07/01/11

Há trinta anos, só três arriscaram imitar as árvores

Estava o ano de 1981 no início e os restos do fascismo de recorte franquista ainda não queriam democracia em Espanha. Os militares golpistas entraram pela Câmara de Deputados (as chamadas "Cortes") aos gritos e depois aos tiros, mandando toda a gente deitar-se no chão. Três homens recusaram e mantiveram-se de pé, dispostos a morrerem como as árvores: o primeiro–ministro Adolfo Suárez (da direita e vindo do franquismo), um general (Gutiérrez Mellado) e um deputado e dirigente partidário (Santiago Carrillo, então SG do PCE). Um momento dramático e crucial como este ficou a merecer um grande escritor para que possa ser devidamente interiorizado pela memória histórica e enquanto lição política, em Espanha mas não só.

O livro vem aí em edição portuguesa (Dom Quixote), é da autoria de Javier Cercas e intitula-se “Anatomia de um instante”. Para a sua edição original, há dois anos, o Ministério da Cultura de Espanha atribuiu-lhe o Prémio Nacional de Narrativa e cinquenta críticos do "Babelia", suplemento literário do jornal "El País", elegeram-no como o melhor livro editado em Espanha em 2009. Portanto, um livro a justificar vigilância apertada e assídua aos escaparates.

(publicado também aqui)

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