No momento em que a arrogância e a estupidez da fracção mais poderosa da oligarquia da UE e da zona-euro mostra os seus propósitos explícitos de constitucionalizar na região uma redução radical das matérias políticas sobre a quais a legitimidade das decisões dependia até aqui de uma forma ou de outra de manifestação — insuficiente, condicionada, truncada… mas efectiva, pelo menos em termos defensivos — da vontade popular, importa que a oposição democrática a essas medidas não se confunda com a dos pescadores de águas turvas que tentam canalizar o descontentamento e a revolta contra elas para uma agitação nacionalista e soberanista que só pode favorecer alternativas não menos radicalmente antidemocráticas e restritivas da expressão da mesma vontade popular. O novo acordo europeu — digam o que disserem os João Galamba de serviço, o secretário-geral do PCP, ou estas e aquelas destacadas vozes do BE — não é mau nem deve ser rejeitado por limitar a soberania nacional ou as prerrogativas de cada um dos Estados-nação da região europeia, mas sim por ser antidemocrático e antipopular e corresponder a uma consagração e explicitação institucional agravada e inédita do poder político de uma organização da economia que se confunde, a todos os níveis, com o modo de funcionamento e exercício da dominação oligárquica.
Assim, é precisamente por pensar que JM Correia Pinto acerta quando escreve:
"É cada vez mais generalizada a convicção de que o pior está para vir. Não apenas na Grécia, em Portugal, na Itália e na Espanha, mas em toda a Europa, nomeadamente em França e, por último, na Alemanha. Do outro lado do Atlântico há a convicção de que Portugal vai cair e que a relativa acalmia dos mercados depois das massivas injecções de capital do BCE é um efeito de curto prazo. Quando a crise do euro voltar a agudizar-se – e isso acontecerá em breve – a Itália e a Espanha cairão na mesma situação que Portugal.
E neste contexto ninguém se salvará: nem a Alemanha!"
que quem está com ele concorda aqui, terá de discordar das posições insolitamente soberanistas que ele, como alguns dos Ladrões de Bicicletas, defende noutros textos recentemente publicados na sua Politeia. Com efeito, opor ao quadro descrito, e que é tão anti-europeísta como antidemocrático, a solução de uma saída unilateral da UE e da zona-euro faz tão pouco sentido e é tão insuficiente como a tese que sustentasse um adversário da utilização industrial da indústria nuclear, defendendo que o seu concelho de residência deveria declarar unilateralmente a independência no caso de o governo do seu país assumir essa opção.
09/04/12
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