31/01/11

Repensando o caso Sakineh Ashtiani

Há uns meses falou-se (inclusive eu) muito do caso da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte pelo regime dos ayatollahs.

Não discordo de nada do que foi feito a seu favor (e espero que ainda venha a ter resultados) nem me arrependo do que escrevi na altura, dos mails que reencaminhei, etc.

No entanto, atendendo ao ritmo a que se enforcam pessoas no Irão, e por crimes até mais leves do que Ashtiani é acusada, começo a interrogar-me sobre a racionalidade lógica de concentrar especificamente as campanhas, mobilizações, etc. sobre ela em vez de noutra pessoa qualquer...

Por outro lado, também é verdade que "a morte de um individuo é uma tragédia e a de um milhão é uma estatística" (Estaline, creio), pelo que concentrar uma campanha em torno de um pessoa específica (em vez de nas dezenas de pessoas em risco de ser executadas no Irão) até é capaz de ser mais eficiente e mobilizador.

2 comentários:

Os que estão a fazere tijolo dizem que bossa senhoria benceu.... disse...

a morte de um individuo é uma tragédia e a de um milhão é uma estatística

Acho que é Mao (Tse Tung ou Zedong)

o certo é que a lapidação continua a matar nos meios rurais de muitos países islãmicos com a complacência das autoridades

a concentração de esforços chamou a atenção para o problema e evitou a execução

o problema é que a maioria da população em muitos países apoia a pena de morte como resposta a crimes que aqui seriam considerados ligeiros

mas ali pode afectar a vida dos envolvidos
a estabilidade da família num país em que a família é uma unidade de produção

e as sanções contra quem quebra as regras da comunidade

são aceites como factores positivos

impor os critérios ditos universais em sociedades ainda muito ligadas a costumes tribais é

James disse...

Creio que o essencial foi dito por um poeta inglês já muito antigo, há muito tempo,

John Donne (1572–1631), usado pelo Hemingway num livro célebre, citando de cor:
«Não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti».