Pacheco Pereira escreve que "uma revolta popular online (...) é uma contradição nos seus termos". Porque...?
Talvez a ideia de JPP seja que não pode haver uma revolta popular online porque é uma minoria que participa na vida online, não as amplas massas populares.
Realmente, pelos vistos (se estas estatísticas estarem correctas) apenas 28% da população mundial tem ligação à Internet, mas por outro a maioria dos europeus e norte-americanos tem Internet (logo já seria perfeitamente possivel que no espaço sócio-cultural que JPP e eu vivemos - o agregado "Europa + mundo anglo-saxónico" - houvesse uma revolta popular online). Mas diga-se que mesmo nalgumas regiões do mundo em que a maioria das pessoas não tem Internet, a proporção dos que têm será provavelmente maior do que a proporção da população francesa que vivia em Paris nos tempos em que havia "revoltas populares" em Paris.
Mas o que JPP diz, se for para levar a sério, é mais radical do que isso - ao dizer que uma revolta popular online "é uma contradição nos seus termos" não está apenas a dizer que há uma impossibilidade factual, por razões demográficas, de uma revolta popular online; está a dizer que há uma impossibilidade intrinsica de uma "revolta popular online", que os conceitos de "revolta popular" e de "online" são intrinsecamente contraditórios; ora, por mais que pense nos conceitos de "revolta", de "povo" e de "online", não vejo nada de essencialmente contraditório neles.
A menos que JPP quisesse apenas fazer uma tirada poética sem grande consideração pelo rigor do que escreve.
15/12/10
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