01/09/10

Solidariedade e Legítima Defesa (2)

Ovadia Yosef, fundador e guia ideológico de um dos partidos — Shas - da coligação do governo israelita apela ao extermínio higiénico-preventivo dos palestinianos. Para começar. Porque o alvo final são os árabes no seu conjunto. Apela ao genocídio e aspira à dominação mundial, uma vez que a lógica parece ser que o interesse dos judeus, enquanto "povo escolhido", prima sobre os da humanidade inferior ou se confunde com os da humanidade superior.
A pergunta é: não será mais do que tempo de declararmos, assumindo esse imperativo de solidariedade e legítima defesa, o governo de Israel inimigo dos judeus e a sua política como uma política criminosa — contra os direitos da humanidade e os nossos próprios direitos —, como fazemos, e bem, perante outros governos e movimentos, e penso nomeadamente, ainda que não em termos exclusivos, nalguns que se reclamam da "resistência islâmica"?

14 comentários:

Tupac disse...

Para os observadores mais atentos da situação do médio oriente já era claro há muitas décadas que o extermínio da população palestina é o objectivo final do Estado e dos polticos de Israel. Esse senhor só deixou cair a máscara e verbalizou em público aquilo que sempre planearam em segredo de polichinelo! Afinal de contas, as semelhanças entre o sionismo e o nazismo não são uma simples coincidência histórica: as vitimas de outrora, que em vez de enfrentarem a besta nazi fugiram para outra terra, tentam recriar aquilo que aprenderam com os antigos carrascos... acabar com o estado nazi-sionista de israel é o único caminho para a paz no médio oriente!

Miguel Serras Pereira disse...

Tupac,

o facto de haver líderes políticos e religiosos judeus como aquele a que o meu post se refere NÃO significa que todos os judeus de Israel - e de outros lugares - tenham por "objectivo final" o "estermínio da população palestina". E também não desmente o facto de haver facções e líderes da chamada "resistência islâmica" cujas posições em relação aos judeus são mais ou menos idênticas às que o Shas adopta frente aos árabes.
São factos elementares que você ignora - aparentemente de propósito. E que não merecem discussão. Algumas das mais lúcidas e corajosas vozes que denunciam o regime e as medidas políticas monstruosas do governo de Israel são judeus. Como o facto de ser palestiniano não impediu Edward Said de denunciar o fanatismo de certas facções islamitas e o anti-semitismo. Ou de lançar com Daniel Barenboim (judeu) os "concertos da paz". E assim por diante.
Estamos entendidos

msp

xatoo disse...

"não significa que todos os judeus tenham por objectivo o exterminio da população árabe palestiniana" uma ova!! - se de facto houver pessoas como as que MSP refere, são impotentes!! (como os militantes da nossa chamada extrema-esquerda"

O Partido Shas é o partido ao qual desde sempre (1948) por tradição é entregue a gestão do Ministério do Interior, como garante da religião e da pureza étnica do Estado Judeu. E é este ministério quem aprecia e julga individualmente quem é ou pode ou não pode ser considerado judeu.
E quem não é considerado "Judeu" não tem os mesmos direitos de cidadania, não pode integrar as forças armadas, nem obter beneficios na reforma por o ter feito, etc.... Está escrito na Declaração de Independência de 1948 e foi consignado depois na Constituição.
40 por cento da população de Israel e dos territórios ocupados estão nessa situação de "não judeus etnicamente puros", sejam os árabes residentes de origem sejam os integrados depois de 1967 que ficaram a fazer parte de Israel em conjunto com as terras conquistadas.

Por contraste temos a politica racista de importação de carne para canhão da Diáspora judaica por todo o mundo que é bem-vinda e integrada com subsidios do Estado para estabelecimento de "judeus" nos colonatos, sejam eles loiros de olhos azuis ou filhos sabe-se lá de que mães...

Miguel Serras Pereira disse...

xatoo,
não sei se vale a pena discutir com um anti-semita notório como você. De qualquer maneira, aqui fica: a natureza do Estado de Israel não é u traço antropológico da etnia dos judeus (a supor que se pode falar de tal coisa neste caso). Há judeus - desde muito antes de 1948 - que são contrários à forma confessional aberrante adoptada pelo Estado de Israel e a têm activamente combatido. Isto é tão evidente que não precisa de maiss comentários. E a sua posição é tão aberrante como a que imputasse aos povos que hoje professam maioritariamente a religião islâmica um fantatismo etnicamente inextirpável.

Além disso, o Shas só foi fundado em 1984 - portanto, o que você escreve está também errado em matéria de facto.
Limitei-me a dizer que a presença na coligação governamental deste partido é intolerável e representa uma ameaça de guerra e extermínio tanto em Israel como a nível global, e a defender, implicitamente aqui e explicitamente em muitos outros lugares, que a conquista de direitos e liberdades iguais para todos os cidadãos israelitas e palestinianos e a instituição de uma república a-nacional (ou sem critérios étnico-religiosos) é a condição de um princípio de justiça e paz para a região.
À luta por esse objectivo na perspectiva de uma efectiva democratização regional e global todos são bem-vindos: judeus, árabes, membros de outras nações islâmicas ou não-islâmicas.
Poderia dizer-se muito mais, mas para já creio ser suficiente. Claro que a minha rejeição das suas posições é tão radical como a da minha posição em relação ao governo de Israel, e que este post exprime sem margem para dúvidas.
Não se esqueça do que dizia o velho August Bebel - que ainda há pouco aqui recordei: "o anti-semitismo é o socialismo dos imbecis" - ou foi-o antes de se tornar também, continuando imbecil, a ser o dos nacionalistas radicais, à maneira nazi.

msp

Anónimo disse...

Meu caro,

O todo não representa a parte. Da mesma forma que Manuel Machado, o neo-nazi portugues e recentemente condenado à prisão, tambem não representa a população portuguesa.

Em Israel, tal como em TODOS os paises democraticos, há todas as correntes; neo-nazis, neo-comunistas, neo-fascistas... neo-bulshit... há partidos mais à esquerda, outros mais à direita... so what?

Tambem em Portugal existem ainda (embora minoritários) partidos e gente apoiante de assassinos da história e responsaveis por milhões de pessoas massacradas... há seguidores de estaline, de hitler, de lenine.

A opinião do Judeu que proferiu o que proferiu vael o que vale.

O que interessa são os actos de Israel enquanto país; e esses não indicam tal pretensão imperialista. Podiam ter ficado com o Sinai do egipto e com parte do território Jordano, mas tal não aconteceu; Israel devolveu os territórios que ocupou estratégicamente depois de ter sido atacado. Saiu de Gaza. E, ao que leio, é intenção de Israel devolver a Cisjordania e Grande parte de Jerusalem Oriental... desde que haja garantias de Paz.

Ricciardi

xatoo disse...

e natural que este seja um diálogo de surdos; e que um notório islamofóbico como é MSP interprete à la lettre tudo o que lê num necessário curto comentário de blogue, isolando a a psrte que não lhe convém. Talvez concorde com alguma essência da conversa manipuladora do habitué Ricciardi, um activista sionista confesso, aqui armado em neo-Sionista.

Se o Shas formalmente existe apenas desde 1984 saiba que existem, antecedentes dos partidos religiosos desde a fundação de Israel, como p/e o United Torah Judaism ou o National Religious Party, entre outros que ocuparam o ministério que citei
(passar bem)

xatoo disse...

e já agora só mais uma achega para ver se fica a perceber alguma coisa disto, (uma tarefa ciclópica convenhamos)da naturaeza religiosa e racista do Estado Sionista - para coordenar a "pureza ética judaica" em Israel existe o Ministério dos Assuntos Religiosos:

http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Politics/relig.html

Miguel Serras Pereira disse...

xatoo,

não vou discutir consigo a mudança de posição dos partidos religiosos ao longo das últimas de´cadas nem muitas outras coisas.
Deixei clara a minha posição sobre judeus e palestinianos, Estados confessionais, etc.
Para servir de antena anti-semita, não sirvo. Daqui a pouco, tenho-o aqui a explicar a responsabilidade dos judeus pela Segunda Guerra Munddial, a natureza intrinsecamente judaica do capital financeiro, a justeza da intuição de Estaline perante o perigo dos judeus, etc. Práticas funestas em que você é compulsivamente reincidente.


Caro Ricciardi,
claro que aquilo que um judeu ou partido israelita diz não vincula o conjunto dos judeus de Israel e, muito menos, do mundo.
Mas o Shas não é um partido ultra-minoritário: faz parte da coligação que governa Israel, exerce uma influência decisiva e deletéria no país e contribui activamente para a degradação da situação interna do ponto de vista dos direitos e liberdades. Creio que todos os que querem que os judeus tenham futuro em Israel deveriam distinguir cuidadosamente as coisas e não identificar a sorte dos judeus com a dos governos actuais ou sequer com o regime israelita.
- Salam/Shalom

msp

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Ricciardi,

esqueci-me disto: pegando no seu exemplo, o caso de M. Machado, não lhe parece que seria um agravamento extremamente ameaçador da decomposição do regime que ele - ou o seu partido - integrassem uma coligação governamental?

Salam/Shalom

msp

Anónimo disse...

Caro MSP,

Claro que seria. Em democracia não estamos livres que tal aconteça. LE PEN em frança quase conseguiu... na austria tambem.

Até agora tem sido forças minoritárias, felizmente. Tambem em Israel tem sido.

O perigo de essas forças fanaticas de direita emergirem é semelhante ao perigo de emergirem as actuais forças de esquerda profunda, igualmente fanaticas.

Aliás, eu penso que o apoio que as esquerdas fanaticas tem dado a estas causas dos terroristas serão o principal motivo do eventual ressurgimento de forças fanaticas de direita.

E vejamos, numa altura em que se pode dar o iniciar um acordo de paz entre Palestinianos e Israelitas, os fundamentalistas do Hamas tentam boicotar a PAZ enviando e assassinando mais uns Israelitas civis. O Hamas quer obviamente que o conflito perdure... é isso que lhes dá poder.

A maior prova de boa-fé Israelita está nas recentes declarações dos seus responsaveis, i.é., estão disponiveis a ceder grande parte do territorio que ocupam na cisjordania e jeruslaem.

As pessoas como o xatoo, o CV e o RT não percebem qye defendem criminosos que querem apenas prepetuar-se no poder. As eleições na Palestina deixou de se fazer.

Ricciardi

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Ricciardi,
o nosso desacordo é claro e creio que resulta do modo como você privilegia os aspectos "nacionais" ou "identitários" de Israel, pondo-os acima das exigências e da universalização da cidadania. Para mim, a condição necessária - ainda que não suficiente - de qualquer perspectiva de democratização regional passa por uma solução laica, anti-nacionalista e não-identitária do conflito dito "israelo-árabe"", capaz de se impor contra a linha confessional e étnica em Israel, bem como contra a "resistência islâmica", não menos confessional e identitária, dos que pretendem monopolizar em seu benefício e subordinar aos interesses da sua liderança ditatorial e opressiva a "causa palestiniana" ou "árabe".

msp

Anónimo disse...

"você privilegia os aspectos "nacionais" ou "identitários" de Israel"MSP

Um país é isso mesmo... faz-se de aspectos identitários... uma identidade cultural e histórica de um povo. A religião é apenas UM aspecto cultural. Foi precisamente essa identidade cultural e histórica que esteve na base da criação do estado de Israel.

É falso que Israel seja um estado confessional. Não é de facto. Os lideres religioso não intervem em decisões politicas. Israel é uma democracia e a religião que o povo professa não é motivo descriminatório, excepto no que toca ao casamento. Aliás o povo é esmagadoramente agnóstico.

Existem no parlamento israelita muculmanos, quer prova maior?

Existe uma população islamica em Israel que ronda os 30%.

Ao contario, o Irão, é um estado confessional, aonde o ayatola intervem decisivamente na politica.

Fala em cidadania. Em Israel toda os povos podem ter cidadania Israelita, independentemente da religião que professam. Existem regras, obviamente. Como tambem as há em Portugal ou qualquer pais do mundo para se obter cidadania Portuguesa.

Ricciardi

Anónimo disse...

«Para mim, a condição necessária - ainda que não suficiente - de qualquer perspectiva de democratização regional passa por uma solução laica, anti-nacionalista e não-identitária do conflito dito "israelo-árabe"» MSP

O conflito não é religioso caro MSP, embora alguns lideres instiguem o povo sob esse (falso)pretexto.

O conflito é só um: os lideres de alguns paises vizinhos não aceitam Israel como país de direito.

Proclamam em viva voz a destruição de Israel. Já o tentaram logo no inicio da constituição de Israel... e continuam a perseguir esse desiderato. Isto não é invenção minha. Basta ouvir o que dizem.

É mais do que evidente, que a população dos paises com lideres radicais vizinhos está manietada aos ímpetos de poder dos seus lideres.

Não se percebe que paises com uma pobreza chocante possam gastar tudo o que sugam ao proprio povo para gastar em armamento.

O que os move é o PODER pelo poder. Um certo ódio aos judeus em especial (coisa antiga) e entre alguns poucos (mas poderosos)uma motivação religiosa assente em interpretações abusivas do CORÃO.

Note bem, caro MSP, eu co-habito na mesma casa com muculmanos, amigos moderados e seguidores de Maomet.

E TODOS eles não são favoraveis às praticas dos fanaticos terroristas que intentam a eliminação de Israel. Ninguem se revê naquela gente. Eles, tal como eu, acham que afastadas que sejam aqueles lideres assassinos, o consenso com os Israelitas seria rápido.

Agora tambem lhe digo: na eventualidade de não se chegar a acordo nos proximos tempos, abrir-se-á uma forte possibilidade de começar a surgir com mais força movimentos mais nacionalistas israelitas, como resposta ao fanatismo dos vizinhos. E se alcançam o poder...

Ricciardi

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Ricciardi,

quem apoiar o governo actual de Israel ou outros do mesmo teor e orientações como última barreira contra um nacionalismo ainda mais radical e que até você considera extremista, não estará volens nolens a fazer outra coisa que não seja abrir a porta à catástrofe. São inúmeros os observadores israelitas que assim pensam e têm lançado o alerta. Todos os amigos de Israel, que o sejam também da liberdade e igualdade entre todos os cidadãos, deveriam compreendê-lo.

Salam/Shalom

msp