17/10/11

A greve geral e "a luta [que] tem de ser para toda a gente"

Eu não irei tão longe como a Gui Castro Felga quando parece sugerir que a greve geral esteja pura e simplesmente ultrapassada. Mas reconheço que avançar para ela triunfalmente e sem mais é insuficiente e pode ter efeitos desmobilizadores graves. É que, como escreve a Gui, também nós nos devemos perguntar:

a luta não tem de ser 'para toda a gente'? tem lógica propormos acções às quais as pessoas podem não poder aderir? (é que isso desmobiliza)


...não devíamos andar em busca de novas formas de luta, mais, talvez, à volta da acção directa, da desobediência civil e da ocupação de espaços, ou de boicotes ao consumo?

Há mais de um ano, em Outubro de 2010, o Pedro Viana escrevia neste blogue, acerca da greve geral em perspectiva nesse momento:

Para que servirá a greve geral convocada para o dia 24 de Novembro? É muito provável que nessa altura o orçamento de Estado para 2011 (OE 2011) já esteja aprovado, pelo menos na generalidade. E suponho que os dirigentes sindicais são suficientemente lúcidos para não esperarem que, após a greve geral e por mais sucesso que esta tenha, o governo se coloque de joelhos e submeta, poucas semanas depois de aprovado, um orçamento rectificativo para 2011, expurgado das medidas mais nocivas do PEC III. Até parece que às centrais sindicais realmente não interessa parar o PEC III, mas apenas "fazer notar a sua insatisfação". Torna-se assim claro que as centrais sindicais que temos estão completamente institucionalizadas: tornaram-se parte do problema, subordinadas aos interesses que dominam os partidos e o Estado, e não uma via através da qual fosse possível construir um novo caminho.

Aliás, uma greve geral, limitada a apenas um dia, pouca utilidade tem, pois a disrupção económica provocada é reduzida, e nulo o dano político induzido. Hoje em dia, os políticos preocupam-se mais com os resultados das sondagens do que com a contabilidade dos desfiles. A não ser que estes últimos tenham real impacto. O que eu esperaria das centrais sindicais, se realmente quisessem forçar o governo a negociar, seria uma sequência interrupta de greves sectoriais. Conseguem imaginar o dano político e económico de greves sequenciais, cada de um dia? Por exemplo: nos transportes ferroviários; nas escolas; nos transportes rodoviários de passageiros; nos hospitais; nos transportes aéreos; nos bancos; nos transportes rodoviários de carga; na adminstração pública; etc. A disrupção económica seria tal que até a classe empresária pediria ao governo para ceder. Basta ver o que acontece quando as empresas de transporte rodoviário de carga ameaçam parar a actividade... e bloquear umas estradas.


Se juntarmos às formas de luta alvitradas pelo Pedro as que a Gui agora adianta (e mais algumas que não deixará de haver quem sugira), uma greve geral que surja como momento essencial desse movimento mais vasto — de acordo com a sua lógica de participação democrática generalizada e proposta aos "99 por cento", ou, se quiserem, talvez só aos 90 por cento, ou lá perto, cuja submissão e menorização o regime estipula como condição de funcionamento —, então, sim, será uma acção mobilizadora, eminentemente desejável e verdadeiramente promotora da unidade de todos os trabalhadores e da enorme maioria dos cidadãos comuns.

13 comentários:

Anónimo disse...

estavam 40/50 mil pessoas em Lisboa (escusam de empolar para as 100.000). Dessas, vamos fazer assim uma percentagem sem rigor cientifico de 40% que tenham um emprego estavel.

Desses, quantos tem a coragem/vontade de fazer greve geral e com a perca do seu dia de salario mostrarem a sua força?

e desses que eu já acho poucos, quantos vão ter a modéstia de se integrar em piquetes de greve a tantar convencer trabalhadores mal cheirosos? Ou quantos vão para a porta de call centers?

Maquiavel disse...

De agora em diante väo-se suceder os "boicotes ao consumo" em catadupa... e nem väo precisar de ser organizados, embora seräo simultäneos! Veja-se na Grécia, por exemplo, esse "boicote" já levou ao fecho de mais de 50% das lojas do centro de Atenas em apenas um ano.

L. Rodrigues disse...

O que eu acho é que se devia promover uma experiência:
-o país do governo.
Um país vazio em que toda a gente emigrou ou morreu. Toda a gente arranjava mantimentos para uma semana, e depois não saía de casa durante esse período.

Foi só uma ideia. Como todas deste género o difícil é chegar a todos...

Diogo disse...

«...não devíamos andar em busca de novas formas de luta, mais, talvez, à volta da acção directa, da desobediência civil e da ocupação de espaços, ou de boicotes ao consumo?»

Vou muito mais por aqui.

Aliás, vou ainda mais longe: se cada vez mais gente compreende que o país está a saque pela Banca (acolitados pelos seus lacaios políticos e mediáticos), então cada vez mais gente percebe que está a ser directamente atacada.

Se alguém me atacar na rua para roubar, eu riposto violentamente. Não é isto que está a acontecer a grande escala?

O problema do Bloco e das Greves disse...

éVou muito mais por aqui.

Aliás, vou ainda mais longe: se cada vez mais gente compreende que o país está a saque pela Banca (acolitados pelos seus lacaios políticos e mediáticos), então cada vez mais gente percebe que está a ser directamente atacada.

Se alguém me atacar na rua para roubar, eu riposto violentamente.
atão nã ripostas...com um caparro desses de classe média ...é pra isso que levamos as fuscas..

Não é isto que está a acontecer a grande escala?nã nã é isse

é o pensamento simplex que faz levar com uma barra de ferro nos cornos

900 mil funcionários púbicos camarários e das púbicas empresas

mais 400 mil reformados acima dos 20mil ao ano

não são o país...mas são quem vai perder mais

os restantes nem se mexem

sóse houver saques

é a revolução das classes médias

como nas arábias

é uma revolta das expectorações futuras

na grécia já deram cabo de 5 ou 8% do PIB

e 20% das receitas fiscais

200 dias de greve em 450 dias
só não acabou mais com a grécia porque excepto nos transportes

no resto as adesões não são a 100%

educação excluida tal como cá

70 a 80% de adesão durante 300 dias por ano era o ideal

3 ou 4 dias só custam

2 ou 3 mil milhões ou menos

greve nas finanças já....

tenho umas díbidas fiscais que precisam de prescrever

A CP hoje ia chea 4 pessoas pore carriage....

em contrapartida a ponte ia vazia
só demorei 35 minutes de Corroios a All cântara nus camiões da barraqueiro que já foram dos fascistas subsidiados in de min nizadus a 900 mil contos dos Belos

logo boas grebes...a cp bai bazia assi comu assi

e o reste fico em casa e num pago imposto...quisto dus recibes verdes em empresa púbica

cortam-nus uma fatia
hoy fui trabalhar pra ricibê limpos dimpostos 17 eurros por horra

Com uma EPAL chea de gente disse...

e nem têm quem faça um controli di gêto

ah já ahora nus dias de grebe num beba iágua da tornêra

àcause dus culiformis fecales

nã compre Luse...compre dia ou intermarché que pagam mais imposturas

O puto dizia eu matu-te disse...

nã matô...fazem promessas e só dã um corte na pulmonaria

bom moce mas muito exageradu
o prime é mai descreto arranja carros desde os 12 anitos

boçês têm carrus "bons"?
ajudem a inconomia nacionale e deixem-nos em zonas pôco iluminadas

Veja-se na Grécia, por exemplo, esse "boicote" já levou ao fecho de mais de 50% das lojas do centro de Atenas em apenas um ano....o pessoal prefere inbestir o $ nas contas suissas

o nº de montras partidas em 2010 era de 12 mile

aqui felizmente só os gangues da Bela Bista é que quebram as lojas ó abandone

iste nã se resolve com sacrifícios

isto nã se resolve...gasta-se mais energia
o all garve começa a ficar deserte
mas a Câmara de bila reali mete contadores novos de iágua e gasta luz em becus sin saida

Vamos prá greve Kamaradas disse...

Viva a greve permanente

E Manif's com gajas boas...nem em Évora as havia...as gajas boas tavam todas nos refeitórios

e em Lisboa só histéricas trintonas e novinhas mal cheirosas

e óia queu binha de 400 kilometradas de estrada mas ópé delas inté parecia catinha prafume

Manifs com greve da polícia disse...

e manif's grandes qué prá gente da indústria do gamanço poder competir com a concorrência estrangêra

hoje no 18 o favinho taba a queixar-se da concorrência desleal das romenas elas achegam-se e eles inté ficam contentes de perderi o carcanholi

apodia eboluir o gaijo ir às manifes em vez de fazer a jorna nos eléctricus

ir às discotecas e usar parfume e desodorizante

mas a mão dobra nacional é muito desqualificada

e quando é qualificada como aquele polícia da cobilhã que sacou 700 mil eurros a 20 belhotes

é logo apanhada...e nã sai da preventiva

uma injustiça camaradas
só na puta lítica se pode roubar à bontade

e há cá listas despera pa entrare

nã têm vagas?

Anónimo disse...

boicotes involuntários ao consumo é o que não falta. estes inovadores são o cúmulo! vou então abdicar de comer e dos meus cigarrinhos?

Zuruspa disse...

A moderaçäo destes comentários deixa muito a desejar. E que tal se cortassem estes palhaços que escrevem mal e porcamente de propósito só para meter nojo?

É que desmotiva tentar depois encontrar os comentários de jeito no meio de tantos "cu-mentários".

Se calhar säo astroturfers do Governo e querem minar a credibilidade destes blogs que dizem a verdade.

Obrigado.

Anónimo disse...

O Zuruspa tem razão, mas deve ser só um caramelo. Eu cortava-lhe o pio.

Zulus pás disse...

Eu cá fuzilava-os a todos, desde que paguem as balas...