18/09/10

Quando Zapatero imita Alegre…

A Joana Lopes publica no Brumas o seguinte post, que vale a pena divulgar na íntegra:

Ainda a propósito da expulsão de ciganos: embora as posições de Sócrates e de Zapatero tenham sido mais ou menos semelhantes em Bruxelas, o mesmo não se deu com as dos deputados dos seus respectivos partidos. Para mais tarde recordar.
«Mientras el presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero, defendía a Nicolas Sarkozy en Bruselas , el Grupo Socialista registraba en el Congreso una proposición no de ley en la que se afirma que "las expulsiones colectivas son contrarias al derecho comunitario, a los valores y principios europeos"».

Só é pena que a Joana não se tenha dado conta — ou, dando-se embora conta, tenha preferido não o fazer notar e não incitar os seus leitores a reflectir sobre o assunto — de que Zapatero, compreendendo Sarkozy, mais não fez do que imitar o "sentido de Estado" de que Manuel Alegre deu provas ao "compreender" as medidas do PEC, ainda que lamentando a sua necessidade.  Dir-me-ão que o principal motivo que justifica o apoio à candidatura de Alegre é derrotar Cavaco. Mas não será isso justificar que os deputados socialistas espanhóis deveriam ter-se calado, apoiando Zapatero, num momento em que este sofre a séria ameaça de Rajoy? Ou que as deportações de Sarkozy se justificam na medida em que se destinam a travar o passo à extrema-direita de Le Pen, roubando eleitores ao Front national?

7 comentários:

Grunho disse...

Não vi nesse post a Joana Lopes a misturar o Manuel Alegre com o Zapatero.

Miguel Serras Pereira disse...

Grunho,
nem eu e é precisamente esse "não ver" ou esse não dizer o que salta à vista - a semelhança ou homologia entre a atitude de Zapatero perante Sarkozy e a atitude assumida por Alegre perante as políticas de Sócrates - o objecto do meu comentário. Sem esquecer o silêncio que Alegre mantém até ao momento perante a rejeição parlamentar - com o contributo maioritário do grupo parlamentar do PS - da proposta apresentada pelo BE.
Há, no mínimo, um duplo critério de juízo por parte de alguns apoiantes de Alegre: quando Sócrates e o grupo parlamentar do PS "compreende" Sarkozy, denuncia-se e repudia-se essa atitude; quando, pelo menos até ver, Alegre cala e consente ou, noutros casos, compreende as medidas mais antipopulares do PEC, ou se desculpa e desvaloriza essa posição ou se olha para o lado e se brande o papão Cavaco.

Saudações democráticas

msp

Anónimo disse...

está a derrapar... completamente,,,

Anónimo disse...

Já derrapou há muito... e não há um colega de blog que tenha coragem de lhe dizer? Se os tivessem no sítio...

Miguel Serras Pereira disse...

Anónimos concertados,
por mim, admiro a coerência à prova de derrapagem de quem, sem se dar ao trabalho de formar ou repetir a mais ténue sombra de ténue uma ideia que seja, exorta, a coberto do anonimato, a exercícios de virilidade correctiva os meus camaradas de blogue.

msp

Anónimo disse...

Que tal se lesse uns jornais

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1665761

Miguel Serras Pereira disse...

Anónimo que me aconselha a leitura de jornais:

é verdade que o meu post é anterior ao momento em que li a notícia que você cita. Mas a notícia confirma fundamentalmente o que tenho dito nos dois ou três últimos posts que publiqui sobre o assunto. Retomo aqui os argumentos de um comentário ao post do meu camarada Miguel Cardina sobre o mesmo tema:

as declarações vêm tarde e são bastante frouxas.
Com efeito, parece-me muito pouco e demasiado complacente dizer (como consta de outro passo da notícia que citas):
‹"Não se podem fazer comparações que já foram feitas", declarou, numa referência crítica indirecta à posição da comissária europeia Viviane Reding, que foi alvo de ataques por ter comparado a expulsão de ciganos ao que se passou na II Grande Guerra Mundial com os judeus› - ou:‹ "Tenho um grande respeito pela França Republicana e democrática, mas parece-me que estas medidas contrariam um pouco esse espírito", sendo que estamos perante ‹"uma decisão de um Governo e não põe em causa aquilo que a França significa para a Europa e para o mundo"›.
Mantêm-se a colagem a Sócrates e a justificação indirecta da orientação de voto seguida pela maioria dos deputados do PS, contra a proposta do BE - com efeito, salta aos olhos que estas declarações e a desautorização/distorção das palavras de VR poderiam ser os considerandos da justificação desse voto contra do grupo parlamentar referido. A "preocupação" aproxima-se demasiado da "compreensão", ou, em todo o caso, está longe de equivaler a uma "rejeição", "repúdio", "firme oposição" às deportações, Se assim não fosse, Alegre diria, como tem feito noutros casos, que "vetaria" qualquer medida legislativa semelhante que lhe fosse apresentada e combateria por todos os meios a sua adopção.

msp