Vivemos numa sociedade onde a política se tornou profissional e estes profissionais já não mais são que gestores da crise do capitalismo. Vivemos numa sociedade do trabalho, onde para sermos considerados cidadãos de plano direito somos sujeitos a processos de selecção, que nos dão a escolher entre o recibo-verde, falso ou não, ou o desemprego, e no qual as mulheres são sempre as mais penalizadas. Vivemos numa sociedade onde, do nosso corpo à nossa vida, tudo se tornou mercadoria, descartável a qualquer momento.
Vivemos numa sociedade onde o estado social administrador da crise dissolve, dia após dia, as suas últimas garantias . Vivemos numa sociedade onde a nossa liberdade e autonomia apenas é reconhecida enquanto for rentável, estável e calculável. Vivemos numa sociedade onde a administração autoritária da crise se revela na promessa de mais vigilância, afirmando de forma paternalista ser para “nossa” segurança. Vivemos numa sociedade onde a legitimação dessa repressão é feita pelos discursos mediáticos cúmplices ou reféns da lógica do poder.
Não queremos esta economia, não queremos este estado, não queremos esta política. Não queremos esta merda.
Não queremos pagar por aquilo que não decidimos: das quantias maiores da dívida pública, as dívidas pequenas à segurança social. Não queremos viver em cidades onde o espaço desenha fronteiras, cria guetos e nos divide segundo a conta bancária. Não queremos que nos impinjam como responsabilização moral individual a salvação do planeta numa versão mais verde do capitalismo, enquanto recursos naturais continuam a ser arrasados.
Por isso, o único sim que podemos dizer reside exactamente na forma de dizer NÃO: em conjunto, horizontalmente, sem intermediários, representantes ou vanguardas.
Pensamos estas jornadas anti-capitalistas enquanto meio de criar uma discussão e uma prática que não se cinja a comités centrais, tácticas parlamentares, políticos profissionais, ortodoxias ideológicas e sectarismos fossilizados. Propomos um momento de encontro, de reflexão e de acção, no qual possamos pensar como nos vamos organizar para reclamar as nossas vidas e os nossos espaços.
Uma outra crise é possível.
20 comentários:
resumindo gostámos do almoço
mas por amor de Marx
alguém nos pague a conta
queriam outra economia
mas deixaram andar esta à vontade
e comeram das suas sobras
E que tal esta outra versão alternativa? Comemos pouco e mal e estamos sempre a pagar a conta do almoço de outros.Fazemos o que podemos para parar esta economia e estamos fartos de comer apenas as suas sobras. Quando os mercados estão preocupados nós estamos animados e vice-versa.
ricardo, há gralhas nas datas, não? presume-se que seja tudo em março.
ana catarina pinto
Já vi listas para o Pai Natal mais bem concebidas.
Vocês sabem o que NÃO querem.
Mas não sabem o que querem.
isto é um manifesto anarquista...
foi essa a intenção?
Obrigado Ana, é tudo em Março e o cartaz já foi corrigido.
Caro Pai Natal, você acabou de perceber tudo, o que aliás é natural, uma vez que o texto afirma precisamente isso: " o único sim que podemos dizer reside exactamente na forma de dizer NÃO: em conjunto, horizontalmente, sem intermediários, representantes ou vanguarda".
Faça o favor de nos dizer o que é que nós deveríamos querer. Não vale responder "um país mais justo" ou "um mundo melhor". Bem vê que não fizemos frases dessas saírem pela porta para que agora regressem pela janela.
Ricardo,
garanto-lhe que não sucumbirei à tentação demagógica de dizer apenas não...
pior ainda seria assumir a "responsabilidade" de Vos dizer o que deveriam querer...
"Tentação demagógica"?
Socorro camaradas, estou a discutir com o Augusto Santos Silva na caixa de comentários do Vias de Facto!
tive q ir ao google para ficar a saber quem é tal criatura, veja lá...
além do não, pouco mais, não é ricardo.
demagogo de merda. o Augusto Santos Silva não te diria uma coisa destas, pois não.
eu estava a tentar ter uma discussão séria consigo.
Talvez, caro Santos Silva, eu possa perceber o que poderia ser esse tal "pouco mais", se você tiver a bondade de mo indicar. Assim como estou não chego lá.
"Já vi listas para o Pai Natal mais bem concebidas."
A discussão está a ser extremamente séria.
o manifesto que aqui apresenta não merece muito mais. não sou eu que estou a dizer NÃO ao sistema, meu caro. eu não pretendo derrubar o sistema. logo, você é que tem a responsabilidade de se explicar.
você quer que EU elabore o SEU prog político???
como disse, já vi listas para o Pai Natal mais bem elaboradas.
patético.
Eu, Ricardo, COMO POUCO E MAL...
pessoas como eu, estão fartas de pessoas como os SRS. FARTOS. estamos revoltados. vocês não sabem o que fazem. são uns liricos, uns patetinhas alegres, uns charlatoeszecos de meia tigela.
percebeste?
Mas se estás farto faz qualquer coisa. Quem te impede?
As jornadas anticapitalistas? Alguém que escreve no Vias de Facto?
Revolta-te amigo. De preferência não contra mim, que vivo do meu trabalho e não tenho qualquer responsabilidade naquilo que tu comes ou não. Organiza-te.
eu nao gosto que me roubem metade do salário ao fim do mês. Como me posso revoltar? Deixo de trabalhar?
" o único sim que podemos dizer reside exactamente na forma de dizer NÃO: em conjunto, horizontalmente, sem intermediários, representantes ou vanguarda".
Não é um programa político mas já tem aqui muito que se lhe diga no que diz respeito ao que querem estes anti-capitalistas. Qual é afinal a dúvida do anónimo?
Anónimo: "eu nao gosto que me roubem metade do salário ao fim do mês. Como me posso revoltar? Deixo de trabalhar?"
Deixar de trabalhar?! Nem penses. Tens deveres para com o coitado que faz o sacrifício de te pagar o salário. Deixa mas é de comer! Comendo menos sobra-te mais graveto. :-)
trabalho por conta própria anónimo miguel
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