30/09/10

Aníbal Alegre vs. Manuel Cavaco


«Não estou a combater nenhum governo, o meu combate é com Cavaco». Há frases aparentemente inócuas que são todo um programa político. O que Alegre nos diz com esta tirada é que se está nas tintas para a forma como somos ou não governados por este ou por outro governo. O seu adversário não é a pobreza, a desigualdade, o desemprego ou um primeiro-ministro troca-tintas e sem pingo de ética. Não; a batalha de Alegre é com o indivíduo que quer ocupar o poleiro que o poeta acha que lhe é devido.
Sempre que elenca as suas prioridades e os seus grandes valores, emite uma névoa de banalidades que em absolutamente nada o distingue do inimigo. O tal «melhor aproveitamento do mar» é lugar-comum há muito navegado pela múmia de Boliqueime (Alegre acrescenta-lhe o cómico «mas também da terra», deixando de fora apenas a atmosfera). O chavão de querer «que os centros de decisão continuem em mãos nacionais» já anda na mala de Cavaco há anos. A «sustentabilidade do próprio Estado Social» idem. Nem o exorcismo ao FMI traz qualquer novidade.
Mas pode ser que até às eleições alguém me apresente uma razão para votar neste saco cheio de vento.

2 comentários:

Ricardo Alves disse...

Rainha,
isso é pegar numa frase descontextualizada para dizer... nada.

O combate político de Alegre é para derrotar Cavaco, e depois podermos ter um melhor governo. O seu programa é bem claro: melhores serviços públicos, mais prudência com as transferências de soberania, mais atenção aos abusos dos grandes poderes económicos.

E o combate do Luis Rainha? Não combate Cavaco, combate Alegre?

Luis Rainha disse...

Ricardo,
O contexto está no loink. Não o escondi e é apenas mais uma mão-cheia de nada.
Essas três missões já fazem também parte das bandeiritas de Cavaco, como se pode aqui constatar. Que sobra?
E, a bem da verdade, não me interessa qualquer combate em torno destas eleições, ainda por cima de resultado já mas que anunciado.
Votarei branco ou, se acordar com sentido de humor, em Fernando Nobre.