14/01/11

Um rosto de Esquerda para a austeridade


"Manuel Alegre foi sempre uma voz de divergência com a capitulação perante o liberalismo, uma garantia na defesa dos serviços públicos, uma voz em defesa dos direitos do Trabalho."
Jorge Costa, Esquerda.net
É absolutamente notável esta capacidade de afirmar, com tanta convicção, coisas que são absolutamente falsas. Jorge Costa tem contra os seus argumentos uma incontornável montanha de factos, cuja história rigorosa não é difícil conhecer.
Que garantias deu Manuel Alegre contra as propinas ou contra as taxas moderadoras? Que voz de divergência se fez ouvir quando foram privatizados os monopólios da eletricidade, das telecomunicações ou dos combustíveis? Que voz se ergueu em defesa dos precários e precárias deste país, sempre que se tratou de prolongar o prazo dos contratos temporários?
Se a burguesia portuguesa se uniu em torno de Cavaco, isso não quer dizer que não conte com toda a disponibilidade  do candidato do Partido Socialista para garantir a "estabilidade" fundamental aos seus negócios. Os donos de Portugal não dormirão menos descansados pelo facto do Sr. Silva sair de Belém. 
O apelo ao voto em Alegre é uma desistência absoluta.  Desistência de romper os equilíbrios políticos deste regime e o poder da oligarquia que dele se serve. Dar um rosto de Esquerda à austeridade não a tornará menos austera. Para além disso, todo este patriotismo está a a tornar o ar dentro desta latrina completamente irrespirável.

3 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Na mouche, Ricardo. Lapidar. Não há outras palavras melhores do que as de "desistência absoluta" - de pôr em causa o regime e o princípio da dominação oligárquica - que aqui usas.
Fogo sobre a frente social-patriítica trans-candidaturas. É sinal de peste.

Abraço apátrida

miguel sp

Ricardo Noronha disse...

As palavras são do próprio Jorge Costa, a propósito do voto em branco. Mas fazem mais sentido aqui. Um abraço sem pátria para ti também.

Niet disse...

Grande texto! Niet