29/12/10
Quando os pequenos crescem e tudo fica na mesma
por
Zé Neves
“E se das restantes candidaturas pouco há a dizer – como se prova pela sondagem do jornal Expresso do último Sábado que dá menos que 5% a Francisco Lopes, Fernando Nobre e Defensor de Moura…”. Quando os pequenos julgam que crescem, têm a mania de começar a falar de alto para os de baixo. E aqui começamos a duvidar se a sua ascensão traz algo de novo. Ou se antes significa que tal ascensão pouco ou nada altera em relação à política vigente. No espaço do BE passa-se a bom ritmo de um culto da minoria (o velho PSR da “minoria absoluta”, lembram-se?) para a simples aceitação da política enquanto jogo de forças eleitorais. O que me espanta é a aparente unanimidade deste processo no interior do partido. Será sinal de unanimismo ou de simples falta de comparência militante?
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19 comentários:
Na mouche. Quanto às razões dos silêncios, só encontro uma solução porque sempre por ali fui vendo massa crítica. Quando metade dos militantes reais são funcionários, a disciplina é um acto laboral. Acabou-se.
Renato T.
Neste momento parece que é falta de comparência para não criar instabilidade interna.
O "unanimismo" vai terminar a seguir às presidenciais.
Esta do Cavaco ser um "arauto a que ninguém presta atenção" é uma absoluta novidade. Devo ter andado distraído nos últimos 25 anos. E note-se que Cavaco "sempre se foi irritando com as perguntas sobre o lucro de 140% em 2 anos que realizou com a compra e venda de acções da Sociedade Lusa de Negócios", mas essas perguntas foram feitas, precisamente, por candidatos sobre os quais "pouco há a dizer"...
...ai que saudades do PSR...
"O que me espanta é a aparente unanimidade deste processo no interior do partido. Será sinal de unanimismo ou de simples falta de comparência militante?"
Zé,
unanimidade?? Parece que estás muito mal informado. Os rupturas não se calam, no Psr há uma ala descontente e na Udp o mesmo.
Só a politica xxi está como "peixe na água".
Informa-te melhor, mais rigor senhor professor.
...no bloco não há funcionários, são todos dirigentes:) :) :) ... e sentem-se insultados quando os chamam como tal... "unanimismo"??? ...porque os que não são dirigentes também acenam...quem sabe à espera da sua vez...eu não vejo contestação...afinal de que se queixam???...
Belo post, grande camarada Zé Neves. Fez-me pensar noutro que li ontem - do Luís Januário e onde se lê a páginas tantas: "O PS e o PSD são o regime do regabofe. O PC e o BE a caução ao regime. A esquerda-que-existe é a idiota útil da farsa democrática. Mantém em vida vegetativa os famélicos figurantes encarregados de levar cabazadas pelos profissionais do crime organizado- a comparação futebolística é de mau gosto, mas é a que melhor exprime a mascarada" (http://anaturezadomal.blogspot.com/2010/12/tenho-o-privilegio-de-fruir-os-vossos.html).
Vai sendo tempo, mais do que tempo, de, como o Nelson Anjos, tem repetido nas nossas caixas de comentários, fazermos por pensar noutra coisa, pensarmos em fazer outra coisa…
Abraço DEMOCRÁTICO
miguel (sp)
Obrigado Miguel, por ter chamado a atenção para esse post do Luís Januário.
É uma tirada brilhante. Eu penso rigorosamente isso, mas não o saberia dizer, nem com o rigor nem com o sarcasmo que a situação merece.
nelson anjos
O Prof. Z.Neves quer-nos ouvir falar de militância, ele, o mago da bio-politica e da Multitude mais radical...Claro que sabe e sofre com o " leninismo " espartilhado, diabolizado e hiperburocratizado que consome por dentro o BE ! O estado-maior partidário bloquista autonomizou-se e meteu na gaveta a revocabilidade dos dirigentes e cavou mais funda a desigualdade gritante entre os quadros profissionais do partido e militantes.
Bem percorri na Net a primeira grande revista de Bensaid/Corcuff e J-M. Vincent- Contrearguments- li coisas inéditas de Adorno e Holloway,análises sobre o neo-marxismo de Bourdieu e Deleuze, sínteses luminosas de Weber e Elias.
Mas limito-me por agora à ciência e visão do glorioso M. Bakounine: " A política tem por objecto a fundação e a conservação dos Estados; mas quem diz " Estado " diz dominação de um lado e escravatura do outro. As grandes individualidades dominantes são pois absolutamente necessárias para a revolução política; para a Revolução Social, não só são inúteis como nocivas e incompatíveis com a finalidade que esta revolução se propõe, isto é, a emancipação das massas ",(Estatismo e Anarquia,1873). Salut! Niet
Deixei de acompanhar o Blokkum e as suas trajectórias há muito tempo, creio que ainda antes do Bernardo V.S. ter saído.
Mas estou curioso, manufactura, não me diga que era uma dakelas bonitinhas & bem vestidas dos liceus de Queluz e/ou da Amadora que marchavam atrás do Chico e do Bernardo...
Lambert (ou seria Franck ?) forever ???
;-)
Não há unanimidade, Zé.
Ainda há bem poucos meses a Direcção do Bloco pôde confirmar que não há unanimidade. Assobiou para o lado,olho displicentemente, da forma sobranceira e arrogante como sempre olha as minorias, as fracções como lhe chama FL na Comunicação Social, mas soube e confirmou que não há unamidade.
Possivelmente há cansaço e desistência de muitos sim. Unanimidade não.
Pela minha parte sobre esse parágrafo lamentável que citas, nem vou ao tempo do PSR...convido, apenas, os meus camaradas a recuarem 5 anos, à primeira eleição de Cavaco, ali no Fórum Lisboa...e a recordarem o alívio dos 5%...
A humildade revolucionária ficava-nos tão bem...
Zé Neves, falavas em unanimismo e eu respondi-te falando em unanimidade...e claro que uma e outra não são a mesma coisa. Mas o essencial não muda, reitero que não há um e cada vez menos há a outra...mas que isso se vê, essencialmente, nas desistências e não na criação de alternativas. Aí é que a porca torce o raio do rabo...:)
Isabel Faria, emendaste a pena a tempo. O Zé Neves tem toda a razão neste particular. As franjas que se falam por aqui, da FER às alas esquerdas do PSR e da UDP, mitológicas quanto a factos, nem um congresso foram capazes de convocar para expressar as suas posições neste processo. Falarão depois, dizes. Mas quantos, como também falas, não terão caído no "cansaço e na desistência"?
Esperemos também que vão a tempo de como tu, emendar a mão.
"Bom" 2011.
Renato T.
Cara Isabel Faria,
qual humildade revolucionária, qual quê. O que falta é democracia interna e abordagem democrática dos problemas "exteriores". Mais pensamento e menos teoria, menos manobra e mais acção.
Saudações republicanas
msp
Miguel usava o termo humildade revolucionária com um smile em anexo, que julguei desnecessário...:))
Renato, tu sabes que eu sei que tens razão!!
Se sei...o processo de convocação de uma convenção extraordinária foi tão clarificador que até "dói"...
Só uma clarificação: quando falava em cansaço e em desistência, não me referia necessariamente, apenas, aos outros.
Claro, Isabel. Espero que tenha entendido o meu comentário mais como um reforço amigável do que como uma crítica…
Quanto aos smiles, estou também de acordo: parecem-me ser muitas vezes uma forma de promoção do analfabetismo, uma preguiça do esforço de expressão verbal, que curto-circuitam a faculdade comum de pensar e dizer o que temos a dizer. Mas talvez, aqui, você ache que eu exagero…
msp
Miguel, pensava que tinha deixado um comentário...mas devo ter-me esquecido de carregar nalgum lado.
Em relação aos smiles não sou mesmo tão radical. Pode ser um sintoma de preguiça mas,às vezes, dão um jeitão...(agora um vinha aqui mesmo a calhar!).
No resto eu concordo. Falta ao Bloco democracia interna, discussão, militância, respeito pelos seus princípios e pela sua história, trabalho lá fora - fora das sedes e fora do Parlamento...proporcionalmente ao que lhe sobra de arrogância intelectual, de sectarismo, de institucionalização, de parlamentarismo, de aparelho, de gente com casa para pagar e filhos para criar, como escrevia o Renato, de taticismo puro e duro...
Mas seu eu continuar você vai acabar por me perguntar o que faço lá dentro...e eu também! (e aqui vinha a calhar um daqueles smiles do avesso!!)...
Cara Isabel,
tudo bem - não serão os smiles o pomo da discórdia entre nós.
No BE e/u fora dele, aproveito para lhe desejar um ano de 2011 melhor do que este. Bem sei que é improvável nas actuais condições, mas foi para transformar as condições que se fez a política.
Vamos a isso?
msp
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