Ver o vírus da peste nacionalista, cuja proliferação no segundo quartel da primeira metade do século teve por desfecho a Shoah, alimentado pelo regime que governa Israel - que outro sinal de alarme poderia dar expressão mais clara a ameaça mortal que o alastrar dessa peste paradoxalmente globalizada continua a fazer pender sobre as nossas cabeças de cidadãos e simples seres humanos?
O assalto do Exército israelita contra as embarcações que transportavam activistas e ajuda humanitária a caminho da Faixa de Gaza foi “desproporcionado” e de “uma violência incrível e desnecessária”, diz a missão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Segundo o relatório desta equipa nomeada pelo organismo das Nações Unidas, há “provas claras” que poderiam fundamentar “diligências legais” contra Israel por causa do ataque em que morreram nove activistas turcos no fim de Maio.
“A missão chegou à conclusão firme de que a 31 de Maio existia uma crise humanitária em Gaza. A quantidade das provas provenientes é tão avassaladora que não é possível ter uma opinião diferente, e uma das conclusões que se retira daqui é que o bloqueio a Gaza é completamente ilegal”, afirmam ainda os investigadores a propósito do raide. A flotilha de navios, na sua maioria turcos, queria levar ajuda e protestar contra o bloqueio terrestre e marítimo que Israel impõe ao território palestiniano.
O relatório dos três peritos nomeados pela ONU assegura que “não houve tempo para compilar uma lista total dos abusos cometidos [pelos soldados israelitas], mas há provas claras para apoiar acusações dos seguintes crimes de acordo com o artigo 147 das Convenções de Genebra”, seguindo-se a lista das possíveis acusações: “assassino premeditado, tortura ou tratamento desumano, ou causar de propósito grande sofrimento ou feridas graves”.
(…)
Israel já reagiu ao relatório, qualificando-o de “parcial” e afirmando que “como se espera de um país democrático, Israel investigou – e continua a investigar ainda – o incidente da flotilha de Gaza”. “O relatório publicado é parcial e partidário, como o organismo que o produziu”, afirmou ainda em comunicado o Ministério Israelita dos Negócios Estrangeiros.
23/09/10
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3 comentários:
Caro MS. Pereira: Para lá das claras e irrefragáveis provas de violação por Israel da Carta dos Direitos Humanos prescrita pela ONU,existe,apurei ontem numa revista semanal publicada em Paris que, os EUA, construiram no sul da Argélia e nos confins do Níger,em Tamanrasset, uma estação secreta de escutas, com 400 especialistas da National Security Agency.O Governo de Bouteflika prestou-se a essa colaboração super-militar e os EUA (e, indirectamente Israel)vão agora poder registar todas as conversas de TLM´s e de satélites no Magrebe e na África Central, onde o Al-Qaida já possui grandes infiltrações. Portanto,a lógica militarista,agressiva do actual governo israelita continua a poder contar, a um nível quase tácito e automático, com a protecção e auxílio dos serviços especiais multi-cartas dos EUA.Creio, portanto, que esta novidade pode enquadrar o teu post e evidenciar mais uma vez o conluio estratégico israelo-americano no Médio Oriente. Niet
MS.Pereira: Uma pequena adenda. A revista-semanário que cito é, porventura, a que maior expansão tem hoje no panorama editorial francês. Mais de meio milhão de exemplares vendidos por semana. O que é obraLe C. Enchainé. Eu não a citei expressamente, porque há comentadores que se aproveitam à má fé de referências e análises de parceiros,iludindo as mais elementares regras de ética e camaradagem. Esta revelação a que me refiro dispara o grau de controlo da Contra-Informação USA no Médio Oriente. Creio, pois, que era a última das zonas sem escutas radio-satélites,o que sinaliza a sua importância estratégica.Salut! Niet
Sim, informadíssimo camarada Niet: inteiramente de acordo. Mas a outra face da medalha não é menos precoupante - a peste teo-nacionalista de regimes e movimentos superlativamente infectados pelo mesmo vírus, ainda que sob formas relativamente mutantes.
Bom vento - saúde e liberdade
msp
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