08/07/10

Tal como a do Estado — segundo Marx — também a "liberdade da economia" é inversamente proporcional à dos cidadãos

Mais um lúcido post, este Gzero, do José M. Castro Caldas sobre a última reunião do G20. Aqui fica transcrito com a devida vénia aos Ladrões de Bicicletas:


Vinte, noves fora nada, foi o resultado do G20. Nem taxa sobre as transacções financeiras nem imposto especial sobre os bancos. Neste aspecto a senhora Merkel (com a Europa a reboque) parece não ter sido nada persuasiva.
O mesmo parece já não se poder dizer da prioridade ao défice e à dívida. Aqui contra (quase) todos a senhora Merkel diz ter marcado pontos.
No entanto, vejamos bem o que é que o G20 concluiu quanto ao défice: reduzir para metade até 2013 sem dizer como. E o importante era dizer como, coordenar a estratégia, escolher entre a via Merkel da sangria desatada ou a via Obama da redução faseada pelo crescimento. O G20 não disse como. Afinal até quanto ao défice o G20 decidiu zero.


Claro que esta decisão zero tem o seu reverso positivo: salvaguardar a "liberdade da economia" sem a tolher por meio de condições institucionais,  pô-la a salvo da interferência de decisões políticas — ou melhor, talvez, reservar-lhe a decisão política governante efectiva por inteiro, essa decisão política cujo exercício precisamente definiria a liberdade dos cidadãos, o seu governo democrático. Tal como a do Estado — segundo Marx —, também a "liberdade da economia, negativamente garantida pelo Estado,  é inversamente proporcional à dos cidadãos.

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