Desorientação

No meio da tragédia que vitimou nove turistas portugueses em Marrocos, houve quem perdesse o norte: «é inadmissível o que foi feito: falta de condições, falta de médicos, falta de ambulâncias, falta de tudo do lado marroquino». A mesma testemunha até se insurge por seguir num autocarro onde «não foi dada qualquer indicação para que fossem colocados os cintos».
Pois. Eis uma das contrapartidas expectáveis quando escolhemos países pobres como destino turístico. A estadia e os recuerdos são mais baratos, mas os riscos podem sair caros. E, imagine-se, não há quem faça de nosso paizinho para nos mandar apertar os cintos.
O estado incipiente dos sistemas de saúde na maioria dos países africanos não é uma surpresa: é um dos factos que devemos sopesar quando optamos por destinos exóticos e "em conta". Sei do que falo: estou neste momento em África com uma dor de dentes – e ainda faltam uns dias para o voo de regresso.