27/06/11

A "democracia industrial" ou a lição dos "wobblies"

Assinalando mais um aniversário da constituição, em Junho de 1905, dos wobblies, aqui fica um breve excerto de IWW. Le syndicalisme révolutionnaire aux États-Unis, ensaio de Larry Portis, publicado em francês pela editora Les amis de Spartacus, Paris, 1985.

Os wobblies referiam-se frequentemente aos trabalhos de Karl Marx, a fim de alimentarem as suas análises e de garantirem a coerência necessária à expressão dos fins do seu movimento. Foram muitas vezes desprezados pela esquerda reformista e foram numerosos os políticos que os anatematizaram chamando-lhes "anarquistas" e "anarco-sindicalistas". "Anarquistas" ou "marxistas"? Os IWW não aceitavam a cisão operada entre o anarquismo e o marxismo, que, aos seus olhos, se baseavam ambos numa crítica do sistema capitalista e na luta de classes, opondo-se à dominação do Estado.
Antiautoritários, os IWW opunham-se à manipulação dos trabalhadores por uma elite, mas recusavam a ideia de uma "ditadura do proletariado". Desconfiando tanto dos partidos reformistas como dos partidos revolucionários, os IWW [Industrial Workers of the World] foram criticados pelos socialistas parlamentares, pelos anarquistas e, mais tarde, pelo Partido Comunista.
Ao definir as grandes linhas do manifesto, William Trautmann declarava em Janeiro de 1905 [meses antes da constituição explícita do movimento]: "Este texto baseia-se nos mesmos princípios que os movimentos europeus — quer dizer, os princípios do sindicalismo revolucionário".
A expressão "sindicalismo revolucionário", embora fosse óbvia para Trautmann e os IWW, acabará por ser ocultada pelo termo "anarco-sindicalista". Utilizado pelos anarquistas (…), o termo era igualmente usado pela propaganda capitalista e pelos adversários das relações sociais e políticas não-hierárquicas, que receavam a proliferação de acções autónomas iniciadas pela classe operária e não associadas a partidos políticos. Os IWW não se consideravam "anarco-sindicalistas", mas identificavam-se antes com os sindicalistas da CGT [francesa] anterior à Guerra de 1914-1918, e designavam a sua organização como um "sindicato industrial" ávido de "democracia industrial". Tratava-se de uma forma de democracia revolucionária, pois implicava o desaparecimento do modo de produção capitalista e exigia a criação de relações sociais igualitárias.

2 comentários:

ASMO LUNDGREN disse...

faltam as ligações a certas práticas de pressão e de luvas

e de repressões várias que trouxeram a democracia da bomba para a rua

não eram gregos mas andavam perto

Anónimo disse...

Industrial Workers of the World, a great Union. O meu Sindicato no ramo da Marinha Mercante.

Schleibinger

C. M. Mercante