06/02/14

Como assim 'meramente'?

Segundo a agência Lusa, o primeiro-ministro afirmou que, em matéria de ciência e tecnologia, o Governo está "a romper com as políticas passadas", baseadas na ideia de que "mais dinheiro público" produz qualidade em termos de resultados.
Passos Coelho explicou que durante vários anos foi possível "transferir mais recursos para o sistema científico e atribuir mais bolsas de investigação". Mas "quando medimos o número de patentes registadas e de artigos científicos publicados, quando medimos o resultado e a qualidade desse resultado", Portugal passa "de indicadores que pareciam comparar muito bem com os países com que gostamos de nos comparar", para se comparar "muito mal sempre que olhávamos para a substância dos indicadores".  
Por isso, o primeiro-ministro defendeu: "Temos de garantir que as bolsas que usamos para financiar os doutoramentos, os pós-doutoramentos e a investigação que é feita, não corresponde meramente a uma política de recursos humanos de empregar os melhores", mas resulte "em ter mais gente do lado das empresas, altamente qualificada, que traga valor para a economia".

1 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Pois é, grande camarada Ricardo, até uma época recente a astúcia da razão capitalista consistia em justificar a economia política governante como um meio ou instrumento capaz de assegurar o máximo de uma riqueza que, por seu turno, se legitimava afirmando-se condição de busca e garantia de fins ou bens superiores. Hoje, como Passos Coelho se limita a repetir, a economia governante só admite como legítimos os fins e as actividades que magnifiquem o seu poder e a sua expansão ilimitada. Nunca a sua afirmação foi tão triunfante nem a brutalidade da sua força tão cruamente afirmada. Nem o absurdo ou a arbitrariedade do seu governo tão óbvios. Daí o seu autoritarismo renovado e a sanha com que persegue toda a reflexão ou exercício da comum faculdade de julgar e toda a política que não se limitem ao cálculo económico ou estratégico internos ao seu regime ou quadrto naturalizado. Mário Cesariny: "Há justos e réprobos porque o Senhor / quis vingar.se de nós porque sim".

Abraço

miguel(sp)