As seguintes palavras do Rui Tavares, que a Joana Lopes destacou no seu Brumas: "Que barulho é este? É o som de Portugal esmagado debaixo da banca, por detrás do estardalhaço da Europa a desconjuntar-se", completadas pela consideração do "golpe de Estado" que o Pedro Viana evoca, fazem-me retomar aqui o essencial de um comentário que escrevi na caixa dos mesmos de um post que o Nuno Ramos de Almeida ontem publicou.
É ou devia ser evidente que o quadro do Estado-nação é uma arena ou uma trincheira absolutamente insuficiente para o relançamento democrático de uma nova organização económica como o que sugeres. Chutar a crise para o plano internacional, começando por europeizar as lutas, os protestos, os conflitos, obrigando a Europa a intervir, sim, mas de outro modo, seria um primeiro passo. O que passaria por desautorizar o governo do país e a previsível solução que Bruxelas nos quererá vender, por impedir o normal funcionamento das instituições europeias, reclamar a sua refundação e a sua efectividade noutros termos, apelar à solidariedade dos trabalhadores e cidadãos comuns dos outros países da UE, criando um foco de ingovernabilidade e tentando generalizá-lo.
Vamos lá ver se haverá quem o perceba – e a tempo – tanto aqui como noutros lugares.
08/04/11
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3 comentários:
Antes de «europeizar» as lutas» (a Europa é muito grande e variegada...), Miguel, procurar reunir-nos já com Grécia e Irlanda. Isso, sim!
Evidentemente que sim, Joana. Mas não só com a Grécia e a Irlanda e não desprezando a solidariedade e actos de "legítima defesa", amplamente entendida, por parte de movimentos e forças que identificam a ameaça. menos imediata mas presente, também nas suas latitudes: Reino Unido, Espanha, Itália, França, etc. De resto, por todas estas paragens tem havido indícios de mobilização e prenúncios de tomada de consciência da "táctica do salame" da ofensiva oligárquica na Europa, que começa pelos "elos mais fracos", mas está longe de entender limitar-se a eles.
msp
Claro, Miguel, estou mais do que convencida e activa: assumo que conheces isto (lê o «Quem somos») e espero (!…) que frequentes a página do P Uncut no Facebook, já cheia com muita informação todos os dias.
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