Yoani Sánchez:
São duas da tarde no Departamento de Imigração e Estrangeiros (DIE) na Rua 17 entre J com K. Dezenas de pessoas aguardam por uma permissão de saída do país, essa autorização de viagem que chamam de “carta branca”, seria ainda melhor dizer “salvo-conduto”, “a carta de liberdade” ou a “ordem de soltura”. As paredes estão descascadas e um anúncio de “cuidado, perigo de queda” exibe-se numa parede da enorme casa do Vedado. Várias mulheres - que já esqueceram de sorrir e serem amáveis – vestem seus uniformes militares e advertem o público que deve esperar disciplinadamente. De vez em quando gritam um nome e o convocado regressa minutos depois com o rosto jubiloso ou com uma contida cara de tacho.
Finalmente me chamam para anunciar a oitava negativa de viagem em apenas três anos. Especialistas em despojar-nos do que poderíamos viver, experimentar e conhecer fora das nossas fronteiras, os funcionários do DIE me comunicam que não estou “autorizada a viajar no momento”.
(publicado também aqui)
27/09/10
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