08/11/10

A merda das elites e porque o homem sempre me provocou urticária o Sócrates como arquétipo dos políticos farinha amparo [e estou a ser delicada]

Numa entrevista ao João Lisboa, o Caetano usou a expressão. “Merda das elites”. Pois merda das elites é o que para aí mais há. Tanta, tanta merda, que um dia destes mesmo com baixa mar vamos ficar atolados.
Vou dar um exemplo. Há umas semanas fui ouvir o Eduardo Lourenço. O senhor já passou a barreira dos 80 e era o melhor da sala. Humana e intelectualmente, nenhum dos presentes lhe chegava sequer aos calcanhares. Não acham assustador? Pois eu acho. E tanto mais assustador quanto o resultado deste vazio de ideias é a multiplicação de pinhos, linos e socretinos que nos rodeiam por todos os lados (à esquerda, à direita e ao centro).
Eu sou do tempo (e não sou assim tão antiga...) em que uma pessoa ouvia um político e, descontada a demagogia inerente à actividade, podia-se concordar ou discordar. Podia-se até ter vontade de o esganar. Hoje? Hoje perdeu-se o mínimo denominador comum. Como discutir com cavalgaduras que acreditam em painéis solares que funcionam com sol, céu nublado, chuva e até noite cerrada?!
O caso do Sócrates é, neste sentido, paradigmático. O homem não tem uma Ideia. Na realidade, nem sequer uma sombra de uma Ideia. Limita-se a adoptar a última novidade, trocando as casas de pato-bravo pelo kitsch envidraçado, os fatos da Maconde pela corte à House of Bijan.
O fitness é o que está a dar? Tirem-se muitas fotografias em calções para emoldurar nos jornais.
As alternativas é o que está a dar? Encha-se o país de moinhos de vento e o consumidor que pague a factura.
A informática é o que está a dar? Distribuam-se Magalhães e dividendos pela JP Sá Couto e o desenvolvimento do raciocínio das criancinhas que se dane.
A causa gay é o que está a dar? Entretenha-se o pagode com o casamento homossexual enquanto o Vara oferece robalos.
O digital é o que está a dar? Invente-se um Simplex e mantenham-se as moscas.
A China é o que está a dar? Lamba-se o cu aos chineses e que se lixe a hipoteca mais os direitos humanos.
Pragmático? Não, um imbecil robótico. E dada a velocidade da sua reprodução das ervas talvez o futuro lhe pertença. Em versão Xerox.
Fake por fake Que Viva Las Vegas!

8 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem, Ana Leonardo.
Concordo inteiramente.
Bauman tem razão. Vivemos em "plastic times."
Os políticos são de plástico. Tudo parece falso.

Eu acho que ele, socrates, está inquietito para sair dali.

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Miguel Serras Pereira disse...

Por posts destes é que se vê a falta que estas bolas de Berlim faziam no Vias…

Salvé!

miguel (sp)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana,
Ao falar do Sócrates, especulo não esteja a falar do Sócrates, mas a descrever todos os líderes partidários.
A fundamentação do que digo a seguir não cabe num comentário aqui, pelo menos com a minha miserável falta de capacidade de síntese, mas tenho uma boa notícia e uma má notícia para lhe dar:
A boa notícia é que este problema tem remédio; a má notícia é que é impossível remediá-lo sem um golpe de estado. E com um golpe de estado muito menos...

PS: (já percebi que não tem a paciência de chinês que é requerida para ir desvendando estes segredos gradualmente, de modo que lhe digo já que) o remédio é a eleição dos deputados à AR em círculos uninominais.

Ana Cristina Leonardo disse...

Anónimo, como escrevi em tempos na pastelaria quando o sócrates se for embora há uma coisa que me consola: como o tipo não sabe línguas terá menos tachos disponíveis
Miguel, salvé para ti tb.
Manuel, vir falar em paciência de chinês nos dias que correm só pode ser para provocar uma pessoa...
-:)
Quanto ao remédio, venha ele.
Quanto ao Sócrates, seria uma metáfora se eu fosse o manuel alegre

Miguel Madeira disse...

"PS: (já percebi que não tem a paciência de chinês que é requerida para ir desvendando estes segredos gradualmente, de modo que lhe digo já que) o remédio é a eleição dos deputados à AR em círculos uninominais."

A França ou os EUA também serão coisas assim tão boas?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Miguel,
A pergunta parece dirigida a mim, mas não a consigo entender?

Anónimo disse...

Olá Ana,

Não subestimes o imenso poder da tachice.

É bastante provável que o dito e os seus sofistas profissionais sejam contractados pelo governo soberano do Zimbabué.

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Anónimo disse...

o Chavez talvez lhes ofereça trabalho.

mas, sabes, não me surpreenderia nadinha que o sábio povo ao qual pertencemos os elegesse de novo.

a sabedoria do povo não me deixa de surpreender.
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