15/04/11

O milagre da execução orçamental?

Aparentemente, o Estado português está rico - já temos um superavit, ou seja daqui a pouco até poderemos financiar um programa de salvamento da economia finlandesa. Será verdade?

Bem, pelo menos há uma despesa que falta nessas contas - como é sabido, o trabalho nocturno e extraordinário feito em 2010 mas pago em 2011 foi sujeito à redução remuneratória definida pelo PEC3/Orçamento de Estado, tendo o governo vindo mais tarde esclarecer que tinha sido excesso de zelo e que o dinheiro iria ser devolvido.

Ora, pelo menos no Ministério da Saúde, esse dinheiro ainda não foi devolvido, logo temos aqui uma dívida oculta (dinheiro que o Estado vai pagar mas que aparece na execução orçamental como uma poupança - se eu começar a atrasar o pagamento do gás e do condomínio conta como "redução das despesas"?). E, se há aqui dívidas ocultas, pode haver também nas outras rubricas.

3 comentários:

Jagganatha disse...

Aparentemente o pessoal que anda a resgatar certificados de aforro e similares não acredita muito nisto

fora uns gajos novos (relativamente)
e pessoal de meia-idade no desemprego

a maioria são reformados que já passaram por isto 30 years ago

400 milhões de poupança

mesmo que se transmutem em 1600 milhões no fim do ano

são só 20% dos juros a pagar

e menos de 1% da dívida que tendencialmente se irá acumulando

havia 17 mil milhões em poupança
no estado
sobram 14,5 mil milhões
e a 300milhões a menos por mês....

Miguel Serras Pereira disse...

Muito bem, caro Miguel M.
Convém estarmos atentos à contabilidade manipulada e manipuladora dos oligarcas de serviço.
Mas a minha questão é outra. E se, apesar de tudo, não houver distorções enormes nos elementos apresentados, que deveremos concluir? Que o governo está a conseguir os seus objectivos, sem dúvida, mas que esses objectivos não são s que confessa ter, sendo esta diferença entre o que se quer realmente e o que se diz querer a grande manipulação a denunciar.
É pelo menos deste modo que leio o seguinte excerto do post que o José M. Castro Caldas publica hoje nos Ladrões:

"Este resultado positivo, que contrasta com os números do desemprego e da recessão, suscita-me grandes dúvidas e perplexidades:

1) Se a execução orçamental está a correr tão bem sem PEC IV para que servia o PEC IV?

2) O que está cá a fazer o FEEF-FMI? Estará efectivamente a tratar da dívida e do défice público e de garantir a liquidez do Estado, ou a preocupação é outra? Estamos a passar de uma fase grega da crise para uma fase irlandesa ou islandesa em que nos querem obrigar a sofrer as dores dos accionistas e credores dos bancos?

3) Não será este saldo orçamental positivo sinal de que a dose de PEC, ao contrário de insuficiente, foi até já excessiva, estando a produzir recessão (e redução do défice para lá do necessário) quando poderíamos estar a manter a trajectória de crescimento esboçada em 2010 e por essa via (a que na realidade é sustentável) estar a conter o défice e a dívida?"
(http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/04/alto-e-para-o-baile.html)

Que te parece?
Repara que esta leitura é compatível com a tua: por um lado, maquilhagem que favorece o desempenho efectivamente realizado; por outro, camuflagem dos objectivos antipopulares, de domesticação e subordinação políticas da força de trabalho, que visam consolidar os privilegiados pelo regime económico estabelecido.

Abraço libertário

miguel (sp)

ASMO LUNDGREN disse...

se não houver distorções

aparecerão com o tempo

a demografia não ajuda

dezenas de milhares de militares envelhecidos na reserva e reforma abrem um buraco de 200 milhões

idem para ex funcionários de outros ministérios


e de estruturas várias
câmaras incluidas