30/06/10

Para suturar eventuais feridas anti-hispânicas que tenham ficado de ontem

Ontem à noite, com Madrid sem Metro (parado por uma greve sem serviços mínimos), sob ameaça de chuva, 2.500 madrilenos prescindiram de ver a transmissão televisiva do derby ibérico na África do Sul e não faltaram na Puerta del Ángel para ouvirem a guitarra que Paco de Lucía transforma em magia andaluza feita de flamenco. Levaram rádios a pilhas para seguirem o massacre dos navegadores inocentes e acobardados vindos das praias lusitanas e ali festejaram o desfecho, enquanto o genial guitarrista que Algeciras viu nascer aguentou em espera que passassem vinte minutos sobre a confirmação e festejo da vitória de La Roja para entrar em palco e pegar na guitarra. Depois da lide espanhola dos nove mansos chefiados pelo manso-maioral Queiroz, em que só Eduardo e Fábio destoaram mas não chegaram para as encomendas da bravura que se pedia e esperava, a faena da passada noite madrilena tinha, guardada para climax, a forma de uma guitarra entregue a um deus da música. Assim, como ser-se anti-hispânico? Antes, apetece é ouvir-se um pouco do genial Paco. Para limpar os resquícios da xenofobia peninsular, a de cá e a de lá. E que a música reúna o que o futebol obriga a separar.




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