maradona tem dificuldades em conceber a possibilidade de diminuição dos direitos de propriedade individual, a menos que estejamos a falar da proibição dos moradores de bairros históricos construirem marquises nas suas próprias casas, o que, no seu entendimento, poria em causa, suponho, um legado estético-arquitectónico-urbanístico comum a diferentes gerações, legado que ele entende dever ser instituído como bem comum (ele não escreveu isto assim, mas é porque não lê os Ladrões de Bicicletas). O maradona não consegue, então, imaginar como razoável a suspensão dos direitos de propriedade individual se estivermos a falar de algo que não seja relativo ao passado (ele não perecebe bem a distinção entre passado e presente, o que do ponto de vista da Teoria da História é até excelente, mas aqui a ideia é o "passado" funcionar apenas como equivalente simplista de histórico, ok?). Ou seja: o bem comum, para o maradona, é qualquer coisa que nos liga apenas aos mortos.
E, no entanto, o maradona não precisa de ir muito longe para imaginar uma situação de interdição dos direitos de propriedade individual e que não tem que ver com bairros históricos: quando o próprio maradona escreve num jornal com o nome maradona e é por isso pago (ou o jornal é por isso - enfim, também por isso - vendido), nem o maradona nem o jornal pagam o que seja ao legítimo proprietário do nome a que recorrem para efeito de pseudónimo, pois não? Se calhar deviam, se calhar serão um dia processados por tal, mas, so far, so good, certo? Eis, pois, um caso de diminuição dos direitos de propriedade individual (no caso do verdadeiro maradona) em prol de coisas vivas e presentes (o maradona da blogoesfera portuguesa).
Quanto à possibilidade do meu carro servir de habitáculo à cimeira maradona-câncio, conforme sugerido pela própria Câncio, haja paciência. Eu até compreendo a vontade de fazer amor com um gajo chamado maradona, mas isso não justifica que coloquemos em causa o adquirido que é meio mundo ter perdido o hábito idiota de falar em público da vida amorosa da Fernanda Câncio. Agora só nos faltava ter a própria a regressar ao tema. Que tal mudar de assunto? Ou então não meterem o meu carro ao barulho?
Em abstrato, porém, e vendo bem as coisas, a hipótese de fazer render o meu carro não é nada mal pensado. Até porque a cena do sexo no carro tem tudo a ver com o problema da propriedade e o problema da propriedade vai aumentar não tarda nada (e eu só digo isto porque tanto o maradona como a Câncio discutem a questão da propriedade como se no mundo existissem apenas proprietários, o que de facto torna mais simples a questão da relação entre liberdade e propriedade). Mas não escapemos ao tema carro-acasalamento-propriedade e sobretudo não comecemos a falar de assuntos sérios. Vejam que o carro enquanto quarto de casal tem muito que ver com a necessidade de criar alternativas à propriedade do pai que não abre as portas da casa de família ao filho e à namorada (menos ainda à filha e ao namorado) e com a propriedade da casa de família do marido e da marida que não abrem a porta de sua casa aos respectivos amantes. A aura romântica do sexo no carro é, em bom rigor, muito anti-modernizante, pese embora o carácter modernizante do objecto automóvel (o amor românico como dom de si sem limites, contra qualquer funcionalidade e racionalidade, conforme em Weber, citado num belo livro traduzido pelo nosso Serras Pereira, o Revolta e Melancolia). E em tempos de crise é bem possível que o recurso ao motel diminua e a função de acasalamento do carro retome toda a sua actualidade. Acresce que o meu carro já tem dez anos e só me dá despesa. Neste momento está na oficina - esperem uns dias, portanto; e até tenho medo de lá ir buscar o bichano, tal será a factura. De modo que por 75€ à hora, a Câncio e o maradona poderão servir-se à vontade. Isto sim vai seguramente revigorar a economia nacional.
15/11/10
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5 comentários:
Não tens graça nenhuma.
se precisar de rir vai ao circo
eu tinha entendido que o maradona e a Fernanda iam vandalizar o carro. assim mais naquela de: ia gostas de vandalizar paredes com dono? então toma lá disto!
Ó Zé ... e se vires um senhor na rua, a passar de fato e gravata...até era boa ideia, ias lá, de spray na mão e pintavas nas costas do senhor:
"Vias"
Quando viesse a policia dizias: "estou apenas a exercer a minha liberdade de publicitar o meu blog"
ficava tudo a olhar para Tia julgar q eras meio maluco...vai daí tu dizias:
"Então não estão a ver ? "
"Vias de Fato" !
Isso é que era uma verdadeira "exerção" da liberdade de expressão!
( hã?...a piada não teve piada nenhuma!???!? pois se calhar não, mas não dava para ir dar uma pinocada no teu carro...é que só tenho passe, o L1, e liberdades liberdades...mas no que toca a fazer amor, não gosto de comboios! Vá lá...só uma rapidinha!??! )
Emprestar-lhes o teu carro é um desígnio nacionalZé. Pelo que escrevem nota-se bem que lhes falta qualquer coisa na vida.
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