Sujeitos que não entendem patavina daquilo que não gostam, não conseguindo passar da repulsa bárbara assente em clichés, transformando os diferentes em idiotas para facilitar o caminho do nojo, estão encantados com o proibicionismo catalão antitaurino. Pois, muito bem, meus caros, perder ou ganhar é a mesma democracia. Por mim, fico à espera que o proibicionismo chegue à Andaluzia, o que talvez não aconteça já na próxima semana. Mas os proibicionistas Rui e Luís podiam ter dito uma palavrinha sobre o fundo da questão, a do nacionalismo de faca e alguidar, pois aqui a tourada é mero pretexto de anti-espanholismo. Aquilo não é repulsa a sangue de toiro bravo. É sede de ver a Espanha partir-se aos pedaços. Se necessário, com outros sangues. Como aqui comentou o meu amigo Daniel:
No dude usted de cuáles son los verdaderos motivos por los que en Cataluña se han prohibido las corridas de toros: Porque son un símbolo de España. Lo de la tortura al animal y esas milongas es secundario.
No se trata de un asunto de compasión hacia los animales, sino de manipulación política. Esta vez la víctima fue la tauromaquia.
Cataluña sigeu dando pasos atrás en la historia. Ahora, los aficionados catalanes se verán obligados a viajar a Perpiñán, en Francia, para ver una corrida de toros. Como en la época de Franco, cuando iban allí a comprar los libros y ver los films que la dictadura prohibía.
(publicado também aqui)
28/07/10
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7 comentários:
Curioso ver a esquerda contra o independentismo e descentralização democrática digamos.
CN
1. a democracia - da qual estamos muito longe - não implica a ausência de coordenação, mas a democratização desta. Se acharmos que coordenação, o planeamento, a articulação, etc. são impossíveis democraticamente - então, é a própria democracia que estaremos a declarar "impossível".
2. "Poder local" e "exercício democrático do poder" ou "democracia dos cidadãos" não são sinónimos.
3. Qualquer lógica "independentista" ou "nacional" que ponha os direitos da identidade acima dos da cidadnia democrática e da cooperação federativa entre as comunidades herdadas do passado reproduz a dominação e formas de poder hierárquico que são o contrário do autogoverno de todos e da autonomia de cada um.
4. O mais importante é, pois, que as reivindicações justas que localmente emergem sejam formuladas em termos uiversalizáveis, apontando para uma democratização global que garanta as liberdades locais.
msp
João,
Citando um clássico, "I don't give a damn". Se uma causa enviesada como seria o nacionalismo catalão (e aqui discordo bastante de ti e do Miguel) chegou a um vector de separação da tradição espanhola que é o corte com a tauromaquia, palmas.
Também a perseguição que foi movida aos navios negreiros lusos tinha motivações mais comerciais e políticas do que humanitárias; mas conseguiu acabar efectivamente com o comércio de escravos português.
Caríssimos João e Luis, meus camaradas e amigos:
ainda não é desta que me pronunciarei sobre a corrida, não só por força das dúvidas que ainda não esclareci de mim para mim, mas porque isso me levaria muito longe e tomaria demasiado tempo. Sucintamente, fico-me pelo seguinte:
1. banir a corrida por ser cruel é deslocado, que mais não seja tendo em conta a crueldade muito maior que se exerce, sem espectáculo é certo, sobre os animais criados para nos alimentarmos - condições de cativeiro, hipocrisia educativa ("as pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas/ porém são capazes de comer galinhas" e é nesta sensibilidade que tendemos a educar as jovens gerações…), etc.
2. Bani-la por ser um espectáculo pouco edificante é um argumento inteligente (ou não fosse do Luis), mas discutível. Acresce que, em todo o caso, a corrida não é mais violenta do que outros espectáculos (boxe, etc.) e que simbolicamente é bem mais interessante, ao pôr em cena a violência fundamental que toda e qualquer socialização pera ao impor aos indivíduos a obrigação de se interpretarem como partes (ainda que activas) num jogo que os distingue dos animais e dos deuses. Seria possível, deste ponto de vista, justificar a corrida como espectáculo "formativo", "iniciático", actualizando um corte irreversível implicado pela "companhia dos humanos", e condição de possibilidade (embora não garantia) de direitos, liberades e formas de justiça universais.
3. Ao contrário do João, não creio que os motivos profundos da iniciativa catalã sejam "nacionalistas", embora o "independentismo" possa explorar a medida. Prova-o a vontade reiterada de mostrar esta "vitória" como apenas um primeiro passo, antes da proibição total das corridas em toda a Europa.
4. O tema dos "direitos dos animais" é politicamente suspeito e democraticamente absurdo.
5. Nada disto significa que, à partida, seja ilegítimo regular, autorizar ou excluir certas práticas na ágora (espaço público informal ou privado). Mas dessa legitimidade de princípio não decorre que a lei tenha sido justa e razoavelmente decidida.
Forte abraço para ambos
miguel sp
Miguel, quanto ao teu ponto 3, vê aqui a distribuição dos votos e ficarás esclarecido.
Em geral, e como já escrevi no Brumas: não há «Causas» mais importantes do que a dos bichos e, sobretudo, continua a resolver-se as questões proibindo???
Abraços
Miguel,
A grande diferença para o boxe (e olha que até já pratiquei a nobre arte, na tropa) é que os contendores estão no ringue, formalmente, porque assim o querem.
E olha que não consigo sequer espreitar aquelas transmissões de "vale tudo" e quejandos. Mas, mesmo assim, trata-se de violência entre iguais, não entre gente e gado. Subjugar, aleijar e mutilar criaturas que dependem de nós é exercício brutal, doentio e escusado – sobretudo quando daqui se fazem espectáculos públicos.
msp
Os estados podem ser independentes politicamente e estarem coordenados da melhor forma possível, com liberdade de circulação económica e de pessoas e relações políticas e diplomáticas.
Não estou a ver porque a independência tem que levar a "formas de poder hierárquico ", porque para mim, as grandes democracias é que tendem a grandes formas de centralização hierárquica, criando elites no centro do poder político (incluindo as intelectuais que giram à volta).
Quanto ao passado, o presente muda, os Estados estão sempre em mutação, Nasce, morrem, modificam-se.
O independentismo não tem de estar relacionado com a história, em princípio deve corresponder a uma mera vontade democrática de constituir um Estado. E se Catalunha ou a Escócia o quer (aconselharia maiorias qualificadas), deverá chegar.
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