24/09/10

O olho desfocado, de Turner a Richter

No meio de um artigo razoavelmente desinteressante da última New Scientist (Windows to the mind), surge uma pequena e interessante revelação. A ideia de que a paixão popular pelo Impressionismo pode ter origem na forma como o nosso cérebro decodifica a informação visual parece-me fascinante. A amígdala cerebelosa é uma estrutura dedicada ao processamento de emoções, «funcionando como um sistema de alarme antecipado, em busca de ameaças desfocadas, escondidas na nossa visão periférica, tendendo a reagir mais fortemente a coisas em que ainda não reparámos conscientemente.» Ela tenderá a reagir com mais energia a faces desfocadas do que a versões bem definidas das mesmas.
Em suma, imagens desfocadas e indistintas teriam um acesso privilegiado às nossas emoções. Enquanto a mente consciente aguarda por respostas racionais a estas imagens, já o subconsciente está a emitir a sua aprovação.
Por alguma razão a retina é a única parte do nosso cérebro directamente exposta ao mundo exterior; mas que tal acarretasse consequências para os nossos gostos artísticos é ideia provocadora e algo... iconoclasta.

William Turner, Peace - Burial at Sea, 1842
Claude Monet, Mulher com um Pára-sol, Madame Monet e o seu Filho, 1875
Mark Rothko, Red, Orange, Tan and Purple, 1954
Gerhard Richter, Atlas Sheet 15, 1964

1 comentários:

João Branco (JORB) disse...

http://www.artcyclopedia.com/hot/tilt-shift-van-gogh.htm