13/04/11

Até quando?

Enquanto economista e político — eventual candidato presidencial do PSF —, DSK vê e ajuíza de um modo, enquanto responsável do FMI decide precisamente o contrário do que vê e ajuíza.  Aqui fica o post do José M. Castro Caldas que explica como. É ler até crer.

É preciso fazer os ajustes orçamentais “com um olho subtil no crescimento”, alerta Strauss-Kahn.

Oh Strauss-Kahn, explique lá como é que isto se faz sem ser com facilidade nos despedimentos, liquidação da negociação colectiva e dos sindicatos, mais desemprego e redução dos salários para niveis chineses.

Empreste o 'olho subtil' aos seus homens em Portugal, até porque, como diz:

“As políticas de redução orçamental podem baixar o crescimento económico a curto prazo e isto pode mesmo conduzir a um aumento a longo prazo do desemprego, transformando-se assim um problema cíclico num estrutural”.


Já sabíamos que, como diz Bernard Maris, os gurus da economia nos tomam por imbecis. Só falta compreendermos que só será assim enquanto nós próprios nos tomarmos por, e agirmos em conformidade com, aquilo por que nos tomam os gurus que governam aqueles que deixamos — quando poderíamos fazer, sem dúvida, coisa mais inteligente - que nos governem e governem em vez de nós.

28 comentários:

Louçã das Caldas disse...

o salário do chinês

não se amassa em sal

fome em português

até nem fica mal

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

Até quando?

A falta de senso?

Dura e ternamente:

OS LOUÇÃS DAS CALDAS NAVEGANDO NA CATRINETA NAU
BOA A FOME E O DEMO É LINDO

E BOM É NAUFRAGAR

NÃO PODE MAIS E SORRINDO

DESCE À PRAIA E FEZ-SE AO MAR

DESTROYER

POR SOBRE O MAR ESTE CÂNTICO

MANSO E FINO A MURMURAR

ENCHE O PAÍS ATLÂNTICO

E SEPULTOU-O NO MAR

ê vô arranjar um barquinho....

xatoo disse...

como diria o outro (um dominicano francês do tempo das cruzadas) enquanto não se aperceberem da natureza do sistema sionista de dominio global em gestação, temos pela frente o paradoxo do asno: um burro confrontado com dois fardos de palha exactamente iguais, salvo por ignorância ou impedimento, escolhe sempre a melhor opção,por uma questão de "economia" aquela em que é preciso trabalhar menos. Logo, moralmente vc MSP não tem por onde se queixar em relação à empreitada imperialista em curso, porque é das bizarras personagens que por aqui andam que mais tenta ocultar a verdadeira natureza da opressão a que estamos sujeitos

Miguel Serras Pereira disse...

Estou farto de dizer ao xatoo que não vou em reedições dos protocolos dos sábios de sião - nem noutras teorias conspirativas da história.
Mas não há maneira de o homem ir (neo)nazificar para outro lado e aprender a deixar discutir o resto da malta, uma vez que não o quer fazer ele próprio.

msp

Banda in barbar disse...

a conspiração implica objectivos

uma sociedade secular só tem objectivos a curto prazo


e cada vez mais

xatoo disse...

"estou farto de dizer que não vou em"
confrontado com o impedimento ou a ignorância MSP escolheu o fardo de palha óbvio: todo aquele que ousa disputar-lhe aquilo em que ele "não vai" é grosseramente apelidado de antisemita, nazi, lagarto, etc.
Diga-me uma coisa: e em que é que interessa à sociedade aquilo em vc individualmente "não vai"?

Quanto aos objectivos da clique dirigente a curto prazo só se pode estar de acordo com "Banda in barbar". Está-se a ver na Libia (intervenção onde MSP se mostrou um acérrimo defensor da intervenção ocidental pelo petróleo): Os politicos amigos de MSP dizem que ficarão o tempo necessário na Libia até o bando de rebeldes estar no poder; Rasmunsen diz que o conflito não tem resolução militar, apesar da NATO estar a fazer o máximo que pode. É de facto um objectivo de curto prazo - enquanto durar estão a facturar - stocks de armamento por futuros bolsistas em petróleo

Miguel Serras Pereira disse...

O xatoo que leia o que eu escrevi sobre a questão Líbia e o que deveria ser o apoio dos movimentos democráticos europeus à revolta. No essencial, uma posição baseada nas razões apresentadas sobre o problema por Rui Tavares, Miguel Portas e Marisa Matias. A ideia era precisamente conseguir um apoio que excluísse o tipo de intervenção que veio a verificar-se. Remeto os interessados para o meu último post sobre o tema, transcrevendo a tomada de posição de Achcar: "armar os rebeldes, emancipar a resistência à ditadura" (http://viasfacto.blogspot.com/2011/04/gilbert-achcad-sobre-libia-armar-os.html).

O xatoo é um pescador de águas turvas. E bem pode ir (neo)nazificar, fingindo que "esquerdiza", para outras bandas, que estas nunca lhe serão propícias.

msp

xatoo disse...

águas turvas:
"armar os rebeldes, emancipar a resistência à ditadura" é precisamente o que têm vindo a dizer Obama, Sarkozy, Cameron e Berlusconi - como se vê MSP anda em boas companhias, das que não necessitam de andar mascaradas
Para MSP e para a NATO trata-se efectiv/ de um objectivo a curto prazo: destruir as estruturas existentes e subsititui-las por outras...

Miguel Serras Pereira disse...

A deriva antissemita do xatoo agrava-se e reforça-se através de uma processo de analfabetização progressivo e bem patente aqui. Quem quer que saiba ler - concordando ou não com as posições de Achcar - não pode confundi-las com a apologia da política oligárquica dominante na UE que o seu texto visa justamente denunciar.
Mas, tal como muita gente em destaque, o xatoo tem visivelmente um problema com a verdade - uma exigência "militante" de fundo que o exorta à falsificação. Hitler e Goebbels "teorizaram" a opção que o xatoo pratica.

msp

xatoo disse...

tá bem abelha, a lógica é a da batata - se foi a UE que armou Gadhafi agora tem a obrigaçãp moral de armar também os "Rebeldes" (ganha a indústria armamentista Ocidental para quem os clientes são fundamentais) - incapaz de ver um boi maior que este, então MSP vira-se para a cassete do costume, Hitler e Goebbels, Estaline e Mao
e a seguir virá a islamofobia crónica de MSP, com a esperada diabolização da remanescente resistência libia como sendo perigosos fundamentalistas religiosos, etc

Miguel Serras Pereira disse...

O xatoo quer desviar a conversa.
Deixando de lado a Líbia - ou também a propósito da Líbia -, o certo é que o seu comentário inicial acentuou a necessidade de compreendermos a "natureza do sistema sionista de dominio global em gestação".
O ponto bate aqui: porque é que "o sistema de domínio global em gestação" é sionista, e não americanista ou sínico e cínico? Porque é que se fala em "sionização", e não em sinização ou americanização do sistema global? As razões são duas: primeira, os sionistas são judeus; segunda, a judeização da globalização, via sionismo, permite aprsentá-la como uma conspiração de um grupo étnico-cultural minoritário, e, depois, incitar à destruição desse grupo como condição da paz e da liquidação do capital financeiro. Ora, todos sabemos, ou devíamos saber, onde levam estes raciocínios e visões estratégicas.
N.B. O "maoísmo" tem outras culpas no cartório, mas não me parece que, entre elas, o antissemitismo figure. Estaline era entranhadamente antissemita, mas nunca chegou a impor ao regime uma linha oficial antissemita declarada, embora, nos últimos anos da sua ditadura, sejam detectáveis elementos de antissemitismo "oficioso". Mas o antissemitismo que o xatoo representa importa para uma espécie de neo-estalinismo-maoísmo improvisado um tipo de antissemitismo de princípio, fundamental, "nuclear", e torna-o um pilar doutrinário decisivo, com um papel organizador e homólogo ao que essa ideologia desempenhou no nacional-socialismo.
É por isso que não discuto com ele - vejo-me apenas forçado a refutar as suas posições na medida em que ele as exprime publicamente num espaço de debate político do qual sou um dos participantes. Gostaria de o deixar claro aqui - de uma vez por todas.

msp

Anónimo disse...

Calma e um pouco de discernimento, please! Claro que, por princípio, as posições antisemitas do sr. xatoo invalidam a 90& todo o tipo de discussão. Ainda por cima são muito fraquinhas...Há um texto fabuloso do Z.Neves- Iniciar a luta final- de 22 de Março último que equaciona de forma superior todos os dilemas que se prendem com os bombardeamentos e contra-bombardeamentos. É preciso que todos o (re)leiam. Está lá tudo: fala de um post do NR de Almeida no 5 Dias-que também comentei superfavoravelmente- sobre o qual, ele, ZNeves, diz concordar: " o meio( bombardeamentos), conduzirá a outro fim ". E depois seguem-se 20 comentários mais. Como já nessa altura escrevia ZNeves, " é tempo de condenarmos sem reservas os bombardeamentos em curso ". E já passaram 3 longas semanas de grandes exacções da NATO em crescendo no terreno, apesar dos erros de planning e de concertação estratégica no seio da Aliança. Tais ataques são inimagináveis, desproporcionados e, a partir de ontem contam com a promessa reiterada- na reunião de Berlim da NATO- de serem passados a nível superior de intensidade pelos raides aéreos de bombardeamento. Rony Braum, Samir Amin e dezenas de personalidades mundiais condenam a forma que tomou agora o ataque
militar contra o regime de Gadaffi.
Um dos aspectos mais interessantes referidos pelo MS. Pereira prendia-se com a
tentativa de querer estender a luta anti-oligárquica- a nível da U.E.- ao processo de apoio militar
e logístico aos " revoltosos " líbios. Com o quotidiano e incontrolável aparato policial e bélico das principais potências mundiais em terra, no ar e no mar,a fazer fogo em tudo o que mexe; com a violação/adestramento das recomendações da ONU e a mise--en-scène de um "cenário" de apocalipse irremissível e fatal contra Gadaffi e o seu regime;eu espero o pior para o futuro da Líbia, em particular, e do Médio Oriente, em geral. Disso mesmo, com a ajuda dos bons jornais, blogues e revistas, nos vamos apercebendo a cada hora que passa.
Só para acrescentar,como elucidativo do " ambiente " pseudo-democrático vigente no núcleo duro dos países da U.E.: Desde há sete anos, que os sucessivos governos de Direita franceses ensaiam uma famigerada Lei de Segurança Interior- Guerra contra o terrorismo- que já vai na sua 37.a versão consecutiva...E, na Inglaterra e na Alemanha, as " coisas "- a repressão e o controlo científico do espaço público de Opinião e Expressão- ainda são mais sofisticados e "totalitários".
Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Niet, mas o que se passa é que o texto do Achcar que aqui "pestei", ou uma das últimas crónicas do Rui Tavares, ou os meus próprios posts se inscreve justamente na linha das "dezenas de personalidades mundiais [ e movimentos de opinião, que] condenam a forma que tomou agora o ataque militar contra o regime de Gadaffi".
Dito isto, este post era a transcrição comentada de um outro que o José M. Castro Caldas publicou sobre certas curiosas declaraçoes de DSK…
Foi essa discussão que o xatoo achou por bem sabotar.

Bom vento e liberdade

msp

xatoo disse...

as minhas posições podem ser "muito fraquinhas" mas o que é certo é que não as conseguem refutar sem o recurso ao chavão rasca de "anti-semita" - como se o Greenspan, o Bernanke, o Summers, o Zoelick, o Gheitner, o Soros, o Strauss-Khan, o Cameron, o Emmanuel Rham, etc etc tivessem nascido na Galileia...
entretanto:
http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/04/15/la-otan-desestima-cambio-de-resolucion-de-la-onu-el-blanco-sigue-siendo-gadafi/

Anónimo disse...

Mr xatoo: Para mim, todos os Homens são naturalmente iguais! Essas posições ficam-lhe muito mal, e em França podia mesmo ser condenado.Severamente. Gosto imenso do E. Raham, o novo mayor de Chicago e brilhante homem-sombra de Bill Clinton e Obama; li e coleccionei todas as crónicas do " divino " economista Summers no F. Times até ser de novo prof. em Harvard e/ ou Princeton;aprecio Strauss- Khan e espero que ele derrote Sarko; acho que o Gheitner vai ajudar a relançar a economia USA; e Soros, Zoelic, Greenspan e Bernanke são muito estimáveis, a todos os títulos.Niet

xatoo disse...

Niet
qualquer Sionista não diria melhor; embora não digas ad quid pro quo não pescas patavina do modo como está estruturado o modo de dominação do Império - tanto que nem viste que o nome não é Emmanuel Rham (que inverti propositadamente) mas sim Rham Emmanuel - se gostas dele, tu e ele são os dois da mesma laia, o novo mayor da cidade sede dos "democratas" até cumpriu o serviço militar no IDF - quantos palestinianos terá torturado para mercer a importância dos cargos que tem tido?
passar bem

Anónimo disse...

O sicofanta que dá pelo nome de MSP romantizou a imagem dos "rebeldes", que são monárquicos e de extrema-direita. As sarrafaçaduras do MSP são tão gritantes, ainda para mais se tivermos em conta a forma estúpida como insultava o Renato Teixeira sobre a questão islâmica.
E olhe, sabe?, os insultos ao xatoo não colhem. Nós vemos bem que está a fugir ao conteúdo da discussão com os impropérios que dirige às pessoas. Você dialogue com o Serras, com o Pereira e com o Miguel - só estes três se aturam.
E o suminho disto tudo é este: você apoiou as bombas da NATO, a destruição da Líbia, do seu povo e dos sectores progressistas. Você dourou a pílula em relação aos fascistas monárquicos, fazendo deles "rebeldes" democratas. Você detesta o povo e ama a UE, a NATO, a burguesia europeia e o capital.
Um mês passado sobre o início da invasão já toda a gente viu o que significou o seu apoio à NATO. Não se esforce mais, pá.

Rui Manuel Pereira Gonçalves

PS - O Niet é tão palerminha...

Miguel Serras Pereira disse...

Rui M.P.G,

1. o que eu defendi está escrito aqui com todas as letras em vários posts e exprime uma oposição clara e de princípio ao tipo de intervenção em curso - não a toda e qualquer forma de apoio aos rebeldes líbios. O que eu escrevi nada tem a ver com a sua versão do que teria escrito

2. Caracterizar a revolta líbia como protagonizada por monárquicos e fascistas é quase tão genial como conceder a seguir ao regime de Kadhafi a solidariedade dos "sectores progressistas" e do "povo da Líbia". Para quem não se deixa imbecilizar completamente pelo sectarismo, é evidente que Kadhafi beneficiou até uma data recente dos apoios maciços do Ocidente, que lutar a seu lado e do seu lado nada tem de progressista e, por fim, que, em momentos de transição como o que se vive na Líbia, a presença eventual de monárquicos e fascistas, ex-ministros do ditador, etc., entre os seus actuais inimigos nada tem de surpreendente, e não permite caracteriza o conjunto da insurreição e da oposição à ditadura como "extrema-direita" ou monárquicos restauracionistas.

3. Foi precisamente tendo em vista desipotecar a condução e orientação da luta contra Kadhafi da influência, chantagem ou controle disfarçado das oligarquias da UE e de outros países, que insisti desde o princípio na limitação estrita da intervenção ao assegurar de uma zona de exclusão aérea e na necessidade de, não embargando o país, armar a revolta contra Kadhafi, reconhecer as suas instâncias de coordenação como autoridade transitória legítima sobre todo o território, fazer do campo da revolta o único interlocutor politicamente reconhecido. Pelos vistos, não houve por parte dos democratas da Europa nem força nem vontade suficientes para impor aos seus governos esta política, que estaria - como é evidente para toda a gente menos para o Rui M.G.P - nos antípodas da que a oligarquia da UE adoptou e está a aplicar.

4. Recomenda-se a leitura no esquerda-net dos artigos sobre a Líbia de Wallerstein e Brauman, bem como a tomada de posição pública de Miguel Portas e Marisa Matias. Ler também o artigo atrás referido de Achcar. E ter presente, se quisermos tentar fazer qualquer coisa que valha a pena em apoio das reivindicações veiculadas pela revolta mediterrânica, o que escreve Rui Tavares:

"No mundo árabe a revolução foi e está a ser brutalmente mutilada. No Bahrein com uma cínica invasão saudita a que erradamente ninguém presta muita atenção. Na Líbia um massacre em Benghazi foi evitado a poucas horas de acontecer (votei a favor de uma no-fly zone com mandato da ONU que o pudesse impedir) mas em vez de uma ação restrita para proteção de civis e com vista a um cessar-fogo temos agora uma situação pendular com risco de enquistamento ou escalada (eu estava consciente deste risco ao votar e, apesar dele, acho que fiz o que estava certo). E, na Síria, com a repressão fria, seca e brutal característica daquele estado policial".
(http://ruitavares.net/textos/o-falhanco-e-depois/)

De resto, embora eu não subscreva uma parte da análise que o Rui Tavares faz da situação portuguesa, ler-se-á com vantagem todo o post que acabo de referir. Tem o mérito indiscutível de tentar pensar conjuntamente os problemas locais, regionais e globais e de pôr em evidência a necessidade de o fazermos se quisermos fazer politicamente qualquer coisa capaz de transformar as condições que sofremos. Tentando tomar a iniciativa em vez de apresentarmos apenas listas de agravos (por mais justas e fundamentadas que estas últimas sejam).

msp

Anónimo disse...

Interpelante R. M. Pereira Gonçalves: A terrível tristezinha portuguesa espelha-se nas " acobracias " de numenclatura e tiros de pólvora seca. Guardei sempre o sangue frio nesta gesta contra a Guerra Imperialista contra o povo líbio. E argumentei com reportagens dos enviados especiais do Il Manifesto, e com artigos de dois ou três grandes cientistas históricos de fama mundial como Vijay Prashad e Andrew Lévine- que escrevem amiúde no Counterpunch- para lá dos relatos e artigos do Rue89, de Immanuel Wallerstein( o último artigo tem três dias), do Rony Braum e dos grandes reporteres e articulistas do NY Times, The Guardian e Foreign Policy.Além de blogues associados a esses diários. Tudo isto, evitando cometer o erro grave de pactuar com formas de terrorismo moral( disfarçadas ou envolvidas numa guerra de religões funesta e inoperante).Como disse o Kant, o terrorismo moral é um suícidio político muito redundante. O processo de oposição às possíveis exacções a serem cometidas pelo regime totalitário de Gaddaffi foi mal conduzido e serviu de pano de fundo, é a minha opinião, para uma guerra imperialista contra um Estado rico em hidrocarbonetos. Tudo isso manipulado cientificamente por dois lacaios subalternos das oligarquias mundiais mais fraudulentas, viciadas e viciosas em queda livre- social e politicamente.Esse cartel -tipo Dallas- incarnado pela dupla Sarkozy/Cameron em perigo de sobrevivência, não obstante toda a " cegueira " operada no lançamento da " missão ", conseguiu convencer Obama a disparar nos primeiros dias...E, há fortes indícios que, a dupla anglo-francesa, vai contrair grossos créditos internacionais para comprar os misséis e morteiros para destruir o pouco que já resta da Libia. Esta política de agressão e genocídio praticada pelo dueto- e apoiando-se no núcleo duro da NATO- irá alterar todo o quadro de relações de força no Médio Oriente, em particular, e gerar um agravamento das tensões politico-militares nos principais " santuários " da luta de classes no resto do Globo. Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Niet,
apesar de concordar com parte das tuas posições, sob outros aspectos a minha discordância é radical. Independentemente da questão de saber se era legítimo excluir TODA E QUALQUER PRESSÃO SOBRE OS GOVERNOS DA UE NO SENTIDO DE APOIAREM OS INSURRECTOS - o que fizeram contra-vontade, como bem se viu nos primeiros dias da revolta, em que se multiplicaram as declarações vergonhosas como as do nosso embaixador em Tripoli -, há um ponto em que a tua formulação "GUERRA IMPERIALISTA CONTRA O POVO LÍBIO" me suscita a pergunta: como chamas, então, à guerra de Kadhafi contra os insurrectos? Não é uma guerra contra o povo líbio? É o quê? Se disseres que é a guerra de uma parte dos líbios contra outra parte, terás de considerar o conflito uma GUERRA CIVIL, e tarás de deixar de falar, à maneira do Avante!, em "guerra imperialista contra o povo líbio".
Acresce, mas são aspectos que já referi noutras alturas, que Brauman, Wallerstein e alguns outros não puseram em causa, ao contestarem a intervenção europeia, a necessidade de armar os insurrectos (Brauman) ou de os apoiar de uma forma ou de outra. Entre nós, com as gradações e divergências tácticas que sabes, foi também esta a posição adoptada por Miguel Portas, Marisa Matias, Rui Tavares, Pedro Viana, LAM, eu próprio e muitos outros.

Boa reflexão sobre o assunto e nada de ventriloquismos. Sans rancune

msp

Anónimo disse...

Caro MS.Pereira: Como bem o sinalizas,e eu não o esqueço, o caso da " Guerra Civil " na Líbia é muito complicado porque o regime de Gadaffi é de estrutura e raíz totalitária. De qualquer das formas, o tipo de intervenção manipulado pela NATO só tem um nome: guerra de intervenção imperialista.É o que dizem o Prashad e o Levine, entre outros. E o Braum disse à France 24 que já era contra a intervenção militar,isto há mais de 8 dias,e que a via com grandes inquietações(sic). Salut! Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Bom, a minha objecção era contra a expressão "guerra imperialista contra o povo líbio" - parece que a retiras ou desistes dela, e ainda bem.
Rony Brauman opôs-se, de facto, à intervenção, mas defendeu que exigíssemos o apoio (em armamento, etc.) dos insurrectos. Não assume equidistância entre o tirano e os revoltosos, nem apoia o tirano enxovalhando os revoltosos, como se estes não passassem de um bando de fascistas e monárquicos.

Bom vento

msp

Anónimo disse...

Mais uns dados relevantes. As declarações de Rony Braum a que te referes, datadas do dia 21 de Março último,estão ultrapassadas por uma entrevista no plateau de France 24, de há duas semanas, onde
ele se demarcava totalmente das operações da NATO. Anteriormente, com efeito, Braum já era contra os bombardeamentos aéreos mas,quase que no inicio da ofensiva da NATO, fazia a apologia das sanções e boicotes logisticos ao regime de Gadaffi, defendendo ao mesmo tempo o apoio em armas e diversos aos revoltosos.
Entretanto, Gérard Chaliand- um dos mais conhecidos peritos de Guerrilha e Terrorismo a nível mundial, diz que a Líbia não tem hipóteses de se defender contra a super-esquadra da Aliança Atlântica. Admitia mesmo- pois a entrevista foi a 16 de Março- que a intervenção aliada era " coisa " para ser breve e fulgurante...Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Niet,
o Rony Brauman sempre se demarcou por completo das operações da NATO: não era na NATO que pensava quando falava em apoio em armas, etc. aos insurrectos. E, quanto a mim, sempre defendi que não deveria ter sido a NATO a controlar as operações (ainda que mínimas e limitadas à garantia de uma no fly zone). A incapacidade dos movimentos democráticos e radicais de imporem na UE formas de apoio alternativas (que não consistissem no puro e simples lavar contrafeito das mãos, complementado por dois ou três votos piedosos) deixou maior liberdade de acção às oligarquias e à defesa dos seus interesses.

msp

Anónimo disse...

Acho que foi por puro idealismo que o MS. Pereira pensou ser possível " contornar " a força dos Estados que compõem quer a U.E. quer a NATO.Infelizmente, no tempo de Sarkos, Camerons & Berluscos,só a luta armada- como?, em que bases? e aonde?- a não ser com o modelo dos Conselhos Húngaros de 1956?- poderá ter resultados positivos na libertação, prestando homenagem a Castoriadis:a ideia de autogestão jamais se poderá separar da da formação do poder dos Conselhos Operários e da inerente destruição da ordem existente. Salut! Niet

Anónimo disse...

Entrevista/video de Rony Brauman no Blogue Rue 89. FR. Novos detalhes da visão política e humanitária do célebre fundador de Médicos Sem Fronteiras. A não perder. " Penso que a época em que era possível revocar os dirigentes de um país por outros, de escolher o tipo de regime que se adaptasse aos interesses das Grandes Potências está ultrapassada. Não só no plano moral e político; mas, também, no plano prático.Porque o nivel de violência que é preciso usar para impôr tal objectivo, afigura-se agora interdito ".
E, acrescenta, também que os revoltosos acabaram por serem incapazes de criar o factor básico de assumir responsabilidades na construção de uma relação de força interna,ao contrário, apoiaram-se em forças externas, em que se estabelecem relações entre a minoria e os Impérios, estilo que caracterizou a época imperial,o que determina o caminho para uma anunciada catástrofe. Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Niet,
se leste com um mínimo de atenção o que fui escrevendo sobre o assunto, saberás que, no essencial, a posição do RB e a minha coincidem. Ambas condenam, por um lado, o cruzar os braços perante os propósitos de chacina de Kadhafi, e, por outro, não aceitam a incondicionalmente qualquer forma ou dimensões da acção "interventiva". DE resto, RB explica bem a dificuldade de uma posição desse tipo - assumida aqui no Vias, por exemplo, pelo Pedro Viana e por mim -, ao mesmo tempo que mostra ser a única democraticamente aceitável. A passagem estreita passava entre não apoiar os insurrectos e deixar agir Kadhafi e não os substituir ou suspender (como poderia dizer o Zé Neves) com um apoio que os neutralizasse e subordinasse aos interesses dos apoiantes.
Uma intervenção limitada e definida, acompanhada de outras formas de apoio explícito e também definido, continua a ser para Brauman, como para mim, a resposta válida - que os democratas ocidentais e, nomeadamente, europeus não puderam, não souberam e não tentaram sequer seriamente impor aos seus governos.
Assim, só posso agradecer-te que manifestes, um pouco tardiamente, a tua adesão à perspectiva que o Pedro e eu, aqui no Vias, e alguns outros, noutras instâncias (Rui Tavares, Miguel Portas, Marisa Matias…) defendemos desde o início.

O meu apreço e respeito pelo Rony Brauman vem já de há mais de uma dezena de anos a esta parte. Felicito-te por te juntares aos que com eles têm aprendido a interrogar-se, sem deixar de agir, no momento da acção.

msp

Niet disse...

Caríssimo: Ainda não sei se posso ser um antimilitarista pragmático, mas tenho muito boa vontade e amo a Justiça e a Liberdade. Tentei aberta e livremente " estudar " a raíz do conflito. E poupei-me, é mesmo o termo, o facto de ir reprocurar os textos dos politológos de Yale ou Harvard, que o Adler, o Hassner e o Pascal Boniface citam a bom ritmo... Comprei em Estrasburgo uma preciosidade- as Memórias do simplesmente fabuloso Victor Serge-a muitas léguas do esquematismo truculento mas frio das análises do P. Bolchevique do Broué. Deliro com este livro: por tudo. Pela poesia, verdade,ciência e ética. Quando se vê os estragos que esses livros-rapsódia que saem em Lisboa sobre o Estaline, o Mao, etc. andam a fazer na inteligentzia lusa agora... E, num alfarrabista português vi uma coisa- que só por acaso e a horas madrugadoras se encontra nos tempos que correm em Paris...- as Obras Completas do divino Marquês de Sade e a monumental biografia sobre ele do J-J. Pauvert. Eu tenho a do Gilbert Lely, claro. Foi óptimo termos discutido e aberto o diálogo para vencer medos e fantasmas.O debate não pode parar! Salut! Niet