08/06/11

Lenines

Nos meios da esquerda que se julgam sempre à esquerda de todos os outros meios da esquerda, existem três, quatro, cinco ou seis pessoas que são candidatas a pegar o testemunho outrora transportado por Lenine. São homens ou mulheres que têm uma visão do futuro, o verbo no sítio certo, a gestualidade coordenada com o verbo. Nunca claudicariam ao passarem por uma máquina da verdade. Até porque essas máquinas foram feitas para e por eles, como lamentava Rosa Luxemburgo, ao dizer, numa fórmula lapidar, que um erro do movimento é mais revolucionário do que uma verdade do comité central (ou coisa parecida). Peritos em diagnósticos objectivos, os novos Lenine continuam, por estes dias, a apontar à situação concreta, a recorrer às palavras certas na hora certa, a munirem-nos com propostas alternativas, sabendo nós que quem fala assim não é gago e por aí fora, etc., etc.. Para ser um futuro Lenine, é preciso reunir muita assertividade, determinadas competências organizativas, assim como dinamismo, espírito de sacrifício e ideias suficientemente indiscutíveis para que não se ponha em causa a lucidez necessária a quem um dia iluminará o caminho de todos. Em última instância, porém, o pensamento político destes nossos futuros Lenine não se libertou da velha psicologia das multidões teorizada pelo reaccionaríssimo Gustav Le Bon. Para eles tudo se resume, em última instância – isto é, depois de palavras bonitas sobre a importância da democracia de base, do poder popular, da democracia directa, etc. – a uma dicotomia simples de entender. De um lado, temos a força das massas, que move montanhas, ainda que por estes dias pareça adormecida e por isso seja necessário que a despertemos, se preciso for com discursos inflamados junto do megafone mais próximo; do outro lado, há a perícia dos poucos, que entendem saber como melhor despertar e depois aproveitar aquelas energias colossais. Num mundo caótico em que os conflitos perturbam a ordem dos dias, podemos contar com os novos Lenine para acabar com essa desordem, porque eles estão aptos a governar uma revolução, sem ceder espaço á anarqueirada. Poderá Lenine sobreviver a estes seus fiéis é uma questão que fica para um próximo episódio.

4 comentários:

Anónimo disse...

foda-se.

andaste a papar payote???

a nossa era não permite futuros Lenines.

somos todos Lenines, à nossa maneira.

teria que aparecer um super doopa Lenine.

mas eu acho que a malta não lhe prestava muita atenção. lol

julia

Banda in barbar disse...

se sobreviveu a um tiro na mioleira

era por ser de constituição mais rústica embora burguesa

os Lenines de hoje são mais frágeis e têm birras infantis

Banda in barbar disse...

peyote de peyotl?

payote de pay ó té?

Banda in barbar disse...

é o que dá nestes Lenines feitos por pastilhas de ácido lisérgico e MDMA
e anfetaminas várias

é o Brave New World Lenine?