O debate entre Francisco Lopes e Fernando Nobre serviu para ilustrar uma evidência: não basta a recolha de assinaturas e tal para fazer um candidato. O despique neo-realista sobre quem teria testemunhado mais pobreza e fome entrou directamente para o armazém de tesourinhos deprimentes da política à portuguesa.
Mas quem terá convencido aquelas duas alminhas que se podiam sujeitar a esta forma de exposição sem caírem no ridículo mais absoluto?
16/12/10
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7 comentários:
Caro Luís Rainha:
Mandaria o rigor que tivesse contado aos leitores que quem lançou essa «carta» foi Fernando Nobre (como se compreende, é um eixo da sua campanha). Francisco Lopes limitou-se, EM SEGUIDA, a testemunhar sobre a sua própria experiência, o que, sendo verdadeiro, me pareceu bem para lembrar a Fernando Nobre e aos telespectadores que motivos de revolta e consciencialização se podem encontrar em muitas partes, a começar no nosso país.
Ah pois e está visto que o «neo-realismo» foi uma coisa nefanda e arqueológica aos olhos dos variados pós-modernos.
Vitor Dias: Quem começou as hostilidades foi o Chico Lopes ao tentar em primeiro encostar o Nobre à direita. O Chico Lopes ganhava muito mais se se centra-se nas suas propostas e contra o Cavaco. Ou talvez não se a ideia é só segurar os votantes PCP e não alargar.
Caro anónimo das 19.17:
Eu estava a falar do «despique» aludido pelo Luís Rainha e você vem-me agora com um «começar de hostilidades » geral, coisa de que eu não falei.
Por outro lado, mas que raio de concepção de debates eleitorais é essa em que os candidatos à esquerda de Cavaco estariam proibidos de marcar diferenças entre si (coisa que Fernando Nobre não só não desdenha como faz gala) ?
E sabe que mais ? F. Lopes quanto a mim fez bem em não ir a todas e em deixar passar, a favor de outros seus argumentos, uma enormidade antidemocrática, mas possivelmnete populista, de Fernando Nobre quando defendeu a redução para 100 do número de deputados.
Como se ele não soubesse que a redução do número de deputados, e por maioria de razão mantendo-se o método de Hondt (que, ao contrário do que muita gente julga, não é um seguro de vida da proporcionalidade mas um seu factor de redução), se traduz inevitavelmente em prejuízos acrescidos e desiguais na representação parlamentar do PCP, do BE e do CDS.
O homem certo para aquilo que aí vem:
Fernando Nobre para Presidente do país dos pobrezinhos.
Vítor, o neo-realismo teve o seu tempo, sobretudo no cinema. Em política costuma dar origem a tristes espectáculos.
Mais uma coisa: se a tal carta foi jogada primeiro por Nobre (o seu baralho também não dá para mais), não vejo porque havera o F. Lopes de lhe dar troco na mesma moeda. Aí, o espectáculo manhoso deu para os dois lados.
O Luís Rainha não vê motivo para o troco.
Eu repito o que já escrevi : « Francisco Lopes limitou-se, EM SEGUIDA, a testemunhar sobre a sua própria experiência, o que, sendo verdadeiro, me pareceu bem para lembrar a Fernando Nobre e aos telespectadores que MOTIVOS DE REVOLTA E CONSCIENCIALIZAÇÃO SE PODEM ENCONTRAR EM MUITAS PARTES, A COMEÇAR NO NOSSO PAÍS.»
Se o não tivesse feito, talvez alguém viesse dizer que Francisco
LOPES (eu conheço-o de perto há 30 anos e nunca o tratei por «Chico») tinha deixado passar em claro um dos eixos mais mistificadores e algo oportunista da campanha de Nobre.
Quanto ao neo-realismo ter feito o seu tempo, muito bem, acontecendo apenas que F. Lopes se já estava a referir a situações de quando tinha 17 anos.
E se todas as nossas memórias de tempos mais remotos e sombrios passarem a ser pejoratiivamente referenciadas como «neo-realistas», a mim só me dá vontade de dizer: eh pessoal, não sejam ingratos, olhem que essa coisa do neo-realismo ajudou milhares de portugueses a tornarem-se democratas, coisa que nenhum de nós, quando nasceu, estava divinamente destinado a ser automaticamente.
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