Alvos moderados e metas fascistas

Tomar por alvo a figura pública e que se tornou emblemática de um moderado, de um reformador declaradamente inimigo da subversão da ordem estabelecida, é, sem dúvida, um acto político. Mas, por si só, a cor política do alvo visado nada, ou muito pouco, nos diz da natureza política do acto ou do agente que o visa. Também aqui, é o tempo e o modo da acção aquilo que politicamente conta. Assim, como mostra boa parte da história do passado século XX, é muito frequente que o acto ou o agente fascista tome por alvo, não o adversário declarado da ordem estabelecida,  mas uma figura emblemática de moderado, defensor das reformas como alternativa que permitirá evitar uma transformação radical dos aparelhos políticos e económicos de governo da oligarquia. O que torna fascista o autor de semelhantes ofensivas são os métodos de luta utilizados e o tipo de governo ou de exercício do poder que estipulam e antecipam. Os podem ser moderados, mas as metas são fascistas.