02/10/10

Greve ofensiva


O texto que segue foi esta tarde distribuido em Paris, na terceira gigantesca manifestação contra a nova lei das pensões de reforma.
Por razões de tempo não me é possivel traduzir o texto.
Aqui fica com as as minhas desculpas para quêm não o poderá ler sem recorrer à ajuda do vizinho que foi imigrante...
O texto foi elaborado numa assembleia que reuniu, dia 23 de setembro, ferroviários da Gare de l’Est, professores e outros trabalhadores. Grupo que abriu a manifestação deste sábado 2 de outubro .
La meilleure retraite, c’est l’attaque !
Prenons nos luttes en main !
Voilà qu’on veut nous faire travailler deux ans de plus !
Le travail, le turbin auquel on veut nous obliger à consacrer la majeure partie de nos journées, est essentiellement une violence qui nous est faite, et la plupart d’entre nous le ressentent comme tel. Mais il a réussi à s’imposer comme quelque chose allant de soi, quelque chose de naturel (« il faut bien travailler pour vivre ! » et oui !), alors que c’est le produit d’un rapport de force qui nous contraint à nous activer pour permettre au capital, ce drôle de machin invisible qui détermine nos vies, de se reproduire et de s’accroître. On travaille pour gagner de l’argent, certes ; mais on travaille surtout pour faire gagner de l’argent – pour créer du capital. Quand on y réfléchit, rien de bien naturel là-dedans.
Mais c’est ainsi qu’on nous gouverne : par l’acceptation de fausses évidences. Ainsi de cette réforme des retraites : travailler plus, ben oui, ça ne fait pas plaisir, mais il n’y a pas le choix, c’est l’économie qui veut ça – l’allongement de la durée de vie, le vieillissement de la population, tout ça.
La gauche et les syndicats refusent cette reforme en l’état, tout en reconnaissant qu’il y a un problème, voire pour certains qu’il va falloir se serrer la ceinture. Refuser cette réforme supposerait d’avoir une réforme alternative en tête. Est-il si fou de se dire que ce n’est pas à nous de gérer cette affaire ? Lorsque une boite se restructure, comme ils disent, elle a toujours recours au même chantage : c’est soit les licenciements, une intensification du travail sans contrepartie, etc., soit la boîte va couler car elle ne dégage plus assez de profits, et les salariés couleront avec elle. Il faudrait accepter d’en chier toujours d’avantage sous le prétexte de sauvegarder un système basé sur notre exploitation.
On n’a pas à adhérer à des raisonnements qui visent à nous solidariser avec les logiques de cette exploitation. Sur la question des retraites, il est possible d’affirmer simplement : « bordel, je ne veux pas travailler deux ans de plus car je suis déjà assez exploité comme ça. Point barre. » Mais, évidemment, le dire ne suffit pas : il faudra l’imposer. C’est un rapport de force. L’économie, on ne fait pas que la subir : on la fait tourner. Qu’on s’arrête un peu de le faire, ça ne fera pas du bien au capital, mais ce n’est pas sûr qu’on s’en portera plus mal.
Etre isolé contribue beaucoup à la résignation. Peut-être sommes nous nous quelques uns ici à attendre d’un mouvement social davantage qu’un recul du gouvernement sur la question des retraites… Peut-être sommes nous même plus que quelques-uns à voir aussi la chose comme une occasion : un mouvement social un tant soit peu énervé, en ces temps où la combativité sociale n’est pas à son plus haut, c’est la possibilité de se rappeler qu’une force collective, venant briser le train-train de l’exploitation, de l’isolement et de la déprime généralisée, permet d’entrevoir des horizons où la réappropriation du monde n’est plus hors de portée. Sans doute sommes nous un certain nombre à d’ores et déjà envisager qu’au cours de la lutte puissent s’élaborer des pratiques qui posent des questions allant au-delà du nombre d’années de cotisations. A espérer qu’un mouvement à venir remette en cause ce qui est quotidiennement accepté et se foute des solutions alternatives proposées par ceux qui gèrent nos vies…
Nous n’en sommes pas là : encore faut-il que ce mouvement ait lieu. Il est évident qu’une journée d’action isolée par-ci, par là, appelée par les syndicats en vue de négociations où l’essentiel est déjà négocié, n’aboutira à rien, sinon à accroître le sentiment d’impuissance. Ces syndicats, qui ces dernières années ont déjà fait avorter des mouvements avant même qu’ils puissent avoir lieu (déjà sur les retraites, en 2002, puis en 2007), se préparent à faire de même ce coup-ci, de manière encore plus assumée. A croire qu’ils préfèrent encore subir une « défaite » plutôt que de voir un mouvement leur échapper…
Dès lors voilà : pour que cette lutte puisse avoir réellement lieu, il faudra nécessairement que cela se passe par-dessus les têtes des directions syndicales. Il faudra notamment leur imposer la grève, sans quoi rien ne sera possible. Ce n’est pas tâche aisée : pour cela il faut d’ores et déjà commencer à s’organiser ; à transformer la colère latente en action collective.
Mais, « les syndicats perdent brusquement le contrôle de leurs bases » : voilà qui ne serait pas forcement m^che.
Grève générale ! Grève illimitée ! Grève offensive ! Bloquons l’économie !

5 comentários:

Niet disse...

Bom texto contra as " falsas evidências " muito bem discriminadas: o Capital, a Exploração, o Reformismo da Esquerda e a asfixiante Burocracia Sindical. Mas mesmo com a "combatividade social pouco elevada ", frisa o comunicado, pode existir a possibilidade de se despoletar um Movimento Social que venha quebrar "o rame-rame da exploração, do isolamento e da depressão generalizada",e que permita" visualizar horizontes onde não seja uma miragem a reapropriação do Mundo".Forte e justa crítica à logica burocrática das Centrais Sindicais. Niet

Diogo disse...

Os sindicatos, as grandes manifestações, os cartazes, as palavras de ordem, tudo isso é nada.

O mundo mudou, a tecnologia mudou. A guerra contra os grandes parasitas tem de ser travada caso a caso.

Niet disse...

Oh, sr. Diogo, ao menos um pouco de Surf sobre a importância das Greves Selvagens e dos Comités de Luta eleitos democráticamente, pf, Ok? Niet

Anónimo disse...

Jorge,
O controlo da classe trabalhadora e dos muitos militantes de base, pelas burocracias sindicais, é quase absoluto em Portugal, onde não existe tradição de sindicalismo de base.
A alternativa será lutar como é apontado pelos camaradas franceses, MAS dentro dos sindicatos que temos, por muito amarelos que sejam.
Mas para isso, os anarquistas têm de perder o complexo isolacionista. Quer façam parte da AIT ou de outra organização, os sindicalistas revolucionários só têm a ganhar em se filiarem e construírem núcleos sindicais de base, com outros trabalhadores nos sindicatos «mainstream».
O complexo isolacionista tem dado zero resultados práticos mas tem sido a ilusão de algumas pessoas bem intencionadas.
A questão é esta: temos de partir as fuças dos capitalistas, mas o martelo (os sindicatos) está na mão de quem nos traiu desde há longa data. Como pegar nesse instrumento de luta (não destruindo o mesmo) e simultaneamente colocar a classe trabalhadora em condição de dar A RIPOSTA QUE SE IMPÕE?
MB

Niet disse...

Caro Nelson Anjos: Vamos em frente, sem deduções nem técnicas disfarçadas de " meios " degenerados de manipulação burocrático-hierarquico. A esse propósito, Castoriadis aponta: " O que pode permitir uma tomada de conciência, uma actividade socialista, e em última análise uma Revolução, não se extinguiu. Pelo contrário, prolifera na sociedade actual.O Movimento revolucionário deve surgir como um movimento total, implicado por tudo o que os homens fazem e sofrem na sociedade, antes do mais o que os envolve na sua vida real quotidiana. Cada trabalhador pode observar, na gestão das grandes questões da sociedade, a anarquia e a incoerência que caracterizam as classes dominantes e o seu sistema. (...) A revolução socialista constitui a única perspectiva positiva aberta à humanidade, na condição precisamente que lute pela solução do conjunto de problemas- exploração, manipulação burocrática e alienação consumista - com a incontornável premissa que esse movimento rompa com as ideias e as práticas do passado e regule a sua actividade a partir desta ideia central: o socialismo é a actividade autónoma das massas trabalhadoras e que nada fora desta actividade a pode assegurar, nem a direcção de um partido omnisciente, nem as leis da História secretamente postuladas pela Providência para que o comunismo seja o seu corolário ". E tudo isto releva deste novo ângulo de visão estratégico, segundo C. Castoriadis: " A contradição inultrapassável do capitalismo encontra-se acima de tudo, mais a fundo, na estrutura das relações sociais em todos os domínios. Quer se trate do trabalho, do funcionamento das instituições, da vida cultural, por todo o lado deparamos com a mesma contradição: o capitalismo tenta excluir os homens da direcção da sua própria actividade mas, ao mesmo tempo, tenta obter a sua participação para essa actividade. (...) e é por causa dessa contradição insuperável que o sistema capitalista suscita contra ele uma luta permanente. Não são as " contradições económicas " ou as leis do " movimento da sociedade ", mas esta luta em si que constitui o factor mais determinante da História depois de um século;(...) e a supressão desta contradição só é possível pela gestão da produção pelos produtores, reivindicação central do socialismo; a questão central de uma nova sociedade, a questão da Autonomia é colocada em negativo na e pela escravatura capitalista.O problema colocado aos trabalhadores objectivamente, nas sociedades de hoje,é o da sua vida concreta de produtores, do sentido do seu trabalho e finalmente do da sua existência. Não o podem resolver senão alterando radicalmente o conjunto das estruturas e das relações sociais ".Liberté et Égalitè. Niet