Ainda não estou completamente convencido de que os acontecimentos de Domingo passado (doravante denominado com um tom dorido «aquele nefasto Domingo de 2010») não estejam, também eles, inseridos na tenebrosa teia de manobras levadas a cabo pelos mercados contra a dívida soberana portuguesa.
E contudo, é nesta altura, quando o fantasma de Quique Flores se ergue do túmulo para se sentar no banco do glorioso (porquê, JJ, aquele remendo no lado esquerdo, que já se sabia que não iria resultar e que, aliás, nunca na história do futebol resultou, desde que Bobby Robson colocou Aloísio na esquerda para marcar Stoichkov e o Porto foi degolado em Nou Camp?), que cabe recordar aos mais ansiosos que não faltaram, naquele mesmo sítio e ao longo dos últimos anos, treinadores capazes de cometerem inexplicáveis erros de palmatória. A única coisa que não abundou foram os treinadores capazes de cometerem inexplicáveis erros de palmatória e que fossem campeões em título.
Assim sendo - e porque Villas-Boas não deixou de ser um bluff só por ter um formidável trio de avançados e um dos melhores médios centro do mundo (oferecido de bandeja por uma conhecida agremiação desportiva de Telheiras )- é preciso alguma tranquilidade, que é como quem diz, deixem-nos trabalhar.
Esta equipa é tão boa que se deixa golear apenas para conhecer os seus próprios limites. Que são maiores este ano do que eram a época passada, bien sur.
Talvez (repito talvez) não venhamos a ser campeões europeus este ano, para generalizado espanto de toda a Europa. Mas um dia destes isso vai acontecer.
E olharemos então para trás recordando este momento - em que a equipa foi a Luanda para um amigável (!?) entre dois jogos do campeonato - como aquele outro em que as nossas convicções (ou, vá lá, para os menos seculares, a nossa fé) se viram abaladas, questionadas, mas de modo algum abandonadas.
Bem pesada é esta cruz e interminável esta via dolorosa. Mas ainda viveremos para ver Sidney reconhecido como o melhor defesa central do mundo e Roberto um guardião imbatível. Por isso, cerrai os dentes, denunciais as pérfidas manobras da alta finança internacional e dia 24, há que não esquecê-lo, faremos pagar cara ao patronato esta mão cheia de golos que Carlos Martins em nada merecia.
6 comentários:
Obrigado, grande timoneiro.
Bluff, senhor Noronha?! Pelos vistos ainda é daquelas mentes que acredita na sabedoria mediada pela idade. Porque não dá razão aos factos? Ou acha que uma equipa é feita apenas do valor individual dos seus jogadores? Já devia ter percebido que não, como indicam os vários sucessos do FCP de J. Mourinho. O André conseguiu em pouco tempo estruturar um grande grupo. Aquilo que o senhor Noronha pensa foi o mesmo que o J. Jesus pensou, quando valorizou apenas o talento de Hulk e esqueceu-se do resto da equipa do FCP. Nunca se esqueça (porque sei que o defende): a união faz a força!
peço desculpa ao ricardo noronha, que só nos cumprimentámos por hábito de nos vermos em encontros da unipop - pensamento crítico - mas sempre me custa ver (ber) um tipo de esquerda a defender um clube que, historicamente (ou seja, no passado) e ainda hoje (ou seja historicamente) sempre foi um aliado do fascismo. em termos simples, sempre me fez impressão um gajo de esquerda torcer pelo benfica (neste caso a cor vermelha não quer dizer nada!). o que me faz lembrar sempre a questão que me colocam: se tu nasceste em benfica porque não és do benfica? questão que se poderia virar contra mim pelo argumento acima posto, mas não se vira, não só por pensamento, mas acima de tudo por paixão e mesmo por paixão não há razão por torcer pelo benfica
um abraço
Grande posta Ricardo! Avante p'lo Benfica!
Olha que não Benjamin, olha que não...
http://vedetadabola.blogspot.com/2008/07/uma-mentira-repetida-muitas-vezes-3.html
ok, dou a mão, não sou orgulhoso nem historiador futebolista, pelo que admito o erro metendo-me onde não sou chamado. mas não posso deixar de ver, ao mesmo tempo, enquanto leio as teses do não-fascismo do benfica uma tentativa de virar o dedo para o outro ("fascista? eu? não, aquele é que é!"), mesmo sabendo que muitas revoltas de direita surgiram no norte. o que é que se há-de fazer? gosto de céline e não sou de direita.
um abraço (e não me meto mais com a bola... mas que foram os belos golos foram, então o do falcao de calcanhar).
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