15/09/10

A nova Sakineh?

Teresa Lewis aguarda a sua execução por injecção letal, algures no estado americano da Virginia.
Como Sakineh, também ela foi condenada por ter encomendado a morte do seu marido, após iniciar um caso amoroso com um dos assassinos.
Mas não me parece que Teresa tenha as qualidades necessárias ao florescimento da solidariedade mundial: tem má catadura, parece indubitavelmente culpada e não vai ser morta por um Estado com reputação de horda medieval. Mas o facto é que está mesmo prestes a ser executada. Quem trata de convocar a manif?

11 comentários:

Vincent Amos disse...

Onde está uma fernanda cancio quando precisamos dela?
O que abominável é a pena de morte. Os métodos são acessórios.

Miguel Madeira disse...

Se a Sakineh ir ser efectivamente morta por lapidação (ainda não percebi se ela vai ser lapidada ou enforcada) será outra diferença importante - uma injeção letal deve doer menos que a lapidação.

mdsol disse...

Ser contra a pena de morte para punir seja que crime for é uma questão. Assentemos que somos contra.

Agora pergunto, os casos concretos que apresenta são comparáveis? Estarei a ver mal a coisa, ou há uma diferença abissal entre cometer adultério e encomendar a morte do marido?

Só estou a perguntar.

:))

Miguel Madeira disse...

mdsol, a Sakineh também foi acusada de ter levado o amante a matar o marido - as acusações parecem-me comparáveis

Luis Rainha disse...

Pois.

Anónimo disse...

Espera sentado. Para esta, não deve haver ninguém para "pagar as contas" do protesto.

Renato T.

Luis Rainha disse...

Nunca se sabe. Lembra-te do Mumia...

Justiniano disse...

Rainha, olha que não faltam por lá manifs, diárias, e mesmo em frente ao estabelecimento onde jaz a tal desgraçada!!

Luis Rainha disse...

Claro. Só falta a mundialização da coisa. Acontecerá?

Miguel Serras Pereira disse...

Luis,
claro que o melhor seria a mundialização da coisa - mas entendendo por coisa a luta pela abolição da pena de morte.
Dito isto, não tomei conhecimento de notícias referindo irregularidades no processo da americana - ao passo que, no caso de Sakineh, esta poderia ser executada (lapidada ou enforcada) por adúltera, ainda que não tivesse sido incriminada depois por cumplicidade num homicídio - mediante "provas" (confissão) obtidas por meio de tortura.
Assim, fazer campanha em torno deste caso americano parece-me fazer sentido sobretudo no quadro de uma campanha geral contra a pena de morte.
Não te parece que há, apesar de tudo - e sem querer inocentar a infâmia e a barbárie legalizadas e em processo de expansão e reforço que são os corredores da morte e as execuções norte-americanas - uma certa diferença entre os dois casos?

Abrç grande

miguel sp

tragediaGeek disse...

MSP, existem muitas dúvidas no caso da americana. Foi condenada à morte por ser a autora moral do crime. Os executantes tiveram prisão perpétua. Um deles confessou ser também o autor moral e de ter manipulado a Teresa, que tem um QI muito baixo (é quase atrasada mental), mas essa confissão não foi tida em conta, etc, etc.

Trata-se também da primeira mulher a ser executada no estado da Virgínia nos últimos 100 anos, por um crime que não cometeu (não foi ela quem matou) e que foi menos grave do que outros crimes cujos autores não foram condenados à morte. Isto seria por si só motivo suficiente para a mundialização.

A pergunta do LR é por isso muito pertinente, mas ele já respondeu. A Teresa não é bonita e não usa véu. Essa é que é a verdade.