Para ilustrar que tal castigo foi mais que merecido, invoca o colunista um disparate lírico de Joana Amaral Dias: «Olho para Jerónimo de Sousa e vejo nele um ditado popular. Convoca imensas imagens, do branco e do tinto, da fogueira e do lume.» E fica tudo explicado.
Este menosprezo sobranceiro, disfarçado de evocação telúrica assim à Torga, explica ao bravo Tadeu a desgraça bloquista: «o que sabem sobre o povo trabalhador é "um ditado popular", é uma elaboração turística, paternalista, à Pátio das Cantigas, ironicamente uma comédia salazarista. O que no Bloco sabem sobre o povo trabalhador é, portanto, zero. O que podem esperar do povo trabalhador será, assim, tendencialmente, zero.»
Para lá da pressa em fazer da tontice isolada um preconceito reinante e de ignorar que há muita gente no Bloco muito mais "povo" do que ele, Tadeu, este pedaço de prosa revela-nos um milagre estalinista como há uns anos não se via: Jerónimo é a encarnação viva do Povo. Olhar para ele é vislumbrar milhões de Zés e Marias; menosprezá-lo é ofender legiões de trabalhadores; não o reconhecer na sua humilde e multíplice glória é não perceber nem saber nada de povo. É estar a pedi-las.
Acho que gostava mais do Tadeu antes de se revelar como mais um tosco propagandista.
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5 comentários:
Luís:
Nem com a vossa pedinchice ao voto no BE$ a coisa foi, portanto...
Tome rennie que isso passa!
Enviaram-me hoje uma embalagem de Kompensan, ou lá como é que aquilo se chama. Tudo OK.
Porquê? O mercado para "toscos propagandistas" já está lotado e o meu amigo sente o seu lugar ameaçado? :-))) :-)))
Samuel,
Isto é para toscos, mas não para uns toscos quaisquer.
Chalana,
Não me recordo desse meu momento de pedinchice. Aliás, hesitei até ao dia da eleição.
Tem razão, desculpe! o seu colega Tunes é que fez o seguinte (e mais criativo) apelo ao voto no BE$:
"Nas esquerdas, o Bloco é o único partido que mostra estar em estado de necessidade"
Mas já que está servido, pode passar as pastilhas ao seu colega.
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