05/11/10
Telegramas da periferia do império
por
Luis Rainha
Mais um pré-aviso de greve, este vindo de onde menos se esperava: Manuel Alegre acha que isso da greve geral não é lá muito com ele: «Não tenho que apoiar ou não apoiar». Pronto: suspendeu o seu direito a ter opiniões. OK. Também eu não tenho que votar nele, é certo.
O sr. Mota foi elevado à categoria de arguido. Mas um homem tão generoso, capaz de albergar tanta alma perdida nas suas empresas, tanto bicharoco da laia de Coelhos e similares, ainda tem de ir a tribunal?
O agora senador americano Rand Paul acha que o equivalente americano do ministério da Educação devia desaparecer, assim como o IRS. Estranhamente, há por cá quem se excite com o protagonismo dos malucos da Tea Party.
Vamos agora fazer uma pausa para orarmos todos em conjunto aos Mercados. Então essa divindade benevolente não aguardava que aprovássemos o Orçamento? Então não estávamos sob a protecção da Sua omnisciente visão? E nem agora o raio dos juros descem? Lá vamos ter de fazer uns quantos sacrifícios humanos, a ver se a coisa melhora...
Fernando Nobre ainda espera coisas boas do OE: porventura uma alínea com verba para pagar a sua sede de campanha.
Em Espanha, fala-se da inclusão de alguns sectores da economia paralela, como a prostituição ou a droga, nos cálculos do PIB. Daqui a dias, vamos ter o quase-engenheiro Sócrates com propostas similares. É que se a despesa não desce – antes pelo contrário – temos de aumentar o PIB. Nem que seja à conta dos carochos e das peripatéticas senhoras das peças de joalharia...
Horta Osório foi convidado para chefiar o maior banco inglês: o Lloyds. Vai ganhar quase 3 milhões de euros por ano. Mas esperem um pouco; o Mexia da Galp não ganha mais do que isso? E ninguém o contrata para o estrangeiro? Isso é quase como se o César Peixoto estivesse a ganhar mais do que o Ronaldo. Senhores das grandes empresas europeias: levem-no, levem-no, por favor...
Anda tudo em pulgas com os 500 milhões que vão esburacar o Orçamento e com os buracos do ano passado que agora apareceram. Mas para quê tanta preocupação? Alguém acha que ao fim do ano as contas vão estar sequer aproximadamente certas? Será tão difícil perceber que estamos a lidar com aldrabões incapazes de equilibrar sequer o orçamento de um restaurante de esquina? E depois, quem iria alimentar a parentela esfomeada?
Hoje em dia, não falta quem ande em roda de orçamentos passados à cata de desperdícios escandalosos. As campanhas dos boys, as jantaradas das girls... dá para perceber que anda todos comeram à farta; mas agora é de mau tom ostentar a correspondente barriguinha.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Enquanto admirador dos ideais de pedagogia libertária, não posso deixar de saudar quem se opõe à existência de um ministério da educação. Na Rússia pós-revolucionária, Kropotkine recusou o cargo de ministro da educação. Penso que é um tema que pode trazer algum debate muito interessante a este blog, até porque tenho a certeza que há quem partilhe da minha posição.
E lembrem-se, os filhos dos ricos já estudam no privado, escola pública não é sinal de igualdade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna
"O agora senador americano Rand Paul acha que o equivalente americano do ministério da Educação devia desaparecer"
Isso não é uma posição tão excêntrica como possa parecer, porque o "Departamento da Educação" dos EUA não é exactamente o equivalente do Ministério da Educação - é mais o equivalente do Comissário Europeu para a Educação: as escolas são controladas essencialmente pelos municípios e pelos Estados, e o "Departamento da Educação" (que só foi criado em 1980) tem relativamente poucas funções (curiosamente, um dos seus maiores aumentos de poder - o No Child Left Behind Act, que criou "padrões de qualidade" federais, que todas as escolas têm que seguir - é bastante contestado tanto pelos sindicatos como pela direita ultra-liberal e/ou ultra-conservadora).
Ou seja, abolir o DE e voltar a dar aos Estados federados total controle sob o sistema educativo seria uma coisa muito menos radical que abolir o ME português.
[Um aparte/generalização - há uma coisa que faz os conservadores dos EUA parecerem, no exterior, mais liberais - no sentido europeu da palavra - do que efectivamente são: é que muitas posições defendidas no contexto da dicotomia Estado federal vs. Estado federados soam, aos ouvidos europeus, como feitas no contexto da dicotomia Estado vs. sector privado]
Enviar um comentário