30/11/10

A queda em directo e ao vivo


Apesar do tom “telenovelesco” da maior parte dos documentos diplomáticos norte-americanos que têm chegado a público, cedidos pela Wikileaks, um assalto desta dimensão não é para brincadeiras. Anda tudo a assobiar para o lado, com poucas excepções (uma foi Chávez que já veio dizer as coisas do costume), mas que os EUA se expuseram ao ridículo expuseram.
Podem os próprios — e os visados nos telegramas — fazer diplomaticamente de conta que continua tudo bem. No fundo, no fundo, estamos a assistir ao vivo e em directo à queda de um Império. The times they are a-changin. Ou como bem disse o Tom Waits, "estamos no meio de uma revolução [só que desta vez] ninguém sabe de que lado vêm as pedras".

25 comentários:

Anónimo disse...

Ana,

Não achas q estás a exagerar um pouco??
Os impérios não caem assim.

Cumps
Z

Ana Cristina Leonardo disse...

Z, pois não. Vão caindo...

Anónimo disse...

Ana,

só um exemplo do drama wikileaks.

os sauditas pediram aos americanos que bombardeassem o irão.

sinal de quê?

fraqueza?

os chineses tiveram que encerrar a google.

sinal de quê?

O USS George Washington etc a caminho da Coreia?

sinal de quê, Ana?

no iraque, dentro de poucos anos, os ataques terroristas do AQPA (al qaida na peninsula ibérica)
não poderão forçar uma mudança de regime. serão terroristas institucionais, na margem. a matar civis e a perderem legitimidade todos os dias.

sinal de...?


no Afeganistão, as coisas são muito mais complicadas, imagino eu.

http://www.chathamhouse.org.uk/publications/

+

http://www.youtube.com/watch?v=ZUXWLGz2Eqw&feature=related

times are changing
but not that much
lol lol

Anónimo disse...

perdão:

al qaida no iraque.(e não na peninsula árabe)

Anónimo disse...

al qaida na peninsula ibérica não existe.
enganei-me, obvt. pressa

Ana Cristina Leonardo disse...

os sauditas pediram aos americanos que bombardeassem o irão.

... e eles não bombardearam

os chineses tiveram que encerrar a google.

... e encerraram-no

O USS George Washington etc a caminho da Coreia?

... à espera de uma palavrinha dos chineses?

o exemplo do Iraque não percebi e do afeganistão, talvez ninguém perceba grande coisa

quanto à mudança dos tempos, não tenho grandes dúvidas. O que em preocupa é só isto: de onde estão a vir as pedras?
É que não sei se estão a mudar para melhor (e pior é sempre possível)

Anónimo disse...

não bombardearam.
mas PEDIRAM-LHES(aos Yanks)

os Chineses encerram a google.
o google mudou-se para hong kong
os chineses: irritatidos!
a google recuou.
seria um conflito estúpido.
the outcome is GOOGLE.
regardless.

mas, le point is: google is more in tune with the TIMES than the Chinese.

exemplo do iraque: americanos conseguem instituir regime suficientemente resiliente. a al qaida no iraque n será capaz de por em causa o Império que supostamente está a "CAIR"

Palavrinha dos Chineses??? Achas, sinceramente, que os Yanks vão hesitar defender um dos seus mais antigos aliados (pondo assim em causa TODOS os acordos de defesa = destruição num acto do sistema de alianças e, por conseguinte, do império!!) ?? Bem, não sei. Interpretação interessante, a tua.

Cumprimentos
z

Ana Cristina Leonardo disse...

Z, veja aqui e diga-me o que lhe parece este chinês (eu, se fosse a Hillary, não ia querer jogar poker com ele nem a feijões)

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Wikileaks-acrescenta-embaraco-norte-americano-a-crise-inter-coreana.rtp&headline=20&visual=9&article=396041&tm=7

Niet disse...

Caro Z.: Sem adjectivos,o Timothy G. Ash. considera que o Departamento de Estado fez um trabalho de primeiro plano. " O que vemos aqui é diplomatas fazendo o seu trabalho...para antecipar os interesses da sua Nação e as políticas do seu Governo". O historiador de Oxford e Princeton sabe do que está a falar, meu caro. O NY Times ainda nada de substancial e crítico adiantou e o Le Monde publicou um Edito...Niet

Anónimo disse...

Olá Ana & Niet,

Qual é a novidade, Ana? Tudo o que é mencionado no clip da rtp é há muito sobejamente conhecido.

Suponho que reparaste: A China não se opõe à reunificação = a CNorte está = sozinha. O que é que isto quer dizer, Ana??

Ou seja, a RPC já recuou. Delicadamente. Com muita subtileza e savoir faire. Não se trata de uma afirmação incondicional de apoio à CN (declarações do Chinês com quem não jogarias a feijões). O que é que isto quer dizer?


A CN já fez isto antes. Estes petit dramas servem apenas um propósito: o de extorquir dinheiro á comunidade internacional. É uma estratégia cíclica.
Normal business. Brinkmanship. Mas...?

Olá Niet,

Felicito-o por não ter usado adjectivos.:) (imagino-o a qualificar tudo isto ui,ui... :)

Concordo com o o Prof Garton-Ash. É isso que os diplomatas fazem. Sempre foi assim.

Eu não tentaria jogar a feijões com a Sra Hillary Diane Rodham Clinton. Acho que estás a subestimar a senhora. Seriam precisos uns cinquenta Chineses destes...LOL LOL :)

cumprimentos,

ezequiel

Anónimo disse...

a última frase do comentário era para a Ana (sobre a destemida mas mui responsável Hillary)

Cumprimentos
z

Anónimo disse...

Come gather 'round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You'll be drenched to the bone.
If your time to you
Is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'.

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon
For the wheel's still in spin
And there's no tellin' who
That it's namin'.
For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'.

Come senators, congressmen
Please heed the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'.

Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'.
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'.

The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is
Rapidly fadin'.
And the first one now
Will later be last

For the times they are a changin(g)...

Ana, dylan deve ser lido antes de ser ouvido. lol lol
tinha muitas saudades de ouvir isto.

http://www.youtube.com/watch?v=WTFTWdect2M&feature=related

Ana Cristina Leonardo disse...

Z, eu não escrevi (nem penso) que os EUA colapsaram. Escrevi (e penso) que, como diriam os chineses (sempre eles), estamos a viver tempos interessantes (o que, como tb. dizem os mesmos, é uma coisa que não se deseja nem ao nosso pior inimigo). Uma das coisas que provam o "interesse" destes tempos que vivemos é o enfraquecimento da força dos EUA no mundo. Deixemos de lado o 11 de Set. O assalto da Wikileaks seria impensável há umas décadas (ou algo semelhante, se pensarmos que há umas décadas não havia a tecnologia hoje disponível). Como seria impensável um Chávez (goste-se ou não do homem - e eu, pessoalmente, não gosto; mas quem sou eu?), ou mesmo um Lula. Com a queda da URSS, a coisa quase parecia favas contadas. Mostrou-se muito mais complicada. No meio disto tudo, foi crescendo a importância da China; um país gigantesco que entrou na cena internacional e que hoje dá cartas (o facto de se terem tornado credores dos EUA tb. quererá dizer alguma coisa...).
Quanto ao exemplo da Coreia do Norte, os telegramas divulgados pela Wikileaks parecem indicar que os chineses não estão dispostos a comprar uma guerra em nome de um amigo mimado. Só isso. Ou seja, são eles a decidir. E se decidirem não, ainda assim a última palavra é deles.
Os impérios é como tudo: nascem, crescem, envelhecem e morrem. Este está a envelhecer a olhos vistos. Naturalmente, como dizia o Twain, a profecia é um género muito difícil, sobretudo quando aplicado ao futuro. Daí que seja particularmente difícil, neste momento, perceber de onde vêm as pedras. Mas que o crescendo de medidas securitárias nos EUA (e que irão estender-se a outros lugares, naturalmente) não indiciam força, lá isso parece-me evidente.
E só um acrescento: nestas coisas, é interessante olhar para o factor humano (principalmente, quando se vive um novo-riquismo tão grande em relação aos novos meios tecnológicos) - assim como o 11 de Set. só foi possível porque uns tipos decidiram que a vida deles valia a queda das torres - e, contra isso, batatas - tb. agora parece ter sido um jovem soldado a fornecer ao Assange o meterial classificado - um jovem que se considerava injustiçado pelo exército e que vivia chateado que nem um peru no meio do deserto em fente a um computador. A grande história, decididamente é feita tb. de pequenas histórias.

Anónimo, até podia, já agora, comparar o Dylan com o Camões.
Para a troca:

http://www.youtube.com/watch?v=tTTdJ5FM1mY

Anónimo disse...

Olá Ana,

Já me disseram isto: May you live in interesting times!!
Não foi um Chinês. Mas poderia ter sido. Lol

Eu estou mt mt cansado, por isso peço-lhe que me perdoe o facto da minha resposta ser mega sintética. espero n me esquecer de nenhum dos seus argumentos.

que fique claro: n sinto qualquer antipatia pela china ou pela cultura chinesa. não gosto do seu sistema politico. vamos aos points, então:

os chineses, se bem me lembro, compraram a divída americana pela mesma razão que os nippons o fizeram em décadas anteriores: para poder manter o acesso ao seu maior mercado. o maior medo dos chineses é o isolacionismo e o seu corolário: o protecionismo. sentem pavor desta possibilidade. compravam a dívida americana para poder exigir acesso privilegiado ao mercado americano (most favoured nation clauses)

queriam comprar dívida para quê? caso os yanks entrassem numa de protecionismo, poderiam ameaçar com a desvalorização da moeda Americana lançando mega mega biliões nos mercados internacionais. foi isto que aprendi. mas n sou economista. hoje, se os chineses desvalorizassem a moeda americana, os yanks agradeciam!! hoje fazem precisamente o mesmo pela razão oposta; compram a dívida não para poder desvalorizar a moeda mas para a valorizar (com um dollar forte o poder de compra dos americanos aumenta, aumentam as importações chinesas)

outra questão: a quem pertence o risco da dívida Americana? aos americanos? sim, claro. e aos chineses? os chineses compartilham o risco da divida americana. se espanha n pagar o que deve, muitos bancos (que compraram a divída sob a forma de titulos de tesouro...afundam-se também!!)

n quero com isto dizer que os chineses n conquistaram uma posição importante na "arena" mundial. mas n se precipite. o hype é bla bla.

a china continua a ser uma oficina, na sua essência.
mas, como disse, n sou economista.

é evidente que os chineses n querem comprar uma guerra. percebi o que queria dizer. aliás, o belicismo declarado é contrário ao pensamento estratégico Chinês. não é assim que eles pensam. são um povo extraordinariamente inteligente. acerca disso n tenho qq dúvida. sofisticadíssimos em termos de argúcia estratégica. eu n os subestimo. de forma alguma. mas as coisas são como são...(fica feio invocar um empirismo absolutista e dogmático mas...:)

Este império ainda não chegou à puberdade, cara Ana.

estamos a regressar a uma condição multipolar, vagamente semelhante situações anteriores (balança de poder complexa, com vários actores...)

fala-se não em declinio absoluto (uma queda objectiva das capacidades do poder americano) mas em declínio relativo. este é o bla bla dos comentadores políticos... mas encerra alguma plausibilidade.

cont...

Anónimo disse...

Olá Ana,

Já me disseram isto: May you live in interesting times!!
Não foi um Chinês. Mas poderia ter sido. Lol

Eu estou mt mt cansado, por isso peço-lhe que me perdoe o facto da minha resposta ser mega sintética. espero n me esquecer de nenhum dos seus argumentos.

que fique claro: n sinto qualquer antipatia pela china ou pela cultura chinesa. não gosto do seu sistema politico. vamos aos points, então:

os chineses, se bem me lembro, compraram a divída americana pela mesma razão que os nippons o fizeram em décadas anteriores: para poder manter o acesso ao seu maior mercado. o maior medo dos chineses é o isolacionismo e o seu corolário: o protecionismo. sentem pavor desta possibilidade. compravam a dívida americana para poder exigir acesso privilegiado ao mercado americano (most favoured nation clauses)

queriam comprar dívida para quê? caso os yanks entrassem numa de protecionismo, poderiam ameaçar com a desvalorização da moeda Americana lançando mega mega biliões nos mercados internacionais. foi isto que aprendi. mas n sou economista. hoje, se os chineses desvalorizassem a moeda americana, os yanks agradeciam!! hoje fazem precisamente o mesmo pela razão oposta; compram a dívida não para poder desvalorizar a moeda mas para a valorizar (com um dollar forte o poder de compra dos americanos aumenta, aumentam as importações chinesas)

outra questão: a quem pertence o risco da dívida Americana? aos americanos? sim, claro. e aos chineses? os chineses compartilham o risco da divida americana. se espanha n pagar o que deve, muitos bancos (que compraram a divída sob a forma de titulos de tesouro...afundam-se também!!)

n quero com isto dizer que os chineses n conquistaram uma posição importante na "arena" mundial. mas n se precipite. o hype é bla bla.

a china continua a ser uma oficina, na sua essência.
mas, como disse, n sou economista.

é evidente que os chineses n querem comprar uma guerra. percebi o que queria dizer. aliás, o belicismo declarado é contrário ao pensamento estratégico Chinês. não é assim que eles pensam. são um povo extraordinariamente inteligente. acerca disso n tenho qq dúvida. sofisticadíssimos em termos de argúcia estratégica. eu n os subestimo. de forma alguma. mas as coisas são como são...(fica feio invocar um empirismo absolutista e dogmático mas...:)

Anónimo disse...

Olá Ana,

Já me disseram isto: May you live in interesting times!!
Não foi um Chinês. Mas poderia ter sido. Lol

Eu estou mt mt cansado, por isso peço-lhe que me perdoe o facto da minha resposta ser mega sintética. espero n me esquecer de nenhum dos seus argumentos.

que fique claro: n sinto qualquer antipatia pela china ou pela cultura chinesa. não gosto do seu sistema politico. vamos aos points, então:

os chineses, se bem me lembro, compraram a divída americana pela mesma razão que os nippons o fizeram em décadas anteriores: para poder manter o acesso ao seu maior mercado. o maior medo dos chineses é o isolacionismo e o seu corolário: o protecionismo. sentem pavor desta possibilidade. compravam a dívida americana para poder exigir acesso privilegiado ao mercado americano (most favoured nation clauses)

Anónimo disse...

queriam comprar dívida para quê? caso os yanks entrassem numa de protecionismo, poderiam ameaçar com a desvalorização da moeda Americana lançando mega mega biliões nos mercados internacionais. foi isto que aprendi. mas n sou economista. hoje, se os chineses desvalorizassem a moeda americana, os yanks agradeciam!! hoje fazem precisamente o mesmo pela razão oposta; compram a dívida não para poder desvalorizar a moeda mas para a valorizar (com um dollar forte o poder de compra dos americanos aumenta, aumentam as importações chinesas)

outra questão: a quem pertence o risco da dívida Americana? aos americanos? sim, claro. e aos chineses? os chineses compartilham o risco da divida americana. se espanha n pagar o que deve, muitos bancos (que compraram a divída sob a forma de titulos de tesouro...afundam-se também!!)

n quero com isto dizer que os chineses n conquistaram uma posição importante na "arena" mundial. mas n se precipite. o hype é bla bla.

a china continua a ser uma oficina, na sua essência.
mas, como disse, n sou economista.

é evidente que os chineses n querem comprar uma guerra. percebi o que queria dizer. aliás, o belicismo declarado é contrário ao pensamento estratégico Chinês. não é assim que eles pensam. são um povo extraordinariamente inteligente. acerca disso n tenho qq dúvida. sofisticadíssimos em termos de argúcia estratégica. eu n os subestimo. de forma alguma. mas as coisas são como são...(fica feio invocar um empirismo absolutista e dogmático mas...:)

Anónimo disse...

Este império ainda não chegou à puberdade, cara Ana.

estamos a regressar a uma condição multipolar, vagamente semelhante situações anteriores (balança de poder complexa, com vários actores...)

fala-se não em declinio absoluto (uma queda objectiva das capacidades do poder americano) mas em declínio relativo. este é o bla bla dos comentadores políticos... mas encerra alguma plausibilidade.
todavia, os critérios decisivos do poder (conceito que padece de determinação conceptual precisa) parecem indicar que os EUA poderão manter o seu estatuto de hiper potência...SE os lideres americanos
conseguirem implementar uma estratégia inteligente. apesar dos estereotipos europeus acerca
da inteligência americana, posso garantir-lhe que não há escassez de mentes brilhantes nos eua. oS EUA lideram em todas as areas de inovação tecnológica que são relevantes em qualquer determinação de poder nacional. além disso, não se esqueça, a china provavelmente terá que viver uma revolução política (no sentido de uma mais justa redistribuição do bolo) se e quando isto acontecer, a competitividade dos produtos chineses será gravemente comprometida. é isto que explica o pavor que os lideres chineses sentem em relação aos dissidentes. existem muitas pressões e conflitos elementares que são contidos pela repressão e pela "prosperidade" material.

quanto ao resto, concordo. a história é feita de pequenos dramas. a história é feita de fragmentos, como diria a prof Agnes Heller.

novo riquismo em relação aos novos meios tecnológicos?? sem dúvida. esta é a mais importante debilidade os Yanks: a tecnofilia como dogma. human creativity& intelligence is best. concordo. :)

---

PS: O Camões era um chato. lol (estou a brincar) prefiro Pessoa.

bem, finito.

uma boa noite para si, Ana.

seeya
z

rupture: http://www.nuskoolbreaks.co.uk/forum/index.php

Anónimo disse...

mega sintética uma ova.

:(

Anónimo disse...

o português está lastimável.
sai de portugal com 16
regressei com 38

desculpas pelos erros e pela terminologia abominável

:(

Anónimo disse...

excuses, excuses!!
z

Niet disse...

Caro Z: A questão menor do WikiLeaks e o problema do hipotéctico neo-poder da China- a nível económico -são questões distintas,opostas e divergentes. Tudo isso para ser analisado convenientemente de forma aberta e dinâmica mobiliza imensos recursos teóricos da Teoria das Relações Internacionais definida, por exemplo, por Hedley Bull, Martin Wight e Charles Beitz, ligados a institutos uni. de Leicester e Princeton.O " realismo " de Wight e Bull e o " cépticismo moral " de Beitz são teorias próximas.Sobre a ética das Relações Internacionais, existe a classificação mundialmente reconhecida de Beitz que distingue entre o " cepticismo moral " em matéria internacional, a " moralidade dos Estados" que têm, num outro patamar, relações com o Direito Internacional e o ponto de vista cosmopolita pela qual a ética deve forçosamete colocar-se num ponto de vista global, o dos deveres dos cidadãos entre -si e em relação à Humanidade. Há evidentemente afinidade entre a posição deontológica ou kantiana e o universalismo cosmopolita, ainda que Kant ele-próprio se controle nos limites do Estado mundial para lhe preferir uma organização dos Estados republicanos. Caro Ezequiel, um debate sobre tudo isto, a sua complexidade e interconexões requer um trabalho ...de Sísifo,para evitarmos cair em facilidades, truismos e tautologias que só servem a lógica da Dominação, é evidente. Bom vento! Niet

Anónimo disse...

Caro Niet,

Olá. Concordo: o cepticismo moral e o realismo tem afinidades e a principal tendência do cosmopolitismo procura inspiração em Kant. (um amigo meu, Garret Brown, escreveu uma tese de doutoramento sobre esta temática)

Convém lembrar que estas teorias podem ser entendidas como complementares numa descrição da política internacional apesar de muitas vezes serem interpretadas como opostas ou até antagónicas. O cosmopolitismo é cada vez mais uma realidade assim como os interesses egoístas dos estados (hobbes, morgenthau), a interdependência (e o seu efeito paradoxal na redefinição e fortalecimento dos poderes estatais) etc. Cada uma destas teorias ilumina um ou dois aspectos de uma realidade infinitamente mais complexa do que qualquer teoria única)

Para ser franco, a observação da realidade complexa da política internacional ensinou-me algo que considero importante (perdoe-me a petulância): a realidade é mais complexa do que qualquer teoria e não são raras as vezes em que teorização induz a absolutização de um aspecto (e a ofuscação de outros aspectos).

Um exemplo: a crescente interdependência tem condicionado o poder do estado (wikileaks: a incapacidade de condicionar a percepção política) mas também tem contribuído para o seu fortalecimento (reforço de poderes estatais no domínio da segurança. os fluxos crescentes e muitas vezes imprevisíveis da interdependência transformaram a segurança (um dos principais elementos da velha teoria da soberania) numa consideração vital. Ou seja, uma análise ponderada, sistemática e rigorosa da política internacional teria que incorporar perspectivas das mais variadas teorias. Aquilo que o realismo descreve não desapareceu.

Se me permite, recomendo-lhe vivamente o mais recente livro de Nancy Fraser:

http://www.amazon.co.uk/Scales-Justice-Reimagining-Political-Globalizing/dp/0745644872/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1291292904&sr=1-1

Quanto ao resto, duvido que as minhas ou as suas tautologias, platitudes etc contribuam para a "lógica da dominação." Estamos a conversar, nada mais. :)

abraço
z

Niet disse...

Meu caro: Claro que eu sou contra o Estado, o Marxismo-Leninismo, a Família, and so on...E o nosso Castoriadis, como vai essa aquisição? Fraternalmente. Niet

Anónimo disse...

pas de argent, mon chér.

tenho o L'Institution e alguns ensaios (do CC)

terei que me contentar com isto por enquanto.

alguém deveria traduzir o livro do João Bernardo (labirintos) para Inglês e Francês.

abraço
ezequiel