12/02/11

Há quem dispare em todas as direcções, como diz o Zé Neves, e consiga o prodígio, digo eu, de acertar sempre e só em todos os seus pés (2)

Depois de avuncularmente advertido — por Nuno Ramos de Almeida e, ainda que com uma sensível ponta de indulgência, também por António Figueira para o despropósito do seu post referido no que eu próprio aqui deixei esta manhã, C. Vidal acrescentou-lhe uma adenda na qual, entre outras pérolas, deparamos com a seguinte conclusão:

Mais importante do que tudo: já que o Villaverde Cabral é vaca sagrada no “Vias de Facto”, convém lembrar que – o tipo do costume, MSP – achincalhou o autor de “Estudos Sobre a Ontologia de Hegel: Ser, Verdade, Contradição”, que agora está na minha mesa.
O tipo do “Vias” do costume não tem nível nem legitimidade, depois de ter feito com Barata-Moura aquilo que fez, e não tem legitimidade nem educação para vir aqui vociferar, seja sobre o que for.
Na próxima apago-o – literalmente. Como Estaline me ensinou [pessoalmente]. TENHO DITO.»)


Sendo assim, vejo-me obrigado a retomar aqui o essencial do comentário que deixei na caixa do post adendado por CV nos termos que acabo de transcrever. Não sem antes lhe fazer notar que Estaline não apagava os comentários, mas suprimia os seus autores (e, de preferência, antecipando-se à comissão do comentário delituoso). Mas adiante.

Sempre na adenda referida, CV escreve também: Este post é uma diatribe, não é proibido gozar-se na blogosfera [ela existe também para o puro prazer inconsequente], diatribe que, contudo, tem elementos a sério [sérios].
O anti-sovietismo de Villaverde Cabral coincide no “ismo”, apenas no “ismo”, com o anti-cientismo de Cerejeira. De qualquer forma, brincar é brincar, mas não deixa de haver, por completo, matéria séria na brincadeira. Com Tronti ou sem Tronti, não creio lógico usar a expressão “milagre” para falar em revoluções, sobretudo em revoluções fundadoras como a de 1917.


O que, sem perder de vista a conclusão pela qual comecei, me sugeriu as seguintes observações (o texto do comentário que Estaline aconselhou CV a apagar):

1. Se [o post] foi um gracejo infeliz, muito bem - todos os temos, e eu, mais do que alguns outros, mais contidos.
2. Dou um exemplo: admito que terei cedido a uma velha embirração de há mais de quarenta anos, datando das lides pró-associativas na Faculdade de Letras, que J. B.M. [José Barata Moura] me suscita. Mantenho que, não sendo qualificado para avaliar da sua erudição, nada li dele - até aos anos oitenta e tal/noventa e poucos - que me leve a considerá-lo um pensador muito interessante. Mas teria sido mais avisado e correcto da minha parte ficar-me pela brincadeira inicial - uma resposta à Ana Cristina Leonardo, que dissera que o Popper não tinha culpa do J.C. Espada, a que respondi dizendo, entre outras coisas e de passagem, que o Marx também não era responsável pelo J.B.M. - em vez de tentar, depois de espicaçado pela parte adversa da assembleia, racionalizar a minha embirração. Seria, de resto, creio, o conselho que o MVC me teria dado se o tivesse consultado sobre o assunto. OK?
3. Dito isto, não me parece que, na minha "racionalização" (no sentido de Freud, não de Weber) da embirração de há mais de quarenta anos, a irracionalidade tenha chegado a pontos comparáveis à de quem justifica a equiparação de MGC e MVC na base do "ismo" comum ao "anti-cientismo" (e porque não ao catolicismo?) de um e ao "anti-sovietismo" do outro.
4. Acresce que, se há "anti-soveitismo" em MVC, não é no sentido de oposição ao poder dos conselhos, mas apenas no sentido corrente e aproximativo em que o termo denota uma posição de denúncia do regime que, após a Guerra Civil, etc., prevaleceu na URSS. Deve, portanto, ficar claro que a proximidade e os pontos de afinidade entre as duas figuras são da mesma ordem dos que podemos sustentar, sempre em nome do "ismo" comum, existirem entre o ocultismo e o racionalismo, ou entre o ultramontanismo e o laicismo.


Post-scriptum: CV publicou, entretanto, o meu comentário na caixa do seu post. Depois de ter declarado que: "Na próxima apago-o — literalmente", ei-lo agora que, não só publica o comentário, como respondendo-lhe assevera que, escreva eu o que escrever, nunca me censurará. Assim, nem os tiros nos pés é possível contar. Acho eu. Mas, se há quem o entenda, é ir lê-lo (o link está lá em cima, basta clicar).

4 comentários:

O Eleitorado Morre Mas Não Se Rende disse...

É Necessário Exterminá-los?

Se sim precisam de treino

Ao menos o Manuel Alegre vai servir para alguma coisa

Como disparar em todas as direcções e consiga o prodígio, de acertar sempre e só na cabeça

Em 10 Simples Lições

O Políticu e as Armas

O Eleitorado Morre Mas Não Se Rende disse...

Este comentário não é uma diatribe

Mas vós sois uma tribo do diabo

O Eleitorado Morre Mas Não Se Rende disse...

E as siglas dão um ar muito...
Sei lá NKVD KGB CIA CCCP MGM
burocrata?

O Eleitorado Morre Mas Não Se Rende disse...

tem mais a ver com o seu ódio ao livre-exame e à igualdade democrática do que com o

Isto já por si foi um tiro no pé
Ou um auto-exame

E a parte da Igualdade Democrática
é assi a modos que um chavão, nyet?