estarei mais ligado à indústria do tijolo, não sei se, mesmo agora, isso acontecendo haveria alguma contestação. Quem aceita ser governado e ver o seu destino traçado por uns gajos que não conhece nem elegeu, com base em negociações ("negociações" é humor) a que não teve acesso e cujas soluções, vão avisando, estão nas mãos da senhora de Fátima, que diferença lhes faz formalmente existir como país ou deixar de existir?
É a bandeira? eh pá, chama-se o Scolari.
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