26/11/10

Não pára aqui

Já vimos como a aristocracia financeira necessariamente se pôs à frente do partido da ordem, o mesmo acontecendo com o proletariado no partido da "anarquia". [...]
O governo, desprezado pelos seus inimigos, maltratado e diariamente humilhado pelos seus pretensos amigos, viu apenas um meio de sair da situação desagradável e insustentável em que se encontrava: o motim. Um motim em Paris teria permitido impor o estado de sítio a Paris e aos departamentos e, desse modo, pôr e dispor nas eleições. Por outro lado, perante um governo que tinha conseguido uma vitória sobre a anarquia, os amigos da ordem seriam obrigados a concessões se não quisessem, eles próprios, aparecer como anarquistas.
O governo pôs mão à obra. Princípio de Fevereiro de 1850: provocações ao povo com a destruição das árvores da liberdade. Em vão. Quando as árvores da liberdade foram arrancadas, o próprio governo perdeu a cabeça e recuou perante a sua própria provocação. [...] Em vão finalmente a profecia de uma insurreição para o dia 24 de Fevereiro. 
O governo conseguiu que o 24 de Fevereiro fosse ignorado pelo povo. O proletariado não se deixou provocar para um motim porque estava prestes a fazer uma revolução.
Karl Marx, As Lutas de classes em França, Edições Avante!, pp.132-133

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