03/06/11

Um contributo de Tony Blair para o período de reflexão pré-eleitoral

Al exprimer ministro británico Tony Blair le parecen "importantes" las protestas del movimiento del 15-M, pero considera que "no pueden determinar la política" porque han de ser los políticos los que decidan "si salimos de esto en buena forma o no".

Así lo ha dicho Blair en una entrevista concedida a TVE, donde ha afirmado que una de las cosas más difíciles para un líder político es seguir el consejo de escuchar a la ciudadanía porque "el problema es cuando se escucha y se dicen cosas distintas".

De hecho, el ex dirigente británico considera que "en último término" la obligación de un político es "intentar hacer" lo que cree "correcto". "Al final, es la política la que va a decidir si salimos de esto en buena forma o no. Las protestas son importantes, pero no pueden determinar la política".


Se transcrevo do Público.es estas declarações de Tony Blair, é porque creio que nos fornecem um excelente tema de reflexão nas vésperas das eleições mais típicas do sistema representativo que hoje nos governa. Quer dizer, xplicam sem rodeios o seu carácter constitucionalmente oligárquico: embora se possa reconhecer aos cidadãos o direito de exprimirem a sua opinião, a política compete aos políticos, um corpo de especialistas, profissional e à parte, que tem a seu cargo decidir de acordo, não com o que seria a deliberação dos cidadãos,  mas com o que lhes parece correcto.

Não se trata, do meu ponto de vista, de reduzir a zero a utilidade defensiva do direito de voto, enquanto dispositivo que limita a arbitrariedade dos governantes. Trata-se de ver que a representação exclui o exercício igualitário, através da participação organizada, da política pelo conjunto dos cidadãos. Exclui a democracia e limita radicalmente as próprias liberdades e direitos que combates seculares permitiram inscrever nas constituições e cujo reconhecimento formal impuseram aos Estados.

Assim, a defesa,  aprofundamento, extensão e renovação instituinte das liberdades e direitos de tradição democrática  exigem, não que disponhamos de bons candidatos a governantes e saibamos escolher entre eles a intervalos de alguns anos, mas que nos afirmemos já ,— como se dizia por cá nos idos de 1974-1975 e volta hoje a dizer-se um pouco por toda a Europa e não ao reivindicar a democracia real — e aos mais diversos níveis das decisões "económicas" ou outras que politicamente nos vinculam, como candidatos ao lugar de governantes, pois só ele serve e garante a cidadania democrática.

2 comentários:

David da Bernarda disse...

«Não se trata, do meu ponto de vista, de reduzir a zero a utilidade defensiva do direito de voto.» MSP

A única actividade defensiva que teve ao longo da história alguma «utilidade» foi a da construção de barricadas. E mesmo essas cada vez resultam menos desde que os franceses abriram as grandes avenidas e foi inventada a aviação...

Quanto às urnas, até podemos eleger alguma vez um Allende, mas se «eles» não gostarem podem dizer adeus à legitimidade democrática.

Já eleger esses funcionários de esquerda, mais ou menos engravatados, que ficam fazendo retórica televisiva sobre pequenas reformas, ou sobre o menos mal de todos os males, mais vale ir para a praia.

Miguel Serras Pereira disse...

Que exagero, caro David da Bernarda.
As próprias barricadas só puderam ser construídas numa fase adiantada da luta social, que tinha já todo um activo de associações, assembleias, fraternidades, sociedades de correspoondência, cooperativas, organizações de defesa de tipo sindical, etc.

E, depois, se a representação é um dispositivo de contenção da democracia, o voto é um método e uma prática indispensável à democracia. Como é que você concebe sem votos uma república que assegure o exercício do poder às assembleias governantes de cidadãos?

Saudações libertárias

msp