05/11/10

Bajulação de colonizados por vontade própria

O servilismo do governo português perante o poder da ditadura chinesa não tem limite nem vergonha. E quando é assim, proibe-se o que o poder chinês manda proibir. Foi o que fez o governo civil de Lisboa ao proibir a concentração convocada pela Amnistia Internacional e outras organizações que protestam contra os abusos da China (seja pela ocupação do Tibete, ou pela aplicação da pena de morte e pelas constantes violações dos direitos humanos e sociais) convocada para domingo junto ao Mosteiro dos Jerónimos. O que demonstra que a opressão é contagiosa, pode viajar e é exportável: para onde vão os hierarcas comunistas-capitalistas da China eles levam atrás a limitação aos direitos cívicos ao protesto e à liberdade de expressão. O governo PS-Sócrates, um ninho da diplomacia de todos os oportunismos, bajulando tanto democracias como tiranias, desde que lhe cheire negócio, acaba de fazer perante a China a vénia dos bajuladores com vocação para colonizados por vontade própria. E assim interdita entre nós o exercício do direito de manifestação, achinesando Portugal durante a visita de Sua Excelência, o Ditador do China, para que este não se sinta incomodado com as excentricidades dessas coisas da democracia e da liberdade e que consideram más para o capitalismo e péssimas para o comunismo, os dois polos da síntese em que insistem.

(publicado também aqui)

5 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Pois é, camarada João Tunes. Vai sendo mais do que tempo de percebermos que se temos nesta parte do mundo liberdades e direitos que são recusados aos chineses, isso não se deve à boa vontade dos nossos governantes e políticos de profissão, nem a um efeito automático da economia política dominante, mas a séculos de lutas populares, operárias e democráticas, lutas de que são legados eminentemente perecíveis e cuja única garantia é o exercício da cidadania activa da gente comum e a sua extensão.
Quanto ao resto, os oligarcas da política e da gestão ocidentais olham com inveja e nostalgia a eficácia da "sociedade harmoniosa" chinesa e sinizar-nos-ão a todos na primeira oportunidade.
De qualquer modo, é absolutamente intolerável a proibição da manifestação da AI e de outras organizações. A única resposta à altura seria a desobediência civil mantendo - eventualmente com o apoio de outras organizações - a convocação do protesto.

Abrç

miguel sp

Ana Paula Fitas disse...

Caro amigo João Tunes,
Obrigado por este texto que li na sequência da minha publicação de um post sobre o assunto...
Um grande abraço :)

P.A. Lerma disse...

colonizador tem seu dia de mingau

e a china imperial está de volta

tem seus direitos, poucos comparativamente

mas tem o direito de morrer menos e a viver com menos fome

e a liberdade de passar sem fome

é a maior das liberdades

e 900 milhões de chineses ganharam-na

faltam 300 e poucos milhões

P.A. Lerma disse...

sinismo o seu, né??

Ana Cristina Leonardo disse...

João, e-mail recebido da AI

No seguimento do email enviado hoje a propósito da visita a Portugal do Presidente da China, Hu Jintao, e da concentração convocada para as 14 horas deste sábado, dia 6 de Novembro, vimos informar que em resultado de informação proveniente do Governo Civil de Lisboa, às 18h31 de hoje, 5 de Novembro, via fax, o local da concentração foi alterado.

Apelidada de “contramanifestação” e por alegadamente ter sido pedida depois da manifestação da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa, para o mesmo local, a concentração da Amnistia Internacional foi enviada para a Torre de Belém, tendo a referida associação sido autorizada a ficar no local pedido.

Lamentamos o sucedido e pedimos a todos que compareçam nesta concentração em nome do respeito pelos Direitos Humanos na China.

Recordamos que pediremos, em cartazes e em abaixo-assinados, a libertação do Prémio Nobel da Paz 2010, Liu Xiaobo, e o fim da detenção domiciliária de sua mulher, Liu Xia. Também chamaremos a atenção para a situação de alguns outros prisioneiros presos e condenados por pedirem o fim da corrupção e o respeito pelos direitos humanos, entre os quais se contam um cineasta tibetano e um jornalista uigur.

Pediremos, em abaixo-assinado que o cidadão português de etnia chinesa, Lau Fat Wei, residente em Macau e condenado à pena de morte em Cantão, tenha a sua pena comutada em pena de prisão.

Compareçam a partir das 14 horas, divulguem e levem os vossos amigos.