18/11/10

Para a colecção das misérias do “Avante”

Simplesmente miserável, incluindo o recurso ao machismo rasca, um texto (siga-se o link para ler a versão integral) publicado no “Avante” sobre a política birmanesa e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, da autoria de Correia da Fonseca e que arranca assim:

A televisão trouxe a notícia da libertação de Aung San Suu Kyi, e é claro que fiquei satisfeito. Sou em princípio a favor de todas as libertações, mas talvez desta ainda mais do que é costume. Não por Suu Kyi ser Prémio Nobel da Paz e Prémio Sakarov: na verdade são galardões que pela sua própria história me inspiram alguma desconfiança e dispenso-me de explicar porquê. Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo. Não sei, é claro, se há algum hipermercado nas proximidades da residência de Aung San Suu Kyi, mas é praticamente certo que o haverá em tempo próximo, quando a democracia por ela desejada chegar enfim a Mianmar, pois é também para isso, para a abundante instalação de hipermercados, que a democracia serve, também para isso foi reinventada.

(publicado também aqui)

5 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

não fazia ideia que no avante agora tb. tentavam ter graça...

LAM disse...

"(siga-se o link para ler a versão integral)", boa ;)

Nada como dar a verdadeira dimensão da miséria. Desde piadolas de tasca a conceitos decorrentes de assumida ignorância ("não sei", "segundo julgo saber", "é capaz de", "imagino", "inclino-me", e outras derivações), aí está como são criadas e assentam posições políticas relativas a algumas personalidades e, mais grave, às situações políticas concretas de certos países.

Anónimo disse...

ó pá, o correia da fonseca já está com uns 85 anos. há que dar um desconto.
renegade

Anónimo disse...

Partilhei o seu artigo na minha página, porque me parecia estranho o silêncio em relação à libertação da senhora Aung.Agora fiquei a entender.
Há quem pense que as ditaduras são boas, desde que as vítimas sejam os outros...

João Freitas disse...

Desculpe ter enviado involuntáriamente o meu comentário como anónimo.Agora vai com assinatura porque confio que a democracia está para durar.