Anda por aí uma malta que, face à presumível vitória do Cavaco nas eleições para a presidência, acusa quem não vota nele de lhe estar a entregar o cargo de bandeja.
Fazem umas contas e uns raciocínios tortuosos que me dão dores de cabeça, tipo quadradura do círculo ou do género "mais vale mal acompanhado do que só" (princípio que parece resultar em muitos casamentos, mas que, aplicado à política, conduz ao que está à vista: de vitória em vitória até à derrota final)
Vão-me, pois, perdoar, mas eu sou uma rapariga simples. Não voto no Cavaco e também não voto em nenhum dos outros candidatos, simplesmente, porque não gosto de nenhum (como na lenga-lenga).
E escusam de se pôr aos berros a dizer que a pátria está em perigo!
21/01/11
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12 comentários:
À tua!
miguel (sp).
Se isto não fosse o que é, até poderíamos fazer tchim-tchim e que ganhe o melhor!
Sendo o que é, à nossa! e que esta treta acabe depressa.
Se acha que a politica é uma questão de gostar então é coerente o que diz, se pensa que ela é uma questão de estratégia e de táctica, então é um disparate.
Eu por mim opto pela segunda
Jorge, eu digo no post que sou uma rapariga simples. acho que com isto esclareço o seu dilema.
Jorge Nascimento Fernandes,
se quiséssemos ir ao fundo da questão, não me seria difícil mostrar que as dimensões (mediatizadas pelas praças e práticas da palavra) do "gosto"ou da "vida boa" não se deixam separar da ordem das considerações tácticas e estratégicas. Marx não o ignorava, e Aristóteles, ainda menos.
Mas, no plano da táctica e da estratégia, permita-me que o remeta para aquilo que digo aqui -http://viasfacto.blogspot.com/2011/01/quem-tem-medo-da-instabilidade.html - e noutros posts sobre o assunto, que pegam nas posições explicitamente assumidas por Alegre para sugerir que é ingenuidade ou vontade de auto-engano ver nele coisa melhor do que um candidato do regime, alinhado no essencial com uma das facções mais activas, na cena política dominante, da ofensiva neo-liberal e oligárquica, cuja primeira cabeça governamental também diz querer salvar o Estado Social, o SNS, etc., etc. (nos limites do que permite a razão da economia política governante, bem entendido - no que é acompanhado, uma vez mais, por MA).
Saudações democráticas
msp
P.S. Sobre o social-patriotismo da campanha do MA, recomendo-lhe também algumas das considerações aqui expostas pelo Zé Neves e o Ricardo Noronha.
Miguel, não te ponhas a invocar o aristóteles que eu não gosto (sublinho, não gosto) do homem, apesar dele também ser assim como eu, ou seja, simples.
claro que entre o aristóteles e o cavaco...
:)
Em vésperas de eleições não estou agora com muita paciência para discutir estratégia eleitoral. Simplesmente do pouco que escrevi neste comentário, não ao longo da campanha, não falei do Manuel Alegre. Mas para aqueles que acham que todos os candidatos pertencem ao “sistema”, o que é que isso signifique, havia sempre a possibilidade de arranjarem um, foi isso que não foram capazes de fazer e entretiveram-se todo o tempo a dizer mal daqueles que avançaram. É esse para mim o problema central. A esquerda dita não alinhada, e para simplificar revolucionária, não foi capaz de apresentar uma alternativa aos candidatos do “sistema”. Para que se registe.
PS.: Quanto ao social-patriotismo é uma expressão que tem origem principalmente na crítica que Lenine fazia aos partidos da II Internacional, quando depois do assassinato de Jaurés, de que fala a canção de Berel, votaram nos respectivos Parlamentos os orçamentos indispensáveis para os seus países entrarem na I Guerra Mundial. Falar neste momento em social-patriotismo a propósito dos candidatos à nossa Presidência da República é tão deslocado como vir falar agora em social-fascismo. Em momento mais oportuno e quando as coisas acalmarem verei se terei paciência e arte de entrar na discussão que foi travada entre Manuel Gusmão e os próceres desse blog.
próceres não é comigo de certeza...
JNF, deixemos o resto de lado, já que prefere assim. Mas, quanto ao social-patriotismo, designa a posição daqueles que, em última análise, põem a "pátria" ou a "independência nacional" em primeiro lugar, subordinando ao primado do "nacional" as suas restantes orientações políticas. Comparar a legitimidade em geral desta descrição à famigerada palavra de ordem estalinista do social-fascismo (Estaline afectou sempre a pose de um social-patriota irredutível) é desconversar.
Como sei que você é capaz de melhor, fico curiosamente à espera de o ler sobre a troca de argumentos a que o post do Manuel Gusmão deu lugar por estas - e outras - bandas.
Saudações democráticas
msp
Caro MSP
Não brinquemos com as palavras. Elas não têm o significado que em cada momento nos interessa que tenham. Social-patriotismo, na história do movimento operário, significa aquilo que eu já indiquei, a traição dos socialistas e sociais-democratas ao seu compromisso internacionalista, na altura representado pela II Internacional, e a sua subordinação aos interesses patrióticos das burguesias dos seus países. Ora quando nestas eleições você é “Contra o social-patriotismo de Alegre, Lopes, Nobre, Cavaco & Cia”, está a misturar coisas completamente diferentes. Os únicos que podem ser acusados de social-patriotismo são aqueles que se reclamam do socialismo, seja ele na vertente social-democrata, Manuel Alegre, ou comunista, Francisco Lopes, e não com certeza os Nobre, os Cavaco, os Defensores do Moura ou os Coelhos, nada têm a ver com esta história, a não ser serem também candidatos à presidência da República. No fundo, quem você pretende atingir é o Alegre e o Lopes, os únicos que verdadeiramente representam a esquerda nestas eleições. Por isso, lhe cai bem aquele anúncio do João Tunes neste blog “Não deixes que seja a direita a escolher”.
Por isso também, achei que era tão inócuo era falar de social-patriotismo a propósito destas eleições e do conjunto dos seus candidatos como de social-fascismo.
Caro JNF,
nunca pus em causa a origem histórica do termo - nisso estamos de acordo.
Reconheço também que talvez a aplicação a Cavaco do rótulo de social-patriota seja discutível: depende do modo como atendermos ou não às suas (dele) declarações a favor do Estado Social ou de convicção "social-democrata" sincera.
Quanto a Nobre, eu diria que é um social-patriota caracterizado, embora menos veemente do que Alegre, mas, tal como este, pondo os interesses de Portugal acima do dilema monarquia/república, confraternizando sem vergonha com os caricatos rebentos da casa de bragança, etc., etc.
O Defensor de Moura, além de militante do PS, não sei o que é. E ao Coelho, podemos deixá-lo também de parte,
Resta o Francisco Lopes que produziu, em meu entender, o discurso mais social-patriota da campanha, condimentando-o com a patusca ideia de uma indemnização a Portugal pelos prejuízos causados pela adesão ao euro.
Creio, no entanto, que a nossa divergência maior se mantém e registo que, sobre ela, você pouco argumenta, no sentido de demonstrar que, ao contrário do que escrevi ontem e aqui repito, não é, no melhor dos casos, "ingenuidade ou vontade de auto-engano" ver em Alegre "coisa melhor do que um candidato do regime, alinhado no essencial com uma das facções mais activas, na cena política dominante, da ofensiva neo-liberal e oligárquica, cuja primeira cabeça governamental também diz querer salvar o Estado Social, o SNS, etc., etc. (nos limites do que permite a razão da economia política governante, bem entendido - no que é acompanhado, uma vez mais, por MA)".
msp
uma pessoa tenta ser simples mas raramente a deixam...
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