24/01/11

Sobre a campanha do "único candidato do trabalho", a interpretação dialéctica de Voltaire e a leitura militante de Saramago

Quando lemos celebrações como esta da campanha eleitoral do "único candidato do trabalho", a qual foi, como se sabe, além de um colossal passo em frente histórico, a melhor campanha possível, do melhor candidato possível, com os melhores resultados possíveis, não podemos deixar de experimentar assombro perante a força de impregnação ideológica do Candide de Voltaire, ainda que descubramos, na circunstância, o herói epónimo do filosófico romance interpretado às avessas - o que, de resto, é pedagogicamente indispensável, pois, sendo Voltaire um autor burguês, é preciso virá-lo de pernas para o ar para dele se extrair alguma verdade.
Resta, no entanto, uma dúvida: não seria mais adequada, no momento de proceder a um balanço da referida campanha, em vez da inversão dialéctica de Voltaire, a leitura militante do Nobel nacional, tantas vezes triunfalmente brandido, nomeadamente quando o seu tema é, no Ensaio sobre a Lucidez, o processo eleitoral?

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