Há uma jornalista/ opinadora, cujo nome nem menciono, que entendeu escrever um elogio fúnebre ao Miguel Portas. Tudo bem. O pior é ler a coisa: aquilo foi escrito, na realidade, para declamar três ou quatro pontos de suma importância para o umbigo da autora: 1) ela conheceu o Miguel, tendo até colaborado no "Já". 2) ela acha que ele não levou a sério a campanha do primeiro referendo à IVG, ao contrário da própria. 3) o Miguel acolhia com «meiguice surpreendente» as doutas opiniões da jornalista/ opinadora. 4) ele, lá no fundo, na mais rigorosa clandestinidade, até admirava a Parque Escolar.
Agora, a mesma pessoa resolveu criticar a presença na homenagem ao Miguel de dirigentes do Bloco. Imaginem obrigar a senhora a dar de caras com tal gente: «antes de cumprimentar a família, que era o motivo que ali me levava, teria de cumprimentar também o comité do be». Claro que deveriam ter primeiro sanitizado a sala antes de tão exigente visitante lá entrar; e essa ideia de a obrigar a conviver com aquele comité, mesmo que por escassos minutos, também só pode ter sido um maldoso complot.
Mas como imaginar que alguém queira «colocar o partido ao lado da família»? Como poderia esta pessoa compreender que pertencer a um partido (que se fundou, ainda para mais), não é sempre colocar-se na fila para algum lugarzinho, nem um rosário de ocasiões para aparecer, mas pode ser sim uma forma inteira de estar na vida, de a modificar?
Um vínculo assim não é daqueles que a morte dissolve.
Um vínculo assim não é daqueles que a morte dissolve.
5 comentários:
Por acaso, isso do BE versus família, ainda foi o que menos me chocou. O que achei mesmo de mau gosto foi que se viessem comentar velórios em público. Tanto mais que, num velório, como na vida, só se cumprimenta quem se quer cumprimentar. Haja paciência. E algum decoro, já agora.
Há pessoas que nunca entenderão que o partido de cada um também pode ser parte da família. Tanto separam as águas que acabam secos.
Vocês são todos da mesma família burguesa. Tanto é assim que se dão ao trabalho de comentar essas nulidades e nunca mas nunca escrevem nada que possa ter utilidade para subverter este mundo, seja em termos de ideias ou informação sobre lutas. O vosso mundo é esse mundo mundano.
Anónimo
Essa srª jornalista do regime socratino não se enxerga! Tem um umbigo do tamanho do mundo.Pena não ir para Paris também!
Não foi um velório, Ana Cristina Leonardo. Para a dita cuja foi um acontecimento social onde "tava" toda a gente, "tá a ver"? Mesmo depois de "meia hora à chuva" - na verdade não se faz - é ela lá capaz de perder essas coisas. E vá lá que não introduziu (será no próximo post?) o parágrafo de crítica às gravatas deles e aos sapatos delas.
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