25/11/10

De Livrão a Aldrabão

Há dois anos, apareceu por aí a bela ideia do Livrão: livros escolares já usados poderiam vir a ser úteis para mais crianças.
Agora, aguçado engenho pelas necessidades da crise, alguém se lembrou de iniciativa parecida, mas com uma diferença crucial: a coisa dá dinheiro. Na Bertrand, podemos oferecer livros às criancinhas e aos idosos desvalidos. Com um senão: têm de ser livros comprados na dita cuja Bertrand. De Maria Barroso à Rebelo Pinto, já se multiplicam as madrinhas deste natalício conto de ganância e esperteza saloia.
E não me venham dizer que é o que faz o Banco Alimentar nos supermercados; se os livros oferecidos pudessem ser em segunda-mão, tal iria aumentar a adesão e os resultados da iniciativa – enquanto que os géneros alimentícios não ficam lá muito agradáveis depois de usados.
Um dia, alguém ainda vai legislar a sério sobre estas manobras de marquetingue chunga; no Reino Unido, por exemplo, o uso e abuso das boas causas tem regras apertadas e mais que justificadas.
 Dei por isto no interessante Horas Extraordinárias.

2 comentários:

Sérgio Lavos disse...

O mais extraordinário foi esta campanha de marketing ter sido servida à hora do jantar nos telejornais (eu vi) como se fosse uma campanha de beneficiência. É tão incrível o "acto de generosidade" da cadeia de livraria (e grupo editorial) como a burrice dos editores dos telejornais que deram cobertura à coisa. Enfim, ainda nos podemos surpreender.

M. Abrantes disse...

Isto vem na linha da galinha de ovos de ouro que é o negócio dos livros escolares. Sob a capa de garantir os melhores manuais aos nossos estudantes, está uma ganância desenfreada e legalizada, por parte das editoras.

Os manuais são caros e, pelo menos os de matemática, podiam ser bem melhores. Acresce que os alunos não os lêem, mas tal já não é culpa dos livreiros.